THAÍSA OLIVEIRA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), afirmou nesta segunda-feira (29) que as investigações envolvendo a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) indicam que havia uma organização criminosa a partir do Palácio do Planalto de Jair Bolsonaro (PL).
Questionado sobre a suspeita de interferência de integrantes da atual gestão da Abin nas investigações da Polícia Federal, Padilha defendeu “a apuração sobre o envolvimento individual em todas as instituições”.
“Os processos de apuração não se restringem à Abin, envolvem todos os órgãos, sejam civis ou militares. E nós não descansaremos enquanto todos aqueles envolvidos com os crimes preparatórios do dia 8 de janeiro e o próprio 8 de janeiro sejam devidamente apurados, punidos”, disse Padilha.
“Existia uma organização criminosa a partir do Palácio do Planalto do governo anterior, que envolveu várias instituições. O clima e o ódio semeados durante o governo anterior contaminaram várias instituições civis e militares. A apuração sobre o envolvimento individual em todas as instituições tem que continuar.”
A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão nesta segunda para avançar na investigação sobre a atuação da chamada “Abin paralela” no governo Bolsonaro. Um dos alvos é o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do ex-presidente.
Segundo a PF, as medidas cumpridas têm como objetivo “avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin”.
De acordo com as investigações, o CIN (Centro de Inteligência Nacional) –estrutura criada durante a gestão Bolsonaro e apelidada de Abin paralela– usava ilegalmente uma ferramenta israelense para monitorar a geolocalização de adversários do ex-presidente.
Entre alvos estariam os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, uma procuradora responsável pela investigação da morte de Marielle Franco e políticos como o atual ministro da Educação Camilo Santana (PT), então governador do Ceará.
Na semana passada, foram expedidos mandados de busca e apreensão contra o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), diretor da Abin na época em que o uso ilegal do software teria ocorrido, e sete policiais federais que trabalharam na agência.
No pedido que fez ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes para a realização de operação desta quinta-feira (25), a PF afirma que “a direção atual da Abin realizou ações que interferiram no bom andamento da investigação”.