Celebrando a força e a coragem, o Dia Internacional da Mulher reafirma a importância de todas as mulheres para a sociedade. Muitos direitos foram conquistados, porém ainda há um caminho longo a ser percorrido. No entanto este ano a data em que a força feminina é exaltada também se tornou a marca de um ano desde que o surto de Covid-19 se espalhou pelo Brasil.
Estudos realizados pela Organização Gênero e Número, em parceria com a SOF Sempreviva Organização Feminista, apontaram que metade das mulheres passou a cuidar de alguém durante o período de isolamento social, seja de familiares, amigos ou vizinhos.
Para as mulheres da área da saúde, o cuidado que antes era um dever da profissão virou uma missão ainda maior, cuja fragilidade do momento atípico se transformou em firmeza e determinação para enfrentar os desafios diários.
Sendo mãe e enfermeira, Alexsandra Aparecida relata como a divisão entre a profissão e a vida pessoal se tornou um trabalho difícil por conta do cuidado com a família e a falta de informações sobre o vírus.
“Uma tarefa árdua de ambos os lados. No profissional, temos que enfrentar o problema independente das dificuldades encontradas no serviço público. No pessoal enfrentei desde o começo o preconceito, muitas pessoas achando que nós, profissionais da saúde, poderíamos estar disseminando o vírus. Em casa com os filhos, me isolei e separei meus objetos de uso pessoal, principalmente pratos, copos e talheres”, diz.
Ela também conta que o medo e o vulnerável estado emocional se tornaram inimigos em meio ao trabalho na pandemia. “Primeiro o medo, pois não tínhamos muitas informações acerca da doença; e ter que me isolar dentro da minha casa, porque a cada paciente positivo que tive contato, era mais uma sensação de impotência e desespero emocional”, finalizou.
Uma chegada desconhecida e indesejada…
Desde a sua chegada, o coronavírus vem fazendo com que o trabalho de todas as mulheres que estão na linha de combate se supere a cada dia, modificando a intensa rotina de trabalho.
Profissional da área há 25 anos, a enfermeira Sandra Santos trabalha em um dos centros primários de combate ao coronavírus e destaca os momentos em que pôde notar o sofrimento de familiares e pacientes. “A partir do momento em que o meu setor de trabalho se tornou o centro primário de Covid-19, o lado pessoal ficou mais fragilizado não somente em relação ao lazer, mas também ao trabalho. A partir do momento em que nós tivemos que dividir o nosso espaço com os pacientes, se tornou muito difícil conviver com o medo. Eu graças a Deus ainda não fui infectada, na minha família só uma pessoa foi, mas penso muito naqueles familiares que têm alguém internado e não pode visitar. Eu vejo o sofrimento das pessoas que estão chegando ali, não podem ver a família e ficam tempos internados”.
Dividida entre casa e trabalho, ela frisa a importância da gratidão e empatia: “A gente vive a cada dia e todos os dias agradecendo a Deus por estar acordada e forte, mas sem esquecer aqueles que estão sofrendo nos hospitais, dos familiares dessas pessoas”, finaliza.