Lançada estratégia para aumentar vacinação entre crianças com menos de dois anos

Ação reúne Escola de Enfermagem e Secretaria Estadual de Saúde

O projeto Estratégias para o aumento da cobertura vacinal em crianças menores de dois anos no estado de Minas Gerais: uma pesquisa-ação, coordenado pela professora Fernanda Penido Matozinhos, do Departamento de Enfermagem Maternoinfantil e Saúde Pública, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde (SES) de Minas Gerais, pretende aumentar a cobertura vacinal em crianças com menos de dois anos de vida no estado. Por meio da investigação, é aplicado um plano de ação em municípios de oito regionais para melhorar os indicadores de imunização nas crianças residentes no estado.

Fernanda Penido explica que o Programa Nacional de Imunização (PNI), criado em 1973, é um dos mais completos do mundo, reconhecido pelas ações coletivas e individuais que asseguraram elevadas coberturas vacinais para quase todos os imunobiológicos durante várias décadas e, consequentemente, reduziram de forma progressiva as taxas de incidência e óbitos por doenças imunopreveníveis. 

“No entanto, a Atenção Primária à Saúde (APS) tem vivenciado uma precarização progressiva, o que pode influenciar a situação vacinal de grupos populacionais que estão no território de abrangência desses serviços”, ressalva a professora. Vários são os fatores que podem contribuir para a redução das taxas de cobertura vacinal da população brasileira, de natureza contextual, histórica, sociocultural, ambiental, do sistema de saúde/institucional, econômica, política e individual.”

Junto com Fernanda Penido, participam do projeto outros membros do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Vacinação (Nupesv): os professores Sheila Aparecida Massardi Ferreira, Ed Wilson Vieira e Tércia Moreira Ribeiro da Silva, o residente pós-doutoral Thales Philipe Rodrigues da Silva e a enfermeira Amanda Rodrigues Garcia Palhoni.

Etapas

O estudo está sendo realizado em oito regionais com menor cobertura vacinal no estado de Minas Gerais: Governador Valadares, Alfenas, São João del-Rei, Barbacena, Passos, Ituiutaba, Coronel Fabriciano e Leopoldina. Conta com apoio das superintendências, gerências regionais de saúde e da SES – nível central. O monitoramento e a avaliação das ações são realizados pelo Grupo de Análise e Monitoramento da Vacinação (Gamov, âmbitos central e regionais).

Após a execução das ações pelos municípios, serão realizadas análises qualitativas e quantitativas para verificar o impacto do plano de ação nos indicadores de cobertura vacinal. “Inicialmente, foi calculada a cobertura nas gerências regionais de saúde de Minas Gerais. As coberturas vacinais foram consideradas baixas quando estavam abaixo da meta estipulada pelo PNI para os imunobiológicos recomendados nos municípios brasileiros para crianças menores de dois anos. Também foram estimadas as tendências temporais do número absoluto de doses mensais administradas de cada vacina para os períodos anteriores, e elas serão estimadas em períodos posteriores à intervenção”, explica Fernanda.

Além de calcular a cobertura vacinal entre crianças menores de dois anos nos municípios da área de abrangência, o projeto desenvolve ações de capacitação para os profissionais que trabalham com a vacinação sobre controle e prevenção de doenças imunopreveníveis e esclarece dúvidas sobre a importância da imunização infantil e da administração segura de vacinas.

Segundo a subsecretária estadual de Vigilância em Saúde, Hérica Vieira Santos, as oficinas contribuem para que os municípios conheçam sua realidade e planejem ações capazes de ampliar a imunização e proteger das doenças transmissíveis, como poliomielite, sarampo e tuberculose. “Gostaríamos que os profissionais de saúde ficassem atentos à imunização, que é o carro-chefe na saúde. E é preciso priorizar o treinamento da equipe, que deve estar sempre atualizada para que a população tenha segurança naquele profissional que está aplicando o imunobiológico nas crianças”, defendeu Hérica Santos.

Risco de ressurgimento de doenças

A professora Fernanda Penido enfatiza que a redução nacional das taxas de cobertura vacinal nos últimos anos sinaliza um problema para a imunidade coletiva e risco de ressurgimento de doenças até então controladas ou erradicadas. Além do monitoramento, ela destaca que são imprescindíveis estratégias para a melhoria dos indicadores e avaliação do impacto dessas estratégias, por meio da comparação dos índices de imunização antes e depois da intervenção.

 A coordenadora do projeto explica, ainda, que há diversos motivos possíveis para a baixa cobertura vacinal nesse grupo populacional, como a baixa conscientização e aqueles intrínsecos à forma de organização do sistema de saúde, em especial em um país como o Brasil, onde 61% das crianças e dos adolescentes vivem em condições de vulnerabilidade socioeconômica. “Dado o complexo cenário vivenciado no país, com redução significativa das coberturas entre as crianças, existe uma crescente preocupação com a criação de estratégias que visem ao aumento da cobertura vacinal entre as crianças menores de dois anos, especialmente por meio da ampliação do acesso aos serviços de saúde, independentemente do tipo de vacina aplicada e da situação social das crianças”, conclui Fernanda Penido.

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