Maio, mês das noivas: setor de casamentos em Valadares ainda multiplica prejuízos

Desde março de 2020, logo no início da pandemia do novo coronavírus, empresários do setor de casamentos lutam para manter seus negócios. Em Governador Valadares, o Decreto Municipal não permite a realização de eventos. Salões de beleza, floriculturas, buffets e salões de festas continuam sofrendo prejuízos com as restrições.

Apesar da flexibilização no comércio, em Governador Valadares ainda continua proibida a realização de eventos de qualquer tipo, independentemente do ambiente, bem como o funcionamento de salões de festas, danceterias, boates ou quaisquer outros estabelecimentos similares. O cenário é praticamente o mesmo do ano passado, quando também não era permitido organizar eventos.

A cerimonialista Vília Veloso conta que teve que se adaptar com as restrições da pandemia

Empresários do ramo pedem a revisão do decreto, principalmente agora, neste mês de maio, considerado o mês mais procurado para a realização de casamentos. Embora sejam permitidas as celebrações religiosas nas igrejas e templos, as festas de casamento estão sendo adiadas ou até mesmo canceladas. “Como sempre, somos os últimos a ser lembrados. Bares, escolas e restaurantes já estão funcionando, mas parece que se pega covid em casamento e evento social. Nada contra os locais abertos, até porque a economia precisa girar, mas vejo que a gente está sendo esquecida novamente”, reclamou a promoter Vília Veloso.

Segundo Veloso, só neste ano foram adiados 16 casamentos, sendo que nove deles estão indo para o terceiro prolongamento. “Ano passado os casais alimentavam a esperança de que a pandemia iria passar rápido. Quem adiou para este ano se arrependeu, e quem vai adiar fica na dúvida ainda se está fazendo certo ou não”, comentou.

A cerimonialista mantém a esperança de que a Prefeitura reedite o decreto e libere a realização de eventos em espaços fechados. “A gente está na expectativa de ser liberada a realização de eventos. Estamos de olho aí no Campeonato de Parapente, que está previsto para acontecer no final de maio. O campeonato não deixa de ser um evento com a presença de pessoas de outros países. Se for liberado, acredito que nós também seremos liberados para organizar festas, nem que seja só para 50 pessoas, no mínimo”, disse.

Adaptações nas cerimônias

Liliane Augusto conta que precisou se adaptar à realidade para não perder os clientes. “As adaptações que tivemos de fazer nos casamentos foram reduzir o número de convidados e fazer com que os clientes entendam o momento. Reunimos buffet e decoração para a realizar festas mais simples, mesas com poucos convidados, todos usando máscaras e álcool em gel, sem jamais deixar de realizar o sonho das noivas. Agora, a nossa região está na onda vermelha, e infelizmente não podemos realizar eventos, mas quando estávamos na onda amarela a gente proporcionava mais segurança para os convidados e contratantes. Nunca deixamos de observar e seguir as orientações”, ressalta.

Liliane Augusto

O setor de decoração também arca com prejuízos devido à pandemia. A empresária Patrícia Martins trabalha há 21 anos com organização de eventos e contou como vem sendo manter os serviços em 2021. “Estamos passando por dias difíceis. Não é só a decoração que sofre; também garçons, DJs , barman, aluguel de roupas e outros que trabalham com festas. Tive que reduzir os custos para não afetar a saúde financeira da minha empresa. Ao mesmo tempo, a gente sabe da situação no mundo todo. Tem muita gente morrendo. O momento ainda é critico e não sabemos nem o que dizer ou planejar”, disse.

Patrícia também trabalha com arranjos de flores nas decorações. A demanda diminuiu drasticamente com a pandemia e fez aumentar o custo nas floriculturas. “Automaticamente, diminuiu a produção de flores com a redução de festas de casamento, mas inflacionou o preço nas revendedoras. Eu busco comprar os arranjos mais em conta em Barbacena ou em São Paulo. Quando compro, tenho todo o cuidado para entregar para o cliente, colocar em um lugar frio, para não correr o risco de murchar”, explicou.

Indispensável nas decorações de casamentos, o setor de flores sentiu o golpe com a pandemia

Por que maio tornou-se o mês das noivas?

Maio é conhecido como o “Mês das Noivas”, mas não há somente uma explicação para a escolha desta época do ano para a realização dos casamentos. Muitos costumes que se perpetuam na história da humanidade vêm do Hemisfério Norte, como é o caso da escolha do mês de maio para ser símbolo dos casamentos. Países com baixas temperaturas permaneciam longos períodos sem a luz do sol, e a falta de calefação nas residências também ditava os hábitos de alguns povos.

Diferentes sociedades esperavam o aumento das temperaturas para retomar seus banhos, já que a água era muito fria em outros períodos. O frio diminuía por volta de maio, época em que era mais fácil encontrar flores para serem utilizadas nas roupas e em banhos e óleos, o que permitia à população melhorar os odores corporais.

Com temperaturas mais altas, flores disponíveis para o uso pessoal e na decoração, assim como a menor incidência de chuvas, maio tornou-se propício para casamentos, já que permitia a reunião ao ar livre, os festejos sem contratempos climáticos e a aglomeração de pessoas de forma mais agradável. Outro hábito comum às noivas também surgiu do uso das flores junto ao corpo: o buquê. Além de servir como enfeite, o ramalhete exalava um cheiro agradável nas cerimônias.

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