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Pesquisadores de Valadares participam de painel no Seminário do Novo Acordo do Rio Doce em Brasília

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FOTO: Corpo de Bombeiros Minas Gerais

Evento discute desafios e oportunidades para o desenvolvimento das regiões atingidas pelo desastre de Mariana

GOVERNADOR VALADARES – O 1º Seminário Novo Acordo do Rio Doce, que acontece nesta segunda-feira (30), em Brasília, reúne pesquisadores, representantes do governo federal, movimentos sociais e instituições da sociedade civil para discutir os rumos da reparação e do desenvolvimento da bacia do Rio Doce e do litoral capixaba. Entre os destaques da programação está o painel “Desafios e oportunidades para o Médio Rio Doce”, que ocorre das 15h às 16h, com a participação de dois pesquisadores vinculados a instituições federais em Governador Valadares.

A professora Daniela Martins Cunha, do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG-GV), e o professor Vinicius de Azevedo Couto Firme, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV), foram convidados a integrar o painel ao lado de Elisa Maria Costa (Anater/MDA) e Maria de Fátima de Medeiros Vieira (MST). A mediação será feita por Maria Angélica Breda Fontão, da Secretaria de Articulação e Monitoramento da Casa Civil da Presidência da República.

Contribuições acadêmicas para pensar o desenvolvimento regional

A professora Daniela Cunha destacou que sua participação tem como objetivo contribuir para a construção de uma visão crítica e fundamentada sobre os caminhos possíveis para o Médio Rio Doce. “O seminário terá, dentre outros, o momento de apresentação dos desafios e oportunidades para a região frente às possibilidades do Novo Acordo do Rio Doce. Dessa forma, o motivo da minha participação será justamente contribuir para a apresentação desses desafios e oportunidades já vivenciados e estudados ao longo de anos”, afirmou.

Daniela Martins Cunha, doutora em Geografia e professora no IFMG-GV – FOTO: Arquvio Pessoal

Segundo ela, ao reunir diferentes atores para debater as alternativas de uso dos recursos do acordo, o evento oferece uma oportunidade para alinhar crescimento econômico e desenvolvimento social com a conservação e recuperação ambiental. “Almeja-se contribuir no sentido de trazer reflexões sobre como promover crescimento econômico e desenvolvimento social no Médio Rio Doce conciliando com o processo de conservação e recuperação ambiental da região”, explicou.

Expectativas em relação ao Novo Acordo

Daniela avalia que o seminário pode representar um ponto de virada para que as propostas de reparação se tornem mais próximas das realidades locais. “A expectativa é que seja um momento rico de apresentação e análise sobre os diversos cenários da bacia pós-crime ambiental de Mariana e, principalmente, que estas apresentações possam contribuir para o uso dos recursos do Novo Acordo em projetos que trarão uma reparação o mais justa possível aos atingidos”, declarou.

A importância da pluralidade acadêmica

Para a professora do IFMG-GV, a presença de pesquisadores em eventos como esse fortalece a qualidade das decisões públicas. “O evento e a participação de profissionais de diversas áreas é de suma importância, uma vez que serão diversos olhares sobre a mesma situação-problema, o que enriquece o debate e pode servir de elemento norteador aos responsáveis pela elaboração dos editais de seleção dos projetos que tratarão da distribuição dos recursos”, concluiu.

Análise econômica e dados regionais em destaque

O professor Vinicius de Azevedo, da UFJF-GV, destacou que sua participação está relacionada à trajetória acadêmica dedicada à análise socioeconômica regional. Segundo ele, sua presença no seminário se justifica pela experiência acumulada em pesquisas sobre os impactos do rompimento da barragem. “Recentemente, eu e minha orientanda, Isabella Carraro Azevedo Batista, tivemos um artigo publicado em uma prestigiada revista científica, sobre os impactos econômicos provenientes do rompimento da barragem de Mariana. Deste modo, creio que a comissão organizadora do evento entenda que eu teria condições de expor os danos econômicos decorrentes deste desastre e apontar as principais vulnerabilidades da região, detectadas pelo GAEL-GV”, explicou.

