Professores e gestoras da Comunicação na Univale fazem reflexões sobre a importância do jornalista em uma sociedade com abundância de informações e fake news
Os avanços tecnológicos das últimas décadas trouxeram modificações profundas em vários aspectos da sociedade, entre eles o da comunicação. Nesta sexta-feira, 7 de abril, comemora-se o Dia do Jornalista, profissional tradicionalmente responsável por fazer a mediação entre as notícias e o público. Em uma época marcada por mídias digitais, em que qualquer pessoa pode transmitir em tempo real, professores do curso de Jornalismo e as gestoras da Comunicação na Univale falam sobre os desafios que a profissão enfrenta para evitar fake news e levar informações corretas às pessoas.
Coordenador dos cursos de Jornalismo e de Publicidade e Propaganda, e com atuação também em assessoria de comunicação, Bob Villela considera que a profissão segue relevante, buscando a objetividade ao narrar fatos. “Outro compromisso essencial é com a coragem de dar à luz aquilo que muitos querem manter no escuro. Há inúmeras histórias a serem reveladas, cujas publicações seriam de imenso valor para nossa sociedade. Também não se pode perder de vista o dever de escutar e ampliar a voz de quem, mesmo tendo acesso à tecnologia e emitindo reivindicações legítimas, tem um espaço tímido entre as discussões mais recorrentes na sociedade. A imprensa não pode se omitir”, pondera o professor.
Com experiência em jornalismo impresso, mas carreira acadêmica voltada a estudos sobre migração e mídia, o professor Franco Dani avalia que o desafio atual na profissão é produzir conteúdo informativo, de forma ética e transparente, com qualidade e credibilidade. “Qualquer pessoa pode se tornar produtor de conteúdo e divulgar notícias de forma rápida e fácil nas redes sociais e plataformas digitais. Nesse contexto, o papel do jornalista se torna ainda mais importante para separar o fato da opinião, analisar a veracidade das informações e fornecer conteúdo de qualidade e relevante para o público”.
Jornalismo com sensibilidade e empatia
Doutoranda em Comunicação, com linha de pesquisa em Mídia e Processos Sociais, a professora Deborah Vieira lembra que os avanços tecnológicos alteraram a dinâmica da produção de notícias. Para ela, a reinvenção do Jornalismo passa também por cativar o público, com sensibilidade. “Hoje temos que competir com leituras de 280 caracteres e vídeos de até 3 minutos e isso pede uma reinvenção do jornalismo para manter e captar novos públicos, ultrapassar as informações rápidas e rasas e chegar até as pessoas, ao que as interessa, mas de uma forma atrativa e mais próxima. Tudo isso, sem perder a qualidade e mantendo nosso diferencial que é a apuração dos fatos. Nosso grande desafio é fazer com que nossa matéria seja lembrada e seja útil para as pessoas”, destacou.
Também com experiência em assessoria de comunicação, a professora Larissa Leite destaca a empatia entre as qualidades necessárias para a atuação de quem deseja produzir conteúdo informativo. “A profissão de jornalista em si já é marcada por ser desafiante, pelo fato de tratar de comunicação. Portanto, o profissional precisa conhecer a fundo seu público, estar conectado a ele e entender seus perfis, para poder, assim, utilizar a linguagem mais clara possível e realizar um trabalho de qualidade. Num mundo em constante evolução, o jornalista precisa trabalhar com empatia, instantaneidade, improviso e amplitude humana”, afirmou.
Redes sociais: aliadas ou inimigas do jornalista?
Além de professor, Wilson Ribeiro tem experiência em telejornalismo e gestão de projetos de comunicação. Ele analisa que as redes sociais são aliadas, e não inimigas das mídias tradicionais. Ele frisa que veículos e profissionais de comunicação utilizam essas mídias como um canal adaptado também à veiculação de notícias. “O que acontece hoje no mundo, por exemplo, em pouco tempo está tudo nas mídias digitais. Antes mesmo dos meios de comunicação tradicionais como TV, Rádio e jornais divulgarem o fato, ele já é de conhecimento de boa parte do público. Isso é ruim? Não! É a modernidade avançando, com prós e contras, para o jornalista que assume um papel além do imediatismo da notícia. Ele passa, com a credibilidade da profissão, o fato apurado com todos os detalhes e cuidados éticos. Deixando de lado as fakes news”, destacou.
