De acordo com o departamento de Climatologia do IFMG-GV, para a próxima sexta-feira a tendência é que as temperaturas mínimas fiquem próximas de 13ºC
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) divulgou um alerta sobre a onda de frio que se aproxima de Minas Gerais. O aviso mostra que o frio intenso no estado deve durar cinco dias, começando nesta quarta-feira (28/7), ao meio-dia, podendo se estender até a meia-noite de domingo (01/8). A região Sul do estado deve registrar as menores quedas na temperatura, inclusive com risco de geadas fortes nas áreas serranas. Em Governador Valadares, a onda de frio deve passar com menos intensidade do que no Sul de Minas. A tendência é que as temperaturas mínimas sejam de até 13ºC e as temperaturas máximas cheguem a 20ºC.
Meteorologistas de diferentes órgãos afirmam que a forte massa de ar polar deve causar uma queda histórica nas temperaturas de todo o Brasil. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) vem atualizando informações sobre a nova massa de ar polar que causará “frio intenso” nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e no sul da Região Norte, entre 28 de julho e 1º de agosto.
De acordo com Daniela Martins Cunha, professora da área de Geografia/Climatologia do Campus IFMG-GV, os últimos dias do mês de julho serão marcados pela atuação de uma extensa MP (massa de ar polar), que poderá atingir até a região amazônica.
“As ondas de frio são comuns e podem ocorrer tanto no outono como no inverno. Resultam do avanço da massa de ar polar sobre a região continental e, como consequência, ocasiona quedas nas temperaturas mínimas e máximas, fazendo com que as mesmas atinjam valores abaixo das médias históricas esperadas. Os últimos dias do mês de julho serão marcados pela atuação de uma extensa MP, a qual poderá atingir até a região amazônica e lá ocasionar o fenômeno da friagem (queda brusca das temperaturas). A previsão é de que essa onda de frio seja a mais intensa do ano e que em algumas localidades possa atingir valores recordes de frio. Seus maiores efeitos: temperaturas mínimas e sensação térmica negativas, ocorrência de geadas e até mesmo neve em algumas regiões de maior altitude, serão sentidos especialmente na região Sul do país”, explicou Daniela.
Segundo Daniela, em Minas Gerais, os maiores efeitos da onda de frio serão sentidos na Serra da Mantiqueira/Sul de Minas. Nessa região, as altitudes mais elevadas contribuirão para o aumento da intensidade do frio, sendo possível ocorrer o registro de temperaturas negativas e a formação de geada em algumas localidades.
Temperatura mínima em Valadares poderá bater recorde na média histórica
Historicamente, Governador Valadares não tem registros de baixas temperaturas. Fora a estação do inverno, a temperatura máxima parece estar sempre na casa dos 30°C. Mas, neste ano, a tendência é que o inverno no início do mês de agosto fique mais rigoroso do que o normal. “Há previsão de que entre os dias 28 e 29 de julho a frente fria que antecede a massa de ar polar passe pela região Sudeste de Minas e, consequentemente, Governador Valadares. E a queda de temperatura será mais sentida no dia 30 de julho, quando o centro da MP ficará sobre e/ou mais próximo da região”, reforçou Daniele.
De acordo com Daniele, Valadares poderá superar a média histórica de baixas temperaturas com a chegada da frente fria a Minas Gerais.
“Para a próxima sexta-feira a tendência é de que as temperaturas mínimas fiquem em torno de 13ºC e as temperaturas máximas em torno de 20ºC, sendo que as médias históricas registradas são de 15ºC e 28ºC, respectivamente. Observa-se assim que especialmente as temperaturas máximas tenderão a sofrer maior queda – em torno de 8ºC em relação à média.”
Daniela Martins Cunha, professora de Climatologia do IFMG-GV
Na região do Vale do Rio Doce, a tendência é que mais cidades registrem frio mais intenso do que em Governador Valadares. Em Guanhães, por exemplo, a temperatura mínima para os próximos dias pode chegar a 12ºC. Segundo Daniela, isso ocorre devido à influência da altitude. “Cidades vizinhas de maior altitude sentirão mais os efeitos da onda de frio, pois já tendem a ser mais frias, por causa da influência da altitude, e também em altitudes mais elevadas os ventos são mais fortes, o que contribui para o aumento da sensação térmica, ou seja, da sensação de frio”, explicou Daniela.
Cuidados com doenças respiratórias devem ser redobrados
A temporada de clima seco com baixa umidade do ar, associada ao frio, favorece o surgimento de doenças respiratórias. Pessoas com bronquite crônica, rinite, asma são as mais afetadas. A médica infectologista Patrícia Ferraz informa que as doenças mais comuns são, além da Influenza (gripe), o vírus sindical respiratório, a parainfluenza e o adenovírus.
A estação também pode elevar o número de casos suspeitos de coronavírus, por apresentar sintomas semelhantes aos da gripe. “Estamos diante de uma situação que jamais aconteceu antes: a dúvida da população se é covid-19 ou influenza. A covid-19 quase que monopolizou as infecções virais; com isso, aumenta a testagem. Para se ter uma ideia, temos mais de 200 tipos de vírus que causam resfriados, que são semelhantes ao vírus Sars-Cov-2”, ressaltou Emerson Monteiro, médico otorrinolaringologista.
Monteiro reforça algumas orientações importantes para esta época do ano. “O tempo seco facilita a entrada de vírus e de bactérias, propiciando as doenças. Por isso, é bom evitar ficar em local fechado, tomar vacinas contra gripe, aumentar a ingestão de líquidos, associada a uma boa alimentação”, orienta.