O brasileiro Miguel Rosa, natural de Mantenópolis, no Espírito Santo, foi encontrado passando mal pelos seus colegas de apartamento, na cidade de Whintrop (Massachusetts), agonizando e espumando pela boca, caído ao chão de um quarto onde ele dormia.
De acordo com Rafaela, que é natural da mesma cidade e morava no mesmo local, ela saiu para trabalhar por volta das 6h, mas acabou voltando por não ter como desempenhar o serviço, e o amigo estava dormindo, respirando normalmente.
Ela voltou com uma amiga , e por terem sido dispensadas do trabalho resolveram caminhar na praia. “Eu sugeri a ela que fosse até minha casa para trocar de roupas, pois ela ainda estava com a do trabalho”, disse ressaltando que, quando chegou, era para a amiga subir. “Mas algo falou comigo para ir até o quarto e checar como o Miguel estava, pois ele havia voltado recentemente de uma internação e tínhamos preocupação com o uso excessivo de remédios”, acrescentou.
Na noite anterior ela teria escondido um dos vidros de remédio e perguntou onde estavam os outros. Mas Miguel respondeu que não sabia. Ele tinha sido liberado do hospital e os amigos afirmam que isso foi errado, porque ainda estava mal. “Ele saiu do hospital com caixas de remédio. Não teve nem laudo de sua internação”, afirmam. Depois da morte, todo o medicamento foi entregue para a polícia.
Rafaela foi até o quarto e, quando abriu a porta, ouviu gemidos. Ela olhou do outro lado da cama e viu Miguel caído, agonizando e babando. Desesperada, a jovem foi até o quarto de outro brasileiro e pediu ajuda. Os dois tentaram reanimá-lo enquanto aguardavam a chegada da equipe médica. Mas não tiveram sucesso. A ambulância chegou e levou o rapaz para um hospital local, onde ele foi declarado morto pouco tempo depois.
Ainda não se sabe o que teria causado a morte, mas, de acordo com Ramon Alvez, também de Mantenópolis, Miguel teria sido internado dias antes. “Ele sofria de depressão e bipolaridade. Eu estava muito preocupado, porque, além dos medicamentos, meu amigo fazia uso de uma droga, que não vou citar o nome, mas quem era próximo a ele sabe”, disse em uma entrevista para o programa De Frente com a Verdade, do Globe News USA.
De acordo com Ramon, dias antes da morte ele se encontrou com Miguel e percebeu que ele não estava bem. “Quando cheguei à casa, ele sorria e brincava comigo, mas depois de entrar no carro começou a chorar”, disse. “Eu tentei ajudar, tentei controlar a frequência com que ele usava as drogas. Ele era como um irmão”, acrescentou.
Miguel era filho de Maria do Socorro e todos que o conheciam gostavam dele, pelo enorme coração e bondade que tinha. A família está bastante abalada e ainda precisa lidar com os trâmites de funeral. Por isso, os amigos se uniram e abriram uma conta no site GoFundMe, com o objetivo de arrecadar a quantia de US$ 8.000. Em menos de quatro dias o valor foi alcançado.
“Foi um garoto muito gentil, inteligente, curioso, hábil, aventureiro, que botava fé nos outros, via no outro o que quase ninguém via e se sensibilizava. Se sensibilizava muito. Só quem conheceu de perto sabe o quão gritante é o contraste entre a aparência forte e o coração de criança”, escreveu Talita Calderon, organizadora da campanha. “Pedimos respeito pelo luto, pois, como sabemos, ele era diagnosticado como bipolar. Tinha sua fase animada e a depressiva. Ambas o levavam a extremos. De um desses extremos, nosso bebê não resistiu e foi para um lugar melhor”, concluiu.