O cuidado em separar fatos de fake news também é uma preocupação apontada pelo professor André Manteufel, que possui experiência em jornal impresso, rádio, televisão e produção de conteúdo. “Nosso papel hoje é de moralizar as informações e ensinar a diferença entre uma informação bem apurada, uma informação jornalisticamente adequada, em relação àquela duvidosa. A gente precisa lutar contra quem promove fake news e contra esse hábito de consumo de informação, de acreditar em tudo que se vê, por mais absurdo que possa ser. É um desafio muito grande e isso torna tão válida a função do jornalista”, observou.
Perfil profissional, ética e habilidades multimídia
Escritora com livros já publicados, Zana Ferreira também possui experiência em mídia impressa, televisão e jornalismo on-line. Para ela, o perfil do jornalista deve ser o de um profissional ético e que saiba se relacionar com o público. “Essas relações sempre foram muito distantes. Os jornalistas estavam focados quase que exclusivamente na produção das notícias, e acompanhavam talvez muito pouco o processo de distribuição, como a informação chegava até o público. Agora tem que ser um diálogo amplo e permanente, e as pessoas precisam entender a diferença entre um jornalista e o cidadão comum, que é diferente. O jornalista sempre vai ter parâmetros que vão pautar a produção da notícia, o que garante mais credibilidade e confiabilidade”, disse.
Com experiência em tevê, redação e assessoria, a professora Valéria Alves atualmente produz coluna para jornal e mantém o podcast “É Óbvio”. Ela elenca que o jornalista atual precisa escrever bem, e para isso é necessário ter um bom nível de leitura, mas também deve se mostrar versátil, com habilidades nas mais diversas mídias. “As redações estão cada vez mais enxutas, o grande desafio da profissão é produzir com qualidade. Apurar bem e escrever bem. E temos o desafio ainda maior, que é a questão ética. Isso é de responsabilidade exclusiva do jornalista por formação, aquele que passou por um banco de universidade. Mas o profissional de hoje também precisa ser multimídia, com conhecimentos em produção de vídeo e edição de imagem”, apontou.
UNIVALE TV
A Univale TV é uma emissora universitária e teve sua primeira transmissão em outubro de 2003. Programas como Jornal Univale, TV Campus, Univale Rural e muitos outros fizeram parte da grade completa, envolvendo alunos, docentes e colaboradores da instituição. Além disso, a TV também serve de laboratório para diversos cursos da universidade, conectando todos na área da comunicação. Denise Rodrigues Alves é a diretora e acredita que, atualmente, o grande desafio para o jornalista é criar conteúdos que sejam relevantes e, ao mesmo tempo, sejam gostosos de ler, ouvir e assistir.
“As redes sociais facilitaram a comunicação e deram visibilidade a assuntos que não eram pauta na mídia tradicional. Assim, é possível falar de temas muito específicos e chegar a um público interessado. Isso é fantástico. Por outro lado, a linguagem das mídias sociais é muito mais leve e descontraída. E nem toda notícia consegue se enquadrar nessa leveza das redes. Então considero o grande desafio do jornalista encontrar o tom adequado, nem tão formal, nem não módico”, comenta.
Assessoria de Comunicação Organizacional (Ascorg)
Um dos elos entre a Fundação Percival Farquhar (FPF) e a comunidade é fortalecido pela Assessoria de Comunicação Organizacional (Ascorg), que tem como principal objetivo a propagação dos projetos e pesquisas desenvolvidos dentro da instituição. Além de unir os diversos setores da Univale, a Ascorg também é responsável pela comunicação institucional da FPF e suas mantidas. Para alcançar esses propósitos, a atuação da comunicação se dá por meio de diversos profissionais capacitados e Priscilla Mara Cruz de Assis Vicente, assessora de Comunicação, acredita que a disseminação das tecnologias transformou por completo a dinâmica do jornalista.
“Com a disseminação das tecnologias, em especial a velocidade da internet em nosso cotidiano, o trabalho dos jornalistas se transformou por completo. O que não deve mudar é a essência, pois precisamos ter o mesmo compromisso de coletar, investigar, analisar e transmitir ao público a notícia de verdade, mesmo que de forma muito rápida. Todas essas mudanças nos proporcionam sermos dinâmicos, ágeis, claros e preservar o compromisso com a veracidade das informações”, afirma.