Pandemia traz nova realidade ao exercício da função de professor

O Dia dos Professores é comemorado nesta quinta-feira. Em 2020, profissionais da educação tiveram que se adequar a um novo método de trabalho, sem aulas presenciais

Com a pandemia da covid-19, professores vivenciaram, obrigatoriamente, uma mudança no exercício de sua função. Uma nova metodologia para se adequar à realidade sem aulas presenciais teve que ser colocada em prática, já que o ensino remoto é a forma de trabalho do momento, e deve se consolidar no decorrer dos anos. Essa situação trouxe novos desafios para os profissionais da educação, que se desdobram para se adequar e continuam com seus trabalhos, mesmo em casa.

Oficializada pelo Decreto Federal 52.682, de 14 de outubro de 1963, o Dia do Professor é comemorado sempre em 15 de outubro, além de ser considerado feriado escolar em todo o Brasil. Mesmo com todas as lutas e desafios da profissão, professores de Governador Valadares confiam no poder transformador do estudo. O Diário do Rio Doce ouviu três professores, que falaram sobre a privilégio de educar em meio à adaptação de uma nova realidade, que é o trabalho remoto com aulas on-line.

Maíza Elaine Rodrigues Souza, 29 anos, é professora de geografia há seis anos e atualmente leciona nos ensinos fundamental e médio do Colégio Tiradentes da Polícia Militar de Governador Valadares. Ela destaca que o ensino na sala de aula se leva para a vida toda. “Ser professor vai além de ensinar conteúdos específicos, como geografia, história, matemática, dentre outros, mas ensinar para a vida. Nós somos formadores de opinião e podemos, a partir da nossa prática pedagógica de ensino, contribuir para que os alunos acreditem no poder de transformação de sua vida através do estudo.”

Maíza é professora dos ensinos fundamental e médio do Colégio Tiradentes da Polícia Militar de Governador Valadares (Foto: Arquivo pessoal Maíza Elaine)

Na adequação das aulas que tiveram que acontecer por causa da pandemia, Maíza explica que também tem sido um período de aprendizagem para ela. “Eu vejo que a pandemia trouxe novos aprendizados para os professores, pois tivemos que aprender em tempo recorde a lidar com novas tecnologias, que até então não faziam parte da nossa prática pedagógica. Durante esse tempo de ensino remoto aprendemos a gravar e editar videoaulas, a conhecer programas que permitem o envio e recebimento de atividades, além de fazer webaula ao vivo com os alunos. É interessante que, antes, o celular não podia ser usado em sala de aula e hoje é a forma mais rápida de o aluno assistir às aulas.”

Professora dos cursos de Administração e Enfermagem da Unipac, Jane Rabelo, 55 anos, tem muita experiência na profissão. Ela já lecionou para o ensino médio entre 1991 e 2019, enquanto no ensino superior começou a lecionar na UNEC-Caratinga em 2005 e foi até 2007, quando chegou para trabalhar na Unipac e continua até o momento. Ela define o papel do professor como uma missão que considera gratificante.

“Ensinar é, pra mim, muito mais do que uma profissão, representa a melhor maneira de aprender, de crescer junto, de contribuir para que os sonhos de alguém se realizem. O professor tem a honra de fazer parte de tantos e diferentes sonhos e ainda aprende com as trocas. É uma missão fascinante e gratificante. Não falo isso de forma romântica, mas de forma apaixonada. Sou bióloga, mas escolhi, após sete anos trabalhando como bióloga e também professora, caminhar com a docência. Eu amo o que faço, tenho orgulho de ser professora e sou realizada com minha profissão.”

Jane Rabelo iniciou os trabalhos como professora em 1991 (Foto: Arquivo pessoal Jane Rabelo)

Sobre a nova realidade de ensino remoto, neste período de pandemia, Jane revela que foi um trabalho desafiador, mas tem rendido frutos. “Nesta pandemia, as duas primeiras semanas foram muito difíceis, tudo que é novo assusta um pouco. Mas o professor é movido a desafios, e é isso que torna a profissão maravilhosa. Todos nós, professores e alunos, tivemos nossas dificuldades no início, mas unimos forças, encaramos de frente. Não tinha como postergar, a educação é dinâmica. Hoje posso dizer com tranquilidade que eu e meus alunos estamos mais fortes e mais próximos. A cada obstáculo superado, nos agigantamos para enfrentar outros, e assim caminhamos”.

Joenia Ribeiro da Conceição, 34 anos, há seis anos é professora de geografia. Em 2020 chegou à Escola Estadual Bom Pastor para lecionar nos ensinos fundamental e médio. Ela enaltece a importância da profissão e do trabalho que exerce. “A missão de educar, para mim, é de extrema importância, pois lidamos com vidas. Nosso trabalho vai muito além de só transferir conhecimentos. E, apesar das dificuldades da profissão, não me vejo em outra. Quem educa marca o corpo do outro. Na minha missão como professora, busco sempre refletir sobre nosso pensar, agir e como posso ajudar os meus alunos a buscarem os melhores caminhos”.

Joenia Ribeiro é professora na Escola Estadual Bom Pastor (Foto: Arquivo pessoal Joenia Ribeiro)

De acordo com Joenia, este momento de pandemia trouxe uma ressignificação para o trabalho de docente, já que o distanciamento social não permite aulas presenciais. “Em virtude da pandemia, foram necessárias várias adaptações no processo de ensino-aprendizagem, além da necessidade de aprender a utilizar recursos e metodologias para atender aos alunos da melhor maneira possível. Está sendo um momento difícil, por conta do distanciamento social com os alunos, porque nada supera o contato, a interação professor- aluno de forma presencial. Contudo, tem sido um momento de aprendizado, pois foi necessário ressignificar o nosso trabalho docente.”

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