A quadrilha utilizava o Brasil como rota para levar clandestinamente os imigrantes à fronteira dos EUA com o México
Na quinta-feira (31), agentes da Polícia Federal (PF) iniciaram 2 operações de combate a traficantes de seres humanos (coiotes). Eles são acusados de enviarem, através do Aeroporto Internacional de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, imigrantes naturais do sudeste da Ásia para os EUA.
As operações tiveram a cooperação de 20 países sul e centro-americanos, cujo objetivo é intensificar a vigilância na rota do tráfico. Até o momento, 8 pessoas estão temporariamente detidas e foram emitidos 18 mandados de busca e prisão na capital paulista, Embu das Artes (SP), Taboão da Serra (SP) e Garibaldi (RS). Além disso, foram bloqueadas 42 contas bancárias. Entre os presos estão 5 indivíduos naturais de Bangladesh e 3 do Paquistão. A polícia Federal destacou como o chefe da gangue o bengalês Saifullah Al Mamun. Ele imigrou para o Brasil em 2013 e é proprietário de uma agência de turismo e um mercado, ambos localizados no bairro do Brás, na capital paulista. Conforme Milton Fornazari Jr., delegado da PF, as autoridades dos EUA o consideram o maior traficante de pessoas do mundo a levar imigrantes clandestinos aos EUA.
A investigação revelou que os coiotes cobravam cerca de R$ 47 mil (US$ 12 mil) para levar os imigrantes clandestinamente aos EUA. A maior parte dos clientes é originária de 5 países: Afeganistão, Bangladesh, Índia, Nepal e Paquistão. Agentes da PF identificaram 500 vítimas nas 2 operações, sendo que 84 delas foram presas nos EUA devido ao fato de não portarem documentos, inclusive menores de idade desacompanhados.
No caminho aos EUA, que durava até 3 meses, os imigrantes corriam vários riscos, entre afogamentos e sequestros. As autoridades brasileiras relataram que 8 bengaleses foram sequestrados, em junho de 2019, por narcotraficantes na fronteira do México com os EUA, oriundos do Brasil. Ainda conforme as autoridades, durante o tempo em que estiveram em São Paulo, os estrangeiros teriam sofrido maus-tratos, incluindo agressões físicas, tortura psicológica, assim como cárcere privado.
Nas batidas de quinta-feira (31), os agentes federais encontraram cerca de 7 imigrantes escondidos numa residência no Brás, os quais foram encaminhados à delegacia para prestarem depoimento. Em decorrência das apreensões, as batidas foram batizadas de “Estação Brás”, bairro paulistano onde a quadrilha atua, e “Tigre de Bengala”, devido à nacionalidade de alguns imigrantes. As investigações revelaram que, entre 2014 e 2019, a quadrilha movimentou US$ 10 milhões, os quais passaram por diversos esquemas de lavagem de dinheiro