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Jornalista conquista 2º lugar em prêmio nacional de pesquisa em Comunicação

FOTO: Arthur Honorato

Mariana Xavier, produtora da TV Leste, com passagem pelo DIÁRIO DO RIO DOCE, se destaca em pesquisa nacional de comunicação

GOVERNADOR VALADARES – A jornalista Mariana Xavier, egressa do curso de Jornalismo da Universidade Vale do Rio Doce (Univale), produtora da TV Leste e ex-estagiária do DIÁRIO DO RIO DOCE, conquistou o 2º lugar no Prêmio José Marques de Melo de Estímulo à Memória da Mídia, uma das mais importantes premiações nacionais voltadas à pesquisa em Comunicação. O reconhecimento aconteceu durante o XV Encontro Nacional de História da Mídia – ALCAR 2025, realizado entre os dias 27 e 29 de agosto, na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), em Mariana (MG).

Promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia (ALCAR) e organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da UFOP, o evento reuniu pesquisadores de todo o país em torno do tema central “Revisões críticas da história: comunicação, território e decolonialidade”.

No congresso, Mariana apresentou o artigo científico “Desordem e Regresso: a mídia na formação da memória sobre o campo de concentração Krenak na Ditadura Militar”, resultado de seu Trabalho de Conclusão de Curso, defendido em dezembro de 2024 na Univale, sob orientação dos professores André Manteufel Ferreira e Deborah Luisa Vieira dos Santos.

O estudo analisa a cobertura do Jornal do Brasil entre 1969 e 1972 sobre o Reformatório Krenak, instalado em Resplendor (MG) e administrado pela Polícia Militar e pela Funai, onde indígenas foram submetidos a prisões e trabalhos forçados durante a ditadura militar. “Na época, a imprensa tradicional também ajudava a manter a versão oficial do governo militar, reforçando a ideia de que os povos indígenas eram um entrave para o ‘progresso’ do país. Essa forma de ocultar e distorcer os fatos é um tipo de violência simbólica, que apaga memórias e legitima desigualdades”, explica Mariana.

Do choque à pesquisa

O tema surgiu após a jornalista se deparar com uma reportagem independente sobre o Reformatório Krenak. “A leitura dessa matéria me provocou uma série de questionamentos: como eu, que sempre vivi em Valadares, a menos de 100 km de onde o fato ocorreu, nunca havia ouvido falar sobre isso? Por que a mídia tradicional da região não deu a devida atenção a um acontecimento tão grave? E por que o tema sequer era mencionado nas aulas de história durante minha formação escolar?”, lembra.

A partir desse incômodo, Mariana decidiu mergulhar na análise do papel da imprensa na construção da memória coletiva sobre o reformatório, escolhendo como recorte o Jornal do Brasil, um dos principais veículos do período.

Reconhecimento nacional

Entre 18 trabalhos indicados por diferentes grupos de pesquisa de todo o país, o artigo de Mariana conquistou o 2º lugar no Prêmio José Marques de Melo, que reconhece pesquisas de graduandos e recém-formados. “Fiquei muito surpresa, pois me inscrevi sem grandes expectativas, já que se tratava de uma premiação nacional […]. Então, fiquei imensamente feliz e emocionada quando anunciaram meu nome. Esse momento foi só mais um lembrete da importância da pesquisa científica […], que traz às vozes marginalizadas e a essas histórias que foram silenciadas por tanto tempo”, destaca a jornalista.

Para Mariana, dar visibilidade ao tema é uma forma de enfrentar os silêncios impostos pela história oficial. “Desde a colonização, os povos indígenas foram tratados como inferiores e muitas vezes retratados de maneira estereotipada. A imprensa e a academia, em grande parte, reproduziram essa visão, reforçando a marginalização e o esquecimento desses povos”, afirma.

A jornalista acredita que pesquisas como a dela têm um papel essencial para o jornalismo e para a sociedade. “Há muitos capítulos na história do Reformatório Krenak que precisam de um desfecho. Por isso, acredito que é necessário que a comunidade acadêmica e a mídia procurem novos desdobramentos na história para mantê-la viva a partir de perspectivas plurais e legítimas, contribuindo na luta por justiça dessas vítimas”, defende.

Trajetória acadêmica

Ingressante em 2021 no curso de Jornalismo da Univale, Mariana participou de grupos de pesquisa, projetos de iniciação científica e da produção de reportagens de divulgação científica para a Revista Vale da Ciência. Ela também integrou o Grupo de Pesquisa Cultura Pop, Território e Processos Sociais e o Observatório Interdisciplinar do Território (Obit), experiências que fortaleceram sua vocação para a investigação acadêmica.

Agora, após a graduação, a jovem pesquisadora afirma que pretende seguir firme no caminho da pesquisa científica: “Volto desse congresso ainda mais comprometida em seguir esse caminho de investigação e resistência por meio da comunicação. […] É um lembrete de que resgatar e trazer visibilidade pras memórias subterrâneas, silenciadas por tanto tempo, mais do que um ato político, é um ato de justiça e reparação histórica”.

Mariana Xavier foi “Destaque do Curso” na turma de Jornalismo da Univale – FOTO: Neon Formaturas

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