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Novo álbum dos Mutantes tem pegada setentista e pouco remete à banda original

por THALES DE MENEZES (FOLHAPRESS)

Sabe o que é ajudar a redefinir a música popular em seu país e, 50 anos depois, as pessoas ainda esperarem que você faça mais revoluções sonoras? Sérgio Dias sabe. Não é fácil ser um Mutante. Mas ele segue em frente, agora com um novo e muito bom disco de inéditas, “ZZYZX”.

Para muitos, Mutantes foi aquele trio com Sérgio, o irmão Arnaldo Baptista e Rita Lee. Eles produziram cinco discos, entre 1968 e 1972, que combinou o turbilhão rock que girava pelo mundo a uma visão peculiar da música brasileira.

O sucesso pop estrondoso de Rita depois da banda e a aura cult absorvida por Arnaldo, acabaram relegando Sérgio à impressão de ter colaborado menos na fórmula dos Mutantes. Nada disso.

Além de ter contribuído muito na sonoridade moderna e única dos Mutantes, elogiada até hoje pelas principais publicações musicais do planeta, foi ele que tratou de manter acesa a chama da banda. Em 1974, com outros integrantes, gravou “Tudo Foi Feito pelo Sol”, álbum subestimado na época por sua aproximação com o rock progressivo.

Sérgio seguiu carreira solo e deu a cara para bater em 2006, quando reuniu de novo os Mutantes para show em Londres, levando ao palco Arnaldo e, “heresia das heresias”, Zélia Duncan no lugar de Rita. E o resultado foi ótimo.

Agora, o guitarrista lança mais um álbum sob o nome Mutantes. E ninguém tem mais direito de usar a referência do que ele, ainda que o trabalho apenas em poucos momentos remeta à banda original.

Na verdade, “ZZYZX”, com a maioria das músicas com letra em inglês, tem uma leve pegada setentista.

Beyond”, que abre o disco, poderia frequentar as paradas de cinco décadas atrás. O mesmo pode ser dito de “The Last Silver Bird” ou “We Love You”.

Não é apenas soar como algo dos anos 1970, a aproximação é com uma época em que as canções de rock tinham abertura para fortes passagens instrumentais, demonstrações pertinentes de virtuosismo. E Sérgio Dias é mesmo uma virtuose. Basta conferir em “Mutant’s Lonely Night” ou “Window Mirrors”, esta que é puro Beatles fase “Álbum Branco”, mas passando longe de cópia.

São poucas faixas com letras em português. “Tempo e Espaço” carrega grande apelo pop. Em “Por que Não”, Sérgio tem seu momento de revolta. No refrão: “Se tivesse uma bomba atômica/ Meu Deus/ Eu jogava em Brasília sem pensar”.

A formação 2020 dos Mutantes tem também Esméria Bulgari (vocais e percussão), Vinícius Junqueira (baixo), Claudio Tchernev (bateria), Henrique Peters (teclados) e Camilo Macedo (guitarra e vocal). Gente tarimbada, para acompanhar as ideias do líder.

É engraçado ver a turma nas fotos de divulgação vestindo roupas de astronauta. Sérgio tem fixação nessas vestimentas, colecionando algumas (de verdade, aquelas da Nasa).

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