Natural de Governador Valadares, a mineira Maria Ribeiro, 38 anos, estava grávida e sua gestação, apesar de ser de dois meses e meio, ocorria tranquilamente e cheia de planos. Mas tudo mudou na manhã do domingo de Páscoa, dia 12 de abril, quando ela começou a sangrar e acabou abortando.
Em conversa com a redação do Brazilian Times, ela, que reside em Newark (New Jersey), disse que começou a sangrar e isso permaneceu por três dias. Além do sangramento, Maria teve febre alta que, mesmo com remédios, não baixava. “O meu médico mandou que eu fosse ao hospital local e ao chegar lá, informei que tinha abortado e lá descobri que tinha outro dentro do meu útero. Mas eles falaram que não sobreviveria”, contou.
Como a febre estava alta, com fortes dores no corpo e muita convulsão, os enfermeiros resolveram fazer teste de Covid-19. “Para minha surpresa, deu positivo”, afirmou.
Após descobrir o resultado, os sintomas começaram a piorar e Maria vomitava sangue e os pulmões estavam muito inflamados. Ela ficou dois dias no hospital, recebendo oxigênio. Mas a equipe médica decidiu não intubar devido ao fato dela ter vômitos constantes de sangue. “Até me deitaram sobre uma barra de gelo para a febre passar e nada”, continuou.
Apesar de haver pessoas intubadas onde ela estava, a preocupação com ela era maior e o tratamento diferente devido à hemorragia e os vômitos de sangue.
Após passar por isso, Maria entrou em contato com um médico em New York, o brasileiro Maurício G. de Mello. Ela iniciou um tratamento com ele e usou vários tipos de remédios para o pulmão, coagulantes, antibióticos, nebulização e bombinha. “Mas depois de quatro dias sofri mais um aborto e perdi o outro bebê”, disse.
Já se passaram 16 dias e Maria ainda está com o vírus. Para piorar, o seu esposo, Diego Ribeiro, também contraiu a doença. “Eu fiz outro teste e estou aguardando o resultado”, disse ela. “É muito difícil e já não vejo meus filhos, Anna, Athos e Matteus, há 15 dias”, continuou.
Maria disse que não há como explicar os sintomas da Covid-19 aliada à hemorragia e tudo que ela passou. “Eu vivia por milagre de Deus e no hospital o médico só pedia desculpas, pois não podia fazer nada. Meu corpo não reagia. Fiquei nove dias lutando pela vida”, segue.
Após receber alta, Maria retornou ao hospital quatro vezes e mesmo tomando a medicação, os sintomas não melhoravam e nem a febre baixava. “É algo surreal para um ser humano passar. Você nunca acha se vai sobreviver. Mas creio que foi Deus e as orações que estão me protegendo”, afirma. “Devido a hemorragia, os médicos disseram ao meu esposo para não ter esperança de que eu ficaria viva. Mas consegui”, acrescenta.
Ao finalizar a entrevista, Maria afirma que os médicos lhe disseram que o vírus causou o aborto e os sintomas foram muito fortes. “Peço para as pessoas respeitarem as normas de segurança e evitar sair de casa, pois só quem teve esta doença sabe o quanto ela ameaça a vida”.
Ela está em casa e assim como o marido estão em isolamento, sem poder ter contato com os filhos, que já fizeram os testes e aguardam o resultado. (Com informações do Brazilian Times).