CATIA SEABRA E RICARDO DELLA COLETTA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministério das Relações Exteriores decidiu convocar o embaixador da Hungria no Brasil, Miklós Halmai, para dar explicações sobre a permanência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na missão diplomática do país europeu dias após a Polícia Federal ter apreendido o passaporte do ex-presidente.
Nas relações diplomáticas, chamar o chefe de uma missão para prestar esclarecimentos na sede da chancelaria é uma demonstração de contrariedade do país anfitrião. Pessoas que acompanham o tema ouvidas pela reportagem disseram não ter informações sobre se Halmai está no Brasil.
A responsável por ouvir as explicações do diplomata húngaro é a secretária de Europa e América do Norte do Itamaraty, Maria Luisa Escorel de Moraes.
De acordo com auxiliares de Lula (PT), o governo recebeu com estarrecimento a notícia revelada pelo jornal The New York Times.
A avaliação é que o embaixador da Hungria não recebeu apenas um adversário político da atual gestão, mas uma pessoa alvo de investigações no STF (Supremo Tribunal Federal). O gesto, dizem esses auxiliares, tem sido lido como uma interferência do governo da Hungria, liderado por Viktor Orbán, em assuntos internos do Brasil.
A PF vai investigar a presença de Bolsonaro na embaixada da Hungria. Segundo investigadores, é cedo para dizer se houve uma tentativa de fuga, mas é preciso investigar a veracidade e a motivação de o ex-presidente ter ficado na embaixada.
O jornal americano diz que as câmeras mostram que Bolsonaro estava acompanhado de dois seguranças. Ele teria permanecido no prédio de 12 de fevereiro a 14 de fevereiro.
Caso permanecesse dentro da missão diplomática, Bolsonaro não poderia ser alvo de uma ordem de prisão, por exemplo, por tratar-se de prédio protegido pelas convenções diplomáticas.
O ex-presidente é aliado próximo do líder da Hungria, Viktor Orbán, um dos principais expoentes da extrema direita na Europa.