por GUSTAVO URIBE
da FOLHAPRESS
O vice-presidente Hamilton Mourão disse à reportagem nesta sexta-feira (24) que o pedido de demissão do ministro da Justiça, Sergio Moro, é uma perda para o governo e ressaltou que ele vinha fazendo um bom trabalho na pasta.
“O Moro é um cara muito bom e excepcional. Eu acho que ele vinha fazendo um bom trabalho. Mas relação é relação, né”, disse. “Não é bom, mas vida que segue”, acrescentou.
Em rápida entrevista, o general da reserva ressaltou que o ex-juiz da Operação Lava Jato é “um nome “importante” e “respeitado”. “Sempre se perde [com a saída]”, afirmou.
“Sempre se perde [com a saída]”, afirmou. “​Não sei qual era o grau de estresse que estava havendo. Nos últimos tempos, eu tinha trabalhado com o ministro no Conselho da Amazônia. E normal, sem problemas”, disse.
Até o último momento, a cúpula militar tentou construir um acordo entre Bolsonaro e Moro para evitar a saída do ministro.
O presidente, no entanto, resistiu à ofensiva e, apesar de ter sido procurado por Moro na noite de quinta-feira (23), não quis conversar com o ministro.
Na manhã​ desta sexta-feira, tanto o ministro da Casa Civil, general Braga Netto, como o da Economia, Paulo Guedes, ainda fizeram um último esforço, mas Bolsonaro estava, segundo relatos, irredutível.
Para integrantes do grupo fardado, ao não tentar evitar a demissão de Moro, o presidente criou uma crise “desnecessária” e “sem precedentes” em seu governo.
​A avaliação é de que, ao ter ig​norado os conselhos da cúpula fardada, o presidente voltou a priorizar o núcleo ideológ​​​ico, colocando em risco até mesmo o apoio de parte de seu eleitorado.
Bolsonaro anunciou que fará um pronunciamento na tarde desta sexta-feira para comentar a saída de Moro.
Para o lug​​​ar do ministro, os nomes mais cotados são o do chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, e o do secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres.
Caso Jorge seja o escolhido, o presidente avalia escalar o ex-deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF) para comandar a Secretaria-Geral.
Com isso, o governo ganharia um político no Palácio do Planalto para auxiliar na articulação com o Congresso. Hoje, há apenas militares nas quatro pastas que ficam no prédio da Presidência.