Mineiros priorizam arroz e feijão nas compras; carnes e hortifrúti perdem espaço, aponta levantamento da entidade
GOVERNADOR VALADARES – Um estudo realizado pela Fecomércio MG, entre os dias 21 de julho e 7 de agosto, revela uma mudança significativa no perfil de consumo alimentar dos mineiros. De acordo com a Pesquisa Perfil de Compras Alimentícias, realizada pelo Núcleo de Estudos Econômicos e de Inteligência & Pesquisa da entidade, os consumidores têm concentrado suas compras em produtos da alimentação básica, como arroz e feijão, em detrimento de itens como carnes e hortifrúti.
Segundo o levantamento, 86,2% dos empresários dos setores de hipermercados, supermercados, minimercados, mercearias e armazéns relataram que os clientes estão priorizando alimentos básicos. Em contraste, apenas 12,7% citaram carne vermelha entre os itens mais procurados, seguidos por 11,9% para outras carnes e 10,4% para frutas, legumes e verduras. Para 70,2% dos empresários, os consumidores têm se concentrado em itens específicos, refletindo maior seletividade no momento da compra.
A economista da Fecomércio MG, Gabriela Martins, explica que o comportamento reflete o impacto direto da inflação sobre o consumo das famílias. “As famílias mineiras têm ajustado suas cestas de consumo priorizando alimentos como o arroz e o feijão. Essa substituição demonstra a sensibilidade do consumidor ao aumento de preços de itens específicos da cesta básica, o que pode afetar até mesmo a qualidade nutricional do que é consumido”, afirma. Martins também destaca o predomínio das compras à vista como indicativo de cautela e tentativa de evitar o endividamento.
Consumo
Em relação ao volume de consumo em comparação a 2024, 51% dos empresários relataram estabilidade. Para 22,3%, o consumo aumentou, enquanto 25,1% apontaram queda. Entre os que perceberam retração, a crise econômica e os preços elevados foram os principais motivos. Já os que observaram crescimento atribuíram a alta à melhora da economia, aumento da confiança do consumidor e estratégias de venda mais eficazes.
Outro dado relevante é que, para 78,3% dos empresários, não há busca significativa por substitutos de produtos tradicionais, como compostos lácteos ou misturas condensadas. Apenas 11% confirmaram substituições nesse sentido.
Preços e expectativas
A maior parte dos empresários acredita que os preços dos produtos de higiene pessoal (60,99%) e de limpeza doméstica (61,78%) devem se manter estáveis nos próximos meses. No entanto, 56,28% preveem aumento nos preços da cesta básica e 59,42% esperam alta para outros itens alimentícios fora da cesta. Com relação às bebidas alcoólicas e não alcoólicas, o setor está dividido: 44% esperam aumento, enquanto quase 50% acreditam em estabilidade.
Estratégias comerciais
Para atrair o consumidor, 52,9% das empresas têm investido em promoções e liquidações, enquanto 40,6% apostam em publicidade e 32,7% em atendimento diferenciado. O levantamento também mostra que o padrão de compras dos consumidores tem sido predominantemente semanal (49,2%), seguido por compras diárias (26,7%) e mensais (23%).
Na forma de pagamento, o cartão de débito lidera as preferências, citado por 31,2% dos empresários, seguido por Pix (25,7%), cartão de crédito à vista (16%) e dinheiro (15,4%). Embora o cartão de crédito parcelado apareça como a última opção (10,7%), 43,9% das transações com ele são feitas em duas parcelas, indicando uma preocupação dos consumidores em evitar dívidas mais longas.
Comércio online ainda é desafio para o setor
Apesar do avanço do comércio eletrônico em diversos segmentos, 52,4% das empresas alimentícias ainda não atuam com vendas online e não têm intenção de aderir. Outras 38,7% já operam digitalmente, e 8,6% pretendem entrar nesse mercado. Entre as empresas que vendem online, 45,9% relataram estabilidade nas vendas, 39,9% observaram crescimento e 12,2% registraram queda.
