No intervalo de uma semana, preço da cebola aumentou cerca de 50%; mudança de clima e insumos são os principais influentes
Você gosta de uma refeição bem colorida, com legumes e vegetais? Então, prepare o bolso, pois o frango com quiabo, a salada com tomate e até mesmo a requisitada cebola, que acompanha qualquer prato, deverão pesar no bolso nos próximos dias.
Durante uma visita à Central de Abastecimento (Ceasa), em Valadares, na manhã desta terça-feira (26), nossa equipe presenciou uma grande movimentação. No entanto, entre uma compra e outra, os comerciantes e produtores rurais relatavam um só problema: os preços lá em cima. Portanto, se você sentiu diferença nos gastos ao ir ao sacolão do seu bairro, saiba que isso tem motivo.
E desse motivo o comerciante Robert Araújo entende bem, pois está vivendo na pele a aflição de não poder comprar muitos produtos e ainda ter que vendê-los com valor bem acima do esperado. Ele é proprietário de dois sacolões (nos bairros São Pedro e Floresta) e conta que, desta vez, o reabastecimento das bancas custou caro. Por isso, não deu para comprar em grande quantidade.
“Está sendo muito difícil. As coisas aumentaram de uma forma impressionante. A cebola, que a gente pagava R$ 25, R$ 30, hoje está pagando R$ 85, R$ 90. Tudo caro”, observa o comerciante.
Sobretudo, é importante ressaltar que, antes mesmo das razões apontadas pelo mercado, há também as causas ligadas ao plantio, cultivo e colheita dos alimentos. O produtor rural João Lopes Pinto comercializa a horta cultivada em sua terra. Ele pontua alguns dos desafios que vem enfrentando para manter as atividades agrícolas.
“Não está tendo gente para trabalhar, por exemplo, ajudante. Não tem o adubo, subiu demais; remédio, subiu tudo. Então, é por isso esta falta de verdura aqui. Não está achando trabalhador e os insumos estão todos caros”, explica.
Principais itens afetados
De acordo com o presidente da Ceasa de Valadares, Jírios Abboudd, os itens mais propensos a variações de preço são: cebola, quiabo, tomate e jiló. Destes, a cebola ocupa o topo da lista de produtos mais caros. Segundo Abboudd, dentro de uma semana houve aumento de 50%.
Em seguida vem o quiabo, com aumento de 30% no preço. O comerciante Robert Araújo lembra que já chegou a comprar quiabo por apenas R$ 10 a caixa. Hoje ele gastou com somente uma caixa de quiabo R$ 120. “Hoje estou pagando R$ 120 e não está achando para comprar”, comenta.
Ainda segundo o presidente da Ceasa, a alta no preço do quiabo se deve à chegada do inverno, temporada em que a procura e o consumo desse alimento aumentam, enquanto o valor da cebola é em decorrência das dificuldades com o transporte.
Sobre os fatores que levam ao aumento de preços, no geral, Abboud pontua: “O clima e o consumo. O tomate, por exemplo, é um produto que está caro simplesmente por causa da oferta. Não teve oferta, a procura aumenta e o preço sobe”, exemplificou. O presidente do centro de distribuição reforçou ainda que o tomate está, há um tempo, dentre os produtos com preço alto. Entretanto, a porcentagem e a expectativa para os próximos dias seguem indefinidas.
Assim como o tomate, algumas mercadorias também podem sofrer alterações devido à falta de produção (um problema temporário), como é o caso do pimentão. Na terça-feira passada o produto custava R$ 60 o quilo. Já nesta terça-feira (26), os compradores estão levando o pimentão por R$ 90 o quilo.
Em meio à inflação, uma queda nos preços
Contudo Jírios Abboudd destaca que “muita coisa sobe, mas também muita coisa baixa o preço, e isso é bom”. O presidente da Ceasa enfatiza que, com a entrada das estações mais frias, o consumo de frutas diminui e, com isso, os preços.
Outro produto que também segue reduzindo o valor, gradativamente, é a cenoura. De acordo com Abboud, a época de chuvas “matou a produção de cenoura”, ocasionando um aumento expressivo no preço do legume. Mas, agora, os consumidores devem aguardar uma baixa equilibrada com o passar dos dias. “A cenoura, toda semana, baixa um pouco”, comenta.
E quem também não ficará de fora da baixa de preços é o ovo. Os comerciantes relatam que, com o fim da quaresma, já houve queda no valor do produto em pelo menos 5%.
Como amenizar os efeitos da inflação em casa?
Desde o plantio até chegar à cozinha do consumidor, são muitas preocupações acerca dos preços. Por isso, o economista Marcos Rodrigues deixa dicas superválidas a você que respondeu “sim” à pergunta do início do texto.
Segundo o economista, não é necessário evitar a compra de tais produtos para prevenir gastos exacerbados. Do ponto de vista econômico, Marcos Rodrigues afirma que a previsão ainda é de aumento dos preços, devido ao cenário mundial. “A própria guerra entre Ucrânia e Rússia”, cita o economista ao comentar que ambos os países são potenciais fornecedores de matéria-prima. Mas, para manter o equilíbrio financeiro e não sofrer prejuízos, ele defende que o certo é comprar em menor quantidade e aproveitar as promoções.
Assista agora nossa entrevista com o economista Marcos Rodrigues e confira todas as dicas: