TEÓFILO OTONI – A Polícia Civil (PC) apresentou nesta quinta-feira (26) o balanço das investigações sobre o acidente na BR-116, ocorrido na madrugada do último sábado (21). Pelo menos 39 passageiros que estavam no ônibus, que seguia de São Paulo para a Bahia, não sobreviveram ao acidente. A investigação segue a fim de apurar as causas do acidente, mas a PC divulgou apenas dados parciais. O inquérito ainda só será finalizado após outros procedimentos da investigação serem realizados.
Na manhã desta quinta (26), uma equipe de peritos criminais especializados em acidentes de trânsito esteve no local do acidente, utilizando um scanner 3D para coletar imagens e criar modelos de simulação. A Polícia Civil detalhou as providências tomadas após o acidente, incluindo a perícia do local, a realização de exames periciais e a coleta de vestígios cruciais para a investigação. Todos os corpos das vítimas foram removidos, alguns para necropsia em Teófilo Otoni e outros, mais carbonizados, para o Instituto Médico Legal (IML) em Belo Horizonte.
“Estamos concentrados agora em determinar qual foi exatamente a dinâmica e as circunstâncias desse grave e trágico acidente para que, assim, possamos apresentar ao Ministério Público meios de apontar com a responsabilização sobre o que ocorreu,” ressaltou o chefe do 15º Departamento de Polícia Civil em Teófilo Otoni, delegado Amaury Tomaz Tenório de Albuquerque.
O delegado acrescentou que o trabalho inclui uma série de oitivas de testemunhas e outros levantamentos que ajudarão a determinar quem estava envolvido no acidente.
Identificação das vítimas
O perito criminal Felipe Dapieve, da Superintendência de Polícia Técnico-Científica da PCMG, esclareceu que dos 16 corpos identificados até o momento, 14 já foram retirados pelos familiares no IML. Desses, 13 foram identificados por papiloscopia (exame das digitais) e três por odontologia legal (comparação de exames da arcada dentária). As vítimas foram removidas, em sua maioria, carbonizadas, o que dificultou o reconhecimento pelos mesmos meios. Material genético dos familiares das vítimas remanescentes foi coletado para confronto de DNA pela equipe especializada do Instituto de Criminalística em Belo Horizonte.
“Não é necessário que os parentes dessas vítimas compareçam a Minas Gerais para ceder o material biológico, a coleta pode ser feita na Polícia Civil dos estados de origem e, por meio do Banco Nacional de Perfis Genéticos, procederemos ao confronto,” destacou o perito.
Dapieve também informou que a liberação dos corpos no IML de Belo Horizonte não depende do comparecimento presencial do parente, bastando uma procuração para que sejam removidos.
Investigações em curso
Durante a coletiva de imprensa, o delegado Amaury Tomaz reafirmou o compromisso da Polícia Civil com o esclarecimento de todos os fatos que envolvem o acidente, enfatizando que nenhuma linha investigativa foi descartada.
“Ouvimos os motoristas envolvidos nos fatos, aguardamos a análise pericial dos vestígios encontrados, incluindo imagens recolhidas de câmeras de gravação da rodovia – que serão melhoradas no Instituto de Criminalística –, exames toxicológicos e recolhimento de tacógrafo. Além disso, estamos refazendo todo o trajeto dos veículos envolvidos,” revelou o delegado.
A Polícia Civil também disponibilizou um telefone para oferecer acolhimento e instruções aos familiares sobre o processo de identificação: (31) 3379-5059.
Sobre o acidente
Na madrugada do dia do acidente, o Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 4h para controlar as chamas e remover os corpos, que estavam carbonizados e presos às ferragens. Um guincho foi utilizado para destombar o ônibus e acessar a parte inferior do veículo. A operação contou com o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e da Polícia Militar (PM). O trânsito no local ficou interditado por mais de dez horas.