Ao longo dessa primeira década, o IFMG-GV propiciou formação técnica e superior a milhares de estudantes de Governador Valadares e também de municípios da região leste de Minas Gerais
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG) – Campus Governador Valadares completa uma década de atuação na cidade e região. A comemoração é marcada pelo seu nascimento acadêmico, em 26/04/2010, data da aula magna inaugural dos cursos superiores de Engenharia de Produção e Tecnologia em Gestão Ambiental, e do Técnico Subsequente em Segurança do Trabalho.
Com a missão de ofertar ensino, pesquisa e extensão de qualidade em diferentes níveis e modalidades, focando na formação cidadã e no desenvolvimento regional, o Campus Governador Valadares integra o Instituto Federal de Ciência, Educação e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG), formado por outros 17 campi distribuídos em cinco regiões do Estado.
O IFMG-GV tem como principais eixos de atuação as áreas da Engenharia e de Meio Ambiente. Além dos três cursos mencionados acima, oferta à comunidade mais dois cursos técnicos Integrado em Edificações e em Meio Ambiente, outras duas graduações, Engenharia Ambiental e Sanitária e Engenharia Civil, e ainda uma pós-graduação lato sensu em Engenharia de Segurança do Trabalho. Todos gratuitos.
Ao longo desses 10 anos, a instituição contabiliza 3.542 estudantes matriculados. As primeiras formaturas aconteceram em 2012, sendo 1.009 profissionais formados até o primeiro trimestre de 2020. Atualmente, a escola possui 1.150 alunos matriculados nos diferentes níveis de ensino.
Para o diretor de Ensino do Campus, professor Tonimar Senra, as conquistas acadêmicas e profissionais dos egressos demonstram a consolidação da proposta educacional da instituição.
“O IFMG – Campus Governador Valadares tornou-se uma referência no leste mineiro na oferta de ensino de qualidade nos níveis técnico e superior. Prova disso são os inúmeros casos de egressos que alcançaram aprovações em concursos, que obtiveram destaque trabalhando nas suas respectivas áreas de formação, ou mesmo os concluintes dos cursos técnicos integrados que têm conseguido aprovações nos mais diversos cursos de graduação e nas mais renomadas universidades do país”, comemora.
Com a oferta de mais vagas e cursos, o quadro de servidores foi reforçado ao longo dos anos. Atualmente, o IFMG-GV conta com 53 docentes efetivos, oito professores substitutos e um em colaboração técnica, 39 técnicos-administrativos e um em colaboração técnica, além de cinco servidores anistiados. A equipe de funcionários terceirizados é composta por 15 trabalhadores, das áreas de manutenção e vigilância patrimonial.
A estrutura do campus contempla um prédio de ensino com 14 salas de aulas, sala de estudo, seis laboratórios, biblioteca, ginásio poliesportivo, cantina, auditório e prédio administrativo. Nos próximos meses está prevista a conclusão das obras de infraestrutura e pavimentação do campus, e também de modulares que abrigarão novas salas de aula, biblioteca e laboratório.
Instrumento de transformação
A instituição configura-se como uma importante conquista na área da Educação para a cidade e também para a região leste de Minas Gerais. Ao longo dessa primeira década tem transformado milhares de vidas por meio da educação pública, gratuita e de qualidade, trazendo a esperança de um futuro melhor.
Como a razão de existir de uma escola são seus alunos, nada melhor que recorrer a eles para relembrar um pouco da história e do significado desses 10 anos do IFMG-GV para a comunidade. A seguir, é contada a trajetória de dois egressos que, simbolicamente, representam os milhares de estudantes dos diversos cursos que passaram pela instituição e tiveram a vida transformada.
Do campo à academia
José Augusto Tomaz de Faria, 23 anos, é natural de Frei Inocêncio, município situado a cerca de 40 km de Valadares. Sua admiração e amor pela terra vieram dos ensinamentos do pai e do avô. Sua primeira formação na área ambiental foi como técnico agrícola, em Itapetininga/SP. O desejo por mais conhecimento fez com que, em 2017, ingressasse no IFMG-GV em busca de formação superior, tendo optado pelo curso de Tecnologia em Gestão Ambiental. Indagado sobre o porquê da escolha, explica: “Primeiro porque eu gosto muito [da área], segundo porque será a profissão do futuro próximo. Formação na área ambiental nunca é demais, sempre tem tecnologias que ainda não conhecemos e precisamos nos atualizar”, argumenta José, segundo neto da família Tomaz a conquistar um diploma de curso superior.
As dificuldades enfrentadas pelo longo trajeto diário de casa ao IFMG e para conciliar a rotina de estudo com o trabalho na roça nunca foram motivos para desistir, garante José. “A cada dia [do curso] percebia que estava fazendo a coisa certa, todo aprendizado diário das aulas, por mais simples que fosse, era aplicado na chácara onde moro. Meu TCC foi todo desenhado e executado dentro da instituição para tentar replicar a realidade da região: a má distribuição de chuvas”.
O egresso conta que ficou sabendo da existência do Instituto na cidade por um cartaz afixado numa esquina do Centro. “O IFMG sempre foi umas das instituições de ensino mais desejadas de Governador Valadares, tanto que muitos alunos de escolas particulares sonham em ingressar no Instituto. Graças à disponibilidade de cursos técnicos e superiores de qualidade e gratuitos, muitos egressos tomaram um rumo diferente na vida”, avalia. E completa apontando os diferenciais da instituição: “Não é só a qualidade do ensino que é de ponta, mas também a estrutura fornecida totalmente de forma gratuita aos alunos. O fácil acesso dos alunos à direção e coordenação facilita e muito o processo de desenvolvimento dos estudantes”.
E, com o tempo, ele trocou o lugar de aluno pelo de professor. O conhecimento acadêmico somado à experiência prática fez com que, em 2018, fosse convidado a ministrar uma oficina sobre cultivo agroecológico de hortaliças na VI Semana de Meio Ambiente do Campus. “Agradeço a todos da instituição que são pessoas apaixonadas pelo seu trabalho e o fazem bem feito. Desde a auxiliar de serviços gerais até o diretor geral, são pessoas que fazem com que a engrenagem do Campus funcione. O IFMG-GV completa uma década de benefícios à sociedade ao repassar conhecimento científico de ponta. Meu abraço em forma de agradecimento e parabéns a todos”, declara o egresso.
Atualmente, José trabalha promovendo cursos e palestras, além de prestar assessoria em agroecologia e projetos de irrigação.
Do curso técnico ao doutorado nos EUA
Outra trajetória que revela o potencial transformador da educação pública é a de Raquel Gama Lima Costa, egressa do curso técnico Integrado em Segurança do Trabalho (Turma 2012-2014). Caçula de uma família de três filhos, a valadarense cursou o ensino fundamental na E. E. Professora Theolinda de Souza Carmo, situada perto de onde cresceu, no bairro Santa Rita.
Foi um irmão mais velho, à época graduando em Engenharia de Produção no IFMG-GV, quem deu a dica para ela também se tornar aluna do Campus. “Eu já queria ter um curso técnico, então aproveitei a oportunidade. Além disso, eu sabia que a qualidade do ensino no IFMG era muito alta, meus pais não tinham como pagar uma escola particular para mim, então confiei que era o melhor naquele momento”.
Tão logo ingressou, Raquel aproveitou as muitas oportunidades de formação disponibilizadas pelo Instituto. “Eu costumo brincar que o Ensino Médio foi o período que eu mais viajei na minha vida”, conta, referindo-se às diversas olimpíadas do conhecimento de que participou nas áreas de matemática, física, astronomia, história e química e em eventos científicos ocorridos nas cidades de Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Campinas e São Paulo. A jovem ressalta que “a maior viagem de sua vida” foi no último ano do curso técnico, quando teve a oportunidade de participar de uma escola de verão de matemática em Lyon, na França.
“O IFMG me apoiou muito e sempre forneceu os meios financeiros necessários para participar desses eventos. Sou muito grata por isso”, declara a egressa. Ela complementa ainda outras experiências durante o curso. “Além das viagens, fui monitora de química no 3º ano e bolsista júnior de extensão da professora Ana Catarina e do professor Willerson num projeto sobre Teorema de Pitágoras”, relembra.
Raquel diz acreditar “profundamente no poder das olimpíadas e projetos científicos como forma de incentivar alunos e formar cientistas”, e dá como exemplo a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), que, segundo ela, é a razão de muitas das suas conquistas. “Desde os 12 anos me engajei como bolsista júnior do CNPq, devido às medalhas que conquistei na competição. Eu recebia um dinheiro todo mês que usava para comprar livros e me mantinha focada em aprender matemática. Além disso, pela OBMEP, viajei quatro vezes (três para o Rio de Janeiro e uma para Florianópolis) para o encontro anual de matemática, onde conheci alunos da minha idade do Brasil todo. Fiz amizades que mantenho até hoje, e tudo isso, certamente, construiu minha paixão por exatas e definiu o caminho que segui na faculdade”.
A opção de Raquel foi pelo bacharelado em Física na USP – Campus São Carlos, tendo iniciado a graduação em 2015. “Eu já gostava, desde sempre, de matemática, física e química. Para me decidir, conversei bastante com meus professores de matemática e física [do IFMG] da época, Ana Catarina e Valcimar. Apesar de gostar muito de matemática, eu sempre tive interesse em suas aplicações, vê-la sendo usada para construir coisas”, justifica a escolha.
E foi de novo pelo bom desempenho na OBMEP que Raquel obteve outra bolsa de estudos, dessa vez pelo Instituto TIM. “Durante os meus quatro anos de graduação na USP, eu recebia mensalmente um valor mais do que suficiente para me bancar completamente, sem depender dos meus pais”, conta com orgulho.
O alto desempenho acadêmico de Raquel durante a graduação na USP lhe rendeu prêmios, novas viagens internacionais e convites para cursar doutorado nos Estados Unidos, onde mora atualmente. “Eu me inscrevi em 11 universidades americanas e fui aceita em oito. Todas me fizeram propostas do quanto iriam me pagar mensalmente e o que seriam minhas obrigações. Essa é a única razão pela qual quis vir estudar nos Estados Unidos.Se eu tivesse que pagar ou me bancar seria totalmente impossível. Optei pela University of Maryland, porque foi a com que mais me identifiquei em termos de pesquisa”, explica.
Raquel reconhece a elevada qualidade de muitas instituições de educação no Brasil, contudo, lamenta a falta de incentivo aos estudantes e revela ter planos de retornar ao país para ajudar a mudar essa realidade. “Temos professores superqualificados no Brasil e se tivéssemos o incentivo econômico adequado, acredito que não teria razão para deixar o país e vir estudar nos Estados Unidos. Infelizmente, ainda não temos isso e estamos caminhando cada vez mais longe desse ideal, mas espero algum dia poder voltar e contribuir”.
Palavra da direção
Em carta aberta à comunidade, o diretor geral do Campus, professor Willerson Custódio da Silva, faz um balanço dessa primeira década, registra agradecimentos e reafirma o compromisso do Instituto. “Ao longo desses anos, muitas pessoas que fizeram e ainda fazem parte da trajetória da instituição se empenharam para que o Campus fosse instrumento de transformação e construção de uma sociedade com mais oportunidades. E esse é motivo para comemorar e também agradecer a cada um que, de alguma forma, contribuiu para que o campus chegasse até aqui”. A carta na íntegra pode ser acessada no site www.ifmg.edu.br/gv.