Frango e carne de porco são sempre boas opções para substituir a carne bovina na hora das compras
A alta demanda de exportação para o mercado asiático e a falta de reposição no mercado interno, situação recorrente desde o final de 2019, continuam refletindo no valor para o consumidor final da carne bovina no Brasil. Pelo preço mais “salgado” desse tipo de carne, aliado à crise financeira gerada pela pandemia, muitos valadarenses têm buscado outras opções na hora da compra.
Em pesquisa realizada hoje (11), em alguns supermercados e açougues de Valadares, o contrafilé e a alcatra podem ser encontrados a partir de R$ 39,99. Já o chã de dentro foi achado a partir de R$ 36,99, enquanto o chã de fora está a R$ 35,99, a maçã de peito sai por R$ 32,90 e o acém, por R$ 29,99.
As carnes de porco e frango sempre são boas alternativas para os consumidores, por serem mais em conta que a carne de boi. O lombo suíno foi encontrado a partir de R$ 19,99, o pernil traseiro a R$ 17,99 e o pernil dianteiro, a R$ 15,99. Em relação à carne de frango, coxa e sobrecoxa, era possível achar a partir de R$ 9,99 o quilo, enquanto o filé de peito de frango congelado sai, em média, por R$ 12,98 o quilo.
O diretor do Sindicato Rural de Governador Valadares e também presidente do Conselho de Administração do Sicoob Crediriodoce, Cantídio Ferreira, explica que a preferência dos produtores pela exportação da carne se deve ao valor do dólar, que influencia no preço da carne no mercado brasileiro. “A exportação continua firme e, com isso, diminui a quantidade de carne para o mercado interno. Os frigoríficos, que já estão com suas margens operacionais afetadas, preferem exportar, devido à valorização do dólar. Mas não foi só a carne de boi que subiu; frango e porco também tiveram alta”, afirmou.
Cantídio Ferreira ressalta que o mercado asiático continua sendo o maior comprador, muito em função da peste suína, que afetou o setor produtivo da China. Além disso, indica que a alta nos insumos também reflete no preço final. “Na carne suína e no frango, os insumos representam 70% do custo; já na carne bovina, representa 30%.”
Segundo Cantídio Ferreira, outra situação que impacta no preço ao consumidor final é a questão da reposição. “A composição de abate de vacas faz com que o preço da carne caia e o bezerro fique bem valorizado. Aí acontece uma retenção de fêmeas, e com isso tem menos carne no mercado interno. A novilha fêmea é valorizada em função de idade, por sem bem precificada e destinada à exportação.”
“Também existe uma oferta maior com o produtor rural que tem aquele gado para abater, mas pode ser que não seja suficiente para suprir o mercado interno. Além disso, os frigoríficos podem pagar um preço menor ao produtor, mas, em compensação, não abaixam na gandula com o objetivo de recuperar na operacionalização. Mesmo com queda no preço recente, a bolsa B3 sinaliza um aumento novamente a partir de junho”, destaca o diretor do sindicato.
Guilherme Boechat trabalha como churrasqueiro em Valadares e destaca que sempre foi um ávido por qualquer tipo de carne, mas reconhece que o momento é de buscar os melhores preços junto com a esposa na hora de realizar as compras para casa. “Estamos sempre atrás de promoções. A carne de porco tem ganhado mais espaço em nossa mesa de um ano pra cá, como o pernil traseiro de porco. O ‘figuinho’ de galinha estamos consumindo bastante também. Claro que em alguma data comemorativa fazemos um esforço de comprar uma carne de boi mais nobre, mas também estamos procurando novas receitas para fazer cortes mais acessíveis.”
Sônia Muniz mora com a mãe, uma irmã e um sobrinho em Valadares. De acordo com ela, a carne de boi tem sido comprada apenas uma vez na semana, já que o preço salgado não se encaixa no orçamento da família. “Realmente, a carne de boi tem sido muito difícil de comprar. Às vezes, aqui em casa é uma vez na semana que damos conta de comprar, e ainda em uma quantidade pequena. A gente vai ao açougue, pede para colocar 20 reais de carne de boi, que dura só no almoço. Se for escolher o filé de peito de frango, dá para fazer até por três dias, se souber repartir direitinho. Para nós tá sendo difícil consumir a carne de boi, e por isso temos optado pelo filé de peito de frango.”
Já a professora Almeny Portugal mora o com esposo e um casal de filhos. Ela ressalta que já é costume comer frango em sua casa e indica que é preciso economizar. “Aqui em casa o consumo do frango é porque a minha filha não come outro tipo de carne, por isso aderimos muito ao frango no dia a dia. Mas vejo também que o preço da carne de boi está bem alto, e se for pensar em fazer um churrasco, você vai pensar duas vezes. Como está bem caro, às vezes optamos por linguiça e carne de porco, que é o que está cabendo em nosso bolso. Importante ressaltar que não é somente a carne de boi que aumentou, muita coisa teve aumento de preço. Por isso, é preciso fazer economia, para poder comprar tudo que precisa em casa e mesmo assim ter qualidade de vida e uma mesa saudável.”