Incêndio na casa de advogado pode ter sido criminoso

O carro do advogado não tinha seguro e a casa teve a estrutura danificada e vai precisar de reforma.FOTO: Divulgação

Um incêndio ocorrido na madrugada do dia 31 de julho deixou uma família que mora no bairro Vila Bretas em pânico. O carro da família estava na garagem e pegou fogo misteriosamente. No início, os moradores e vizinhos ficaram sem saber o que tinha acontecido. O dono do carro, o advogado Rodrigo Rodrigues, chegou em casa por volta das 23 horas e estacionou o carro, em perfeitas condições, sem qualquer indício de que poderia pegar fogo sozinho.

O advogado Rodrigo Rodrigues conta que, além do prejuízo financeiro com o incêndio, que pode chegar a mais de 100 mil reais, tem medo do que ainda pode acontecer com ele e com a família

Depois do susto, Rodrigo Rodrigues conta que começou a investigar o incêndio por conta própria, já que ele vinha recebendo ameaças, no exercício da profissão, e até registrado boletim de ocorrência. “Como eu já tinha recebido algumas ameaças, conversei com alguns vizinhos para saber se alguém tinha visto algo naquela madrugada. Uma vizinha achou um galão de gasolina na esquina da minha casa e outra disse que minutos antes do incêndio viu um carro dando ré em alta velocidade, na porta da minha casa. Depois de saber disso, procurei por câmeras na vizinhança e consegui as imagens da pessoa com o galão de gasolina entrando e saindo da minha casa, e em seguida aquele clarão aparece nas imagens”.

O advogado relata que, depois que viu que o incêndio era realmente criminoso, passou a ter medo, não só por ele, mas por toda a família. “Se eu falar que não tenho medo, estou mentindo. Fico preocupado com minha mãe, que está completamente assustada, e com meu filho. Só gostaria que o crime fosse investigado a fundo, já que poderíamos ter morrido naquele incêndio. Não pretendo sair da cidade, pois não é necessário, só quero uma atenção no caso, já que eu tinha registrado boletim de ocorrência. Então, acredito que o incêndio foi um atentado, que poderia ter sido pior se o carro tivesse explodido, causando uma destruição não só na minha casa, como nas dos vizinhos.”

Rodrigo agradece por ele e a família estarem vivos, mas lamenta o prejuízo financeiro, que pode chegar a mais de 100 mil reais. “O meu carro não tinha seguro e minha casa está toda danificada, o reboco caiu, a estrutura está abalada, sem contar a pintura, que vai precisar ser refeita. Estamos vivos, graças ao ato heroico do militar e do bombeiro civil, que colocaram a vida deles em risco para salvar a minha e a da minha família. Gostaria que as autoridades responsáveis investigassem o caso como crime contra a vida e não contra o patrimônio, como está sendo feito, porque realmente estamos correndo risco, sem contar o abalo emocional que estamos passando.”

O receio do advogado é que o caso caia no esquecimento e que atentados ainda piores aconteçam com ele e a família. “Os responsáveis têm que ser achados e punidos. Não podemos sofrer de forma nenhuma ameaças no exercício da profissão. Se isso vira moda, nenhum advogado vai ter condições de trabalhar na cidade. Essa ação foi encomendada, eles investigaram minha vida até chegar ao dia do atentado.”

Polícia Civil

O DIÁRIO DO RIO DOCE entrou em contato com a Polícia Civil e recebeu a informação de que o caso passou a ser investigado junto à Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (DEAME) e que não está descartada a possibilidade de incêndio criminoso. As investigações seguem sob sigilo.

O incêndio

Na madrugada do dia 31 de julho, por volta das 2 horas, a Polícia Militar compareceu a uma residência no bairro Vila Bretas para uma ocorrência. No local, um veículo estacionado na garagem pegava fogo. Quando a equipe da PM chegou , já se deparou com o automóvel em chamas e alguns vizinhos tentando apagar o incêndio com baldes de água.

Diante da gravidade do incêndio e do risco de explosão, o Corpo de Bombeiros Militar foi acionado. O cabo Antuniere Vilela Silva, da Polícia Militar, ao tomar conhecimento de que havia uma família no interior da casa e que não conseguia sair devido à quantidade de fumaça, que bloqueava a passagem, não mediu esforços para socorrer os quatro moradores.

Em um ato de bravura e altruísmo, o cabo Vilela escalou as grades do portão da residência até alcançar o segundo andar, onde se encontrava o senhor Santhz Guarnieri de Araújo Conceição. Bombeiro civil, o senhor Santhz, ao ouvir o alarme do carro disparar e se deparar com a situação, conseguiu acesso ao imóvel, antes de as chamas tomarem conta da entrada. De forma generosa e humanitária, tentava acalmar e orientar a família, que se encontrava em estado de choque.

O militar e o bombeiro civil tentaram arrancar uma grade, que facilitaria a retirada da família de forma segura, mas não conseguiram. Diante do desespero dos moradores e do grande risco de inalação de fumaça, os militares não viram outra alternativa a não ser entrar através do único local de acesso à casa, acima do carro em chamas, portanto, com grande risco de desabamento.

Com o auxílio de uma lanterna, a família foi guiada a atravessar a cortina de fumaça pelo mesmo caminho, onde o piso quente já demonstrava sinais de deterioração, com trincas e queda do reboco da laje. Ainda que com os riscos, a família chegou segura à varanda da casa, onde pôde aguardar a chegada do Corpo de Bombeiros Militar, longe das chamas.

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