Propostas com base técnica e dados oficiais

O professor destaca a importância de basear as decisões de alocação dos recursos do Novo Acordo em estudos técnicos. “A princípio, vejo com otimismo a iniciativa do governo federal de buscar informações de diferentes entidades. Creio que a mensuração dos prejuízos causados por este desastre precise levar em conta tanto o depoimento dos principais atingidos quanto os estudos técnicos realizados”, argumentou.

Vinicíus de Azevedo Couto Firme, doutor em Economia e professor na UFJF-GV – FOTO: Reprodução/ UFJF-GV

Os dados analisados pelo GAEL-GV (Grupo de Análise Econômica Local de Governador Valadares) mostram que o Médio Rio Doce apresenta fragilidades específicas. “De modo geral, os dados que coletamos sugerem que a região do Alto Rio Doce (que inclui a cidade de Mariana) teria sido a mais prejudicada economicamente. Já o Médio Rio Doce (que contém Valadares) seria a mais vulnerável em termos socioeconômicos”, completou.

A força da ciência na reparação

Para Vinicius Azevedo, a ciência pode ser um instrumento fundamental para garantir o encaminhamento das melhores decisões sobre a reparação. “Os pesquisadores, se bem-intencionados, tendem a apresentar resultados técnicos, com base em dados oficiais e metodologias validadas. Portanto, possuem baixa capacidade de enviesar suas decisões para favorecer grupos específicos. Penso que este seria o caso tanto da nossa pesquisa, cujo prejuízo estimado após quatro anos do desastre foi de R$ 297,9 bilhões, quanto dos levantamentos efetuados pelo GAEL-GV, que se baseiam apenas em estatísticas oficiais e acessíveis ao público”, destacou.

Diálogo plural para construção de políticas públicas

A programação do seminário contempla ainda outros três painéis, com foco nas regiões do Alto Rio Doce, Baixo Rio Doce e Litoral Capixaba, além de um espaço para debate e contribuições do público. A expectativa é que o evento promova um diálogo plural e técnico, contribuindo para a definição dos critérios de uso dos recursos do Novo Acordo com base nas especificidades e vulnerabilidades de cada território.

Entenda o Novo Acordo do Rio Doce

Anunciado oficialmente pelo Governo Federal no dia 12 de junho de 2025, o Novo Acordo do Rio Doce marca uma nova fase no processo de reparação dos danos causados pelo rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana (MG), ocorrido em 2015. O acordo, assinado no fim de 2024 após anos de impasses, foi classificado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como o máximo que se pôde alcançar dentro dos limites da negociação, superando propostas anteriores que ofereciam menos direitos aos atingidos e encerravam obrigações de reparação das empresas responsáveis.

Entre os avanços já anunciados está o pagamento do Programa de Transferência de Renda (PTR), que prevê o repasse de R$ 95 mil a cada um dos 22 mil pescadores e 16 mil agricultores familiares de Minas Gerais e do Espírito Santo. Além disso, foi firmado o protocolo de intenções para a construção do Hospital Universitário de Mariana, voltado ao atendimento de média e alta complexidade da população local. A unidade, com investimento previsto de R$ 220 milhões, será vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) e terá estrutura para vigilância sanitária, epidemiológica e ambiental, além de monitoramento da exposição a substâncias tóxicas.

Ao todo, o Novo Acordo assegura R$ 100 bilhões para o Poder Público. Desse montante, R$ 49 bilhões serão geridos pela União por meio do Fundo Rio Doce, sob coordenação da Casa Civil. Os primeiros repasses da mineradora Samarco ao fundo já foram realizados: R$ 5,7 bilhões, divididos em duas parcelas, uma em dezembro de 2024 e outra em junho de 2025.

Comments 1

  1. Dido Arezzi says:

    A sociedade, com o aval da universidade e poder público agindo em prol das vítimas de pessoas que ainda, até hoje, não tiveram o olhar e atenção do governo federal para ganhar um esboço forte, e assim, dar a esse povo uma solução definitiva sobre esta tragédia que abalou não só Minas Gerais, mais sim, o Brasil inteiro, onde há este sistema de barragens, merecem uma atenção com boa vontade, “independente de política”, com bons olhos, para dar um desfeixo pra este pesadelo de algumas famílias, ter um final com menos sofrimento.

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