VICTORIA AZEVEDO E RENATO MACHADO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), elevou o tom das críticas contra o ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) e afirmou neta quinta-feira (11) que o petista é seu “desafeto pessoal” e “incompetente”.
As declarações foram dadas à imprensa em um evento do agronegócio no Paraná, um dia após o plenário da Câmara ter aprovado a manutenção da prisão do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), suspeito de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL).
Lira foi questionado por jornalistas sobre a tese de que ele teria saído enfraquecido após a votação na quarta (10). Como a Folha de S.Paulo mostrou, a avaliação de parlamentares é que o presidente da Casa saiu enfraquecido, uma vez que seus principais aliados encabeçaram as articulações pela derrubada da detenção.
“Essa notícia hoje, que você está tentando verbalizar, porque os grandes jornais fizeram, foi vazada do governo e basicamente do ministro Padilha, que é um desafeto, além de pessoal, incompetente. Não existe partidarização, eu deixei bem claro que ontem a votação é de cunho individual, cada deputado é responsável pelo voto que deu. Não tem nada a ver”, disse Lira.
Desde o fim do ano passado, Lira tem criticado a atuação de Padilha, que é o principal articulador do Executivo no Congresso Nacional. Ele chegou a levar essas queixas ao próprio presidente Lula (PT) e a indicar que, sem a troca do ministro, a pauta do governo na Câmara não avançaria.
Desde então, o diálogo entre os dois foi rompido Lira, agora, trata diretamente com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, após acordo firmado com Lula.
Em fevereiro, em um sinal de pacificação, Lira e lideranças da Câmara foram recebidos pelo presidente Lula no Palácio da Alvorada. O encontro contou com a participação de Padilha. No entanto, a relação permaneceu tensa entre os dois.
Nesta quinta, Lira também criticou o que considera “vazamento” do governo federal à imprensa, classificando isso como “lamentável”.
“É lamentável que integrantes do governo interessados na estabilidade da relação harmônica entre os Poderes fiquem plantando essas mentiras, essas notícias falsas que incomodam o parlamento. E depois, quando o Parlamento reage, acham ruim”, disse Lira.
Segundo relatos de líderes da Casa feitos à reportagem, Lira se incomodou com o que considerou uma interferência do Executivo na votação na Câmara no caso da prisão de Brazão. A interlocutores ele teria se queixado especificamente de declarações públicas de Padilha de que o governo orientaria sua base pela manutenção da detenção.
Um aliado do presidente da Câmara afirmou ainda que Lira deverá reagir nos próximos dias para dar um recado ao governo.