Professor Haruf Espindola analisou diagnóstico socioeconômico durante fórum da última sexta (20)
GOVERNADOR VALADARES – O seminário Desenvolver o Vale do Rio Doce aconteceu na última sexta-feira (20), com o propósito de alavancar a economia em Valadares. O fórum reuniu diversos representantes políticos, instituições e estudiosos para, então, firmar um debate sobre o desenvolvimento econômico da região. Para dar início às análises, esteve com a palavra o professor Haruf Salmen Espindola.
O doutor em História Econômica e professor de mestrado em Gestão Integrada do Território (GIT) da Univale abriu a sessão de palestras apresentando o diagnóstico socioeconômico do Vale do Rio Doce.
Segundo Haruf, o diagnóstico apresentado resultou de pesquisas feitas no decorrer das últimas décadas. Desse modo, os estudos avaliam a região intermediária de Governador Valadares, que engloba 58 municípios. “Em 1960, a própria companhia Vale encomendou estudos sobre a região. Depois, no início dos anos 70, a Prefeitura encomendou estudos. Nos anos 80, 90 temos vários estudos, diagnósticos feitos, não [somente] pelo Governo do Estado, mas também pela própria Assembleia Legislativa de Minas Gerais”, recorda o professor.
Em entrevista ao DRD, o palestrante pontuou elementos necessários para se chegar a um diagnóstico socioeconômico. “Esses estudos verificam o Produto Interno Bruto (PIB), que é a geração total de riqueza pelos municípios e a soma da região. Examinam a geração de renda, a geração de emprego, o nível da atividade econômica. Também avaliam vários índices sociais, como o IDH [Índice de Desenvolvimento Humano]. Então são examinados vários critérios e eles comparam, inclusive, uma região à outra”, detalha.
Valadares sofre ‘esvaziamento econômico’
Conforme explica o professor, Valadares apresenta, atualmente, um cenário preocupante. A começar pelas consequências da migração, que afetaram também as atividades econômicas do município. “Falando especificamente da região de Valadares, o que caracteriza é o esvaziamento econômico e demográfico. Mesmo sendo uma cidade grande, de porte médio, perdeu população. A região como um todo teve uma perda demográfica muito grande. Então houve um esvaziamento. E isso não é de agora, vem ocorrendo desde os anos 60. As pessoas migram para outras regiões do Brasil ou para o exterior, porque não têm oportunidades de emprego e renda, então vão buscar fora”, avalia Haruf.
Além disso, o professor chama a atenção para as condições ambientais do Vale do Rio Doce. Dentre os maiores problemas, o estudioso cita a escassez de água e a fragilidade do solo. “A região tem graves problemas ambientais. Os principais problemas ambientais são os hídricos, que envolvem as nascentes. Há um déficit hídrico. Ou seja, não se produz quantidade suficiente de água. E na época das secas, principalmente quando são prolongadas, tem município que chega a ficar sem água. Outro problema são os solos. Toda vez, portanto, que chove, há escorrimento de solo. O que vai provocar cedimento e cobrir cursos d’água. Ou seja, córregos, rios e ribeirões. O rio Doce, de todos os rios de Minas Gerais, é o que mais tem problemas com cedimentos”, adverte.
Produção sustentável
Os contratempos ambientais, dessa forma, prejudicam também a fertilidade do solo e a produção. “Então houve uma decadência da pecuária, ela não tem produção agrícola suficiente para abastecer. Com algumas exceções, mas muito pouco para o tamanho da região”, observa. Por outro lado, ele incentiva a melhoria e a propagação dos resultados que ele considera exceção. Para que o sucesso econômico e ambiental se torne uma característica comum de Valadares e região.
“A gente sabe que tem muitas experiências de sucesso na região. Produtores rurais, por exemplo, que conseguem uma produtividade significativa. São exceções, mas existem. Existem experiências como as do Instituto Terra, em Aimorés, de recuperação de nascentes e reflorestamento. Pequenos produtores que têm uma produção agroecológica de qualidade. Experiências de sucesso são exceções, mas elas podem crescer”, enfatiza.
Inclusão de Valadares na Sudene
Haruf conclui que a inclusão de Governador Valadares na área da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) é essencial, mas não suficiente. Pois, segundo ele, o que o município precisa agora é de união. “É preciso uma união que junte os prefeitos, os empresários, as organizações, entidades da sociedade civil, os movimentos sociais, junto com as universidades. Para criar um pacto, uma unidade, pelo desenvolvimento territorial integrado e sustentável do Vale do Rio Doce. Se fizer isso, poderá aproveitar a inclusão na Sudene. Porque não adianta incluir na Sudene se a região não tiver consciência para aproveitar essa oportunidade. Então é preciso uma união de todos”, afirma.
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Mais um diagnóstico como cita o professor. Precisamos de políticas públicas que juntamente com a sociedade civil acelerem condições de sairmos desse círculo que nos faz refens