A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), deflagrou, na quarta-feira (5), a Operação Canto da Sereia. A PC cumpriu o mandado de prisão preventiva de um homem, de 59 anos, que se intitulava pai de santo. Investigado por estupro e estupro de vulnerável, ele foi preso em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Além da prisão, a polícia ainda cumpriu dois mandados de busca e apreensão no bairro Jaqueline, região de Venda Nova, na capital.
As investigações da PCMG tiveram início no último dia 23 de março. Três vítimas compareceram à Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), em Belo Horizonte, e fizeram a denúncia. Pelo que foi apurado, o homem, valendo-se da sua condição hierárquica na religião, alegava às vítimas que era necessário um “ritual de pureza”. Esse ritual iria popiciar curas. Dessa forma, ele aproveitava para praticar abusos sexuais de adolescentes e mulheres.
Viés de sedução
Nesse contexto, a operação recebeu o nome Canto da Sereia. De acordo com o delegado Eduardo Vieira, titular da Divisão Especializada de Orientação e Proteção à Criança e ao Adolescente (Dopcad), na mitologia, o canto da sereia tem um viés de sedução. “No caso em questão, o investigado se valia da religião para ludibriar diversas mulheres, entre elas adolescentes. E com isso aproveitou algumas oportunidades para realizar os abusos sexuais com relação a essas mulheres”, afirma.
Entre as vítimas, estão duas adolescentes, uma delas já estuprada pelo suspeito desde os 8 anos, atualmente com 15. A outra vítima, de 18 anos, assim como as outras, também frequentava o espaço no qual o homem atuava como líder religioso. Segundo elas, como explica a delegada Larissa Mayehofer, “nos atos religiosos, as pessoas que procuravam o pai de santo para alguma cura ou tratamento de alguma enfermidade física, aconselhamento espiritual ou problema emocional eram molestadas por ele durante as sessões de tratamento”.
A delegada também chama a atenção para o fato de que o homem conseguia colocar para as vítimas um temor: “Que ele se tratava de um pai de santo poderoso, que nunca seria preso. Que o que fazia era uma coisa normal, um tratamento”, frisa. As investigações apontam ainda que as vítimas procuravam por ele acreditando que teriam cura e eram abusadas sexualmente.
O homem já foi indiciado pelos crimes de estupro e violação sexual mediante fraude, fato ocorrido em 2019, com investigações concluídas em 2022 pela equipe da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) na capital.
A PCMG já tem informações de outras vítimas e reforça a necessidade de denúncia.