GOVERNADOR VALADARES – É feio de ver. A aparência é acabada, como se vivesse pressionado por todos os lados. No final parece ser um saco aguentar toda essa virilidade. Pode até ser escroto, vulgar, mas é preciso ser claro nessas horas. Sem meias palavras, sem dubiedade. Aquilo que muitas vezes passa o dia todo escondido pelo homem precisa ser colocado para fora sem pudor. Isso, mesmo que a visão não seja das melhores.
A frágil masculinidade dos homens é sim um tabu e uma resistência, que se estende ao longo do tempo. O medo de se expor, muitas das vezes, é o que leva os homens a fugirem dos consultórios; a deixar a saúde de lado e só tomar alguma decisão do assunto quando a situação se agrava. Portanto é contra essa mentalidade que o Novembro Azul, ano após anos, busca conscientizar os homens sobre a importância de se consultar regularmente. De modo geral, a campanha tem como foco o combate ao câncer de próstata, mas a relevância do assunto quando envolve a saúde do homem também extrapola a temática da cor azul.
Número de mortes é alarmante
No Brasil, um homem morre a cada 38 minutos por causa da doença, segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Um dos principais riscos do câncer de próstata é não ser diagnosticado de forma precoce. Isso porque a doença se espalha para outras partes do corpo, e quando chega nesse estágio não é mais curável. Sendo assim, o paciente terá uma série de complicações na saúde, podendo morrer por causa da doença.
Nas fases iniciais o câncer não apresenta sintomas evidentes, e sim quando a doença já está em um estágio mais avançado. “Os sintomas podem ser sangramento para urinar, obstrução urinária e dores ósseas, quando a doença já se espalhou pelo corpo. Então a importância de se fazer o diagnóstico precoce, fazer os exames preventivos é justamente por não apresentar sintomas iniciais”, explica Ramatis Castro Souza, médico urologista e membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia e da Sociedade Europeia de Urologia.
Hábitos que devem ser evitados
Além disso, segundo o médico, alguns hábitos podem aumentar a predisposição para a doença. Entre eles: tabagismo, obesidade, excesso de consumo de gordura animal. Se somam ao fator de risco, a idade, homens de raça negra e o histórico familiar. “O principal de todos é a idade. É um câncer do envelhecimento. Quanto mais idade, maior o risco de se desenvolver. Aproximadamente um em cada 6 homens vão desenvolver o câncer de próstata ao longo da vida”, destacou o médico.
A consulta é recomendável para homens com casos de câncer de próstata na família a partir de 45 anos. Quando não há esse diagnóstico na família, a orientação é que o acompanhamento aconteça a partir dos 50 anos.
Ramatis Castro ainda destaca que a taxa de cura, quando o diagnóstico acontece de forma precoce, pode chegar a até 90%. A constatação da doença nos estágios iniciais é a chave para a cura do paciente. Quanto mais cedo for diagnosticado o câncer, maior as chances de cura e menor as sequelas do tratamento.
Outros exames
Atualmente, além do exame de toque retal, também há outras formas de avaliação como, por exemplo, o exame de sangue, ultrassonografia, e, em alguns casos, através de ressonância magnética. Esse tipo de consulta periódica é fundamental para acompanhar a saúde do homem não apenas para avaliar a próstata, mas também a parte sexual e hormonal.
O tratamento do câncer de próstata é feito por meio de procedimento cirúrgico com a retirada da próstata e radioterapia. O avanço em pesquisas na área oncológica está proporcionando o desenvolvimento de técnicas menos invasivas durante o tratamento.
“A grande evolução hoje é o tratamento cirúrgico. Porque, além da cirurgia convencional, a gente tem a cirurgia laparoscópica e também a cirurgia robótica. Essa última é a mais avançada, conseguindo, inclusive, preservar a função sexual e urinária em grande parte dos pacientes”, explicou o urologista.
