A prefeitura de Manaus e o governo do Amazonas suspenderam, temporariamente, a vacinação dos profissionais de saúde da capital contra a Covid-19. A decisão foi anunciada na noite desta quarta-feira (20), dois dias após o início da campanha de imunização na cidade.
A medida só não afeta os profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), os únicos da categoria que continuarão sendo vacinados nesta quinta-feira (21), conforme previamente programado.
Em nota, a prefeitura diz que a medida atende recomendação de órgãos de controle locais, que cobram do governo estadual a apresentação de um “plano reorganizado de distribuição das doses [da vacina] nas unidades da rede estadual, com os critérios de definição de prioridades, baseados na exposição ao risco, comorbidades e faixa etária”.
Já o governo estadual garantiu que os trabalhos em Manaus serão interrompidos apenas hoje para que a campanha de vacinação seja “reformulada”. Segundo o governo, o objetivo é ajustar as ações locais ao número de doses da vacina que o Ministério da Saúde repassou ao estado, que as dividiu entre os municípios amazonenses, o que foi criticado pelo prefeito de Manaus, David Almeida.
De acordo com a prefeitura de Manaus, o ministério entregou pouco mais de 282 mil doses do imunizante aos cuidados da secretaria estadual de Saúde. Deste total, o governo estadual repassou 40.072 doses à Secretaria de Saúde de Manaus, que seriam suficientes para imunizar, com duas doses da vacina, apenas 34% dos mais de 56 mil profissionais de saúde da capital. Para estar protegida do novo coronavírus, a pessoa precisa tomar duas doses da vacina, em um espaço de poucas semanas.
Na terça-feira (19), David Almeida disse que esperava receber um volume maior de imunizantes, já que Manaus concentra mais da metade da população e o maior número de unidades de saúde do estado. “Não entendemos a divisão de apenas 40 mil doses para a cidade e esperamos que, nas próximas divisões, Manaus seja melhor contemplada”, disse o prefeito, ao revelar mudanças no cronograma inicial da Secretaria Municipal de Saúde.
“Íamos a 43 pontos de saúde fazer a vacinação [dos profissionais do setor]. Com a diminuição do número de vacinas, vamos reprogramar, nas próximas horas, para irmos até as unidades de saúde e, já nesta tarde, vacinar majoritariamente aqueles que estão diretamente envolvidos no enfrentamento da covid-19, aqueles que estão na linha de frente”, chegou a anunciar Almeida.
Novos critérios
Ontem (20), o governo estadual informou que novos critérios para definir os grupos prioritários para receber as primeiras doses do imunizante seriam divulgados ainda nesta quinta-feira pelo Comitê de Resposta Rápida de Enfrentamento da Covid-19, grupo formado por representantes dos governos federal, estadual e municipal. Feito isso, os gestores de cada unidade de saúde da capital deverão enviar a lista nominal dos profissionais, indicando o setor em que cada um deles trabalha. De acordo com a prefeitura, o governo estadual tem até as 13h de hoje para divulgar sua proposta de reordenamento da campanha de imunização.
Até ontem, representantes das secretarias de Saúde do estado e do município concordavam em dar prioridade aos profissionais mais expostos ao novo coronavírus, portanto, correm maiores riscos de contaminação, como os que trabalham em unidades de referência, de média e alta complexidade e que tenham contato direto com pacientes com covid-19. Também devem ser levados em conta fatores como comorbidade e idade.
Segundo a prefeitura de Manaus, em dois dias, 1.140 profissionais de saúde que atuam na linha de frente, no atendimento de casos suspeitos e confirmados da covid-19, receberam a primeira dose da CoronaVac. (Alex Rodrigues/Agência Brasil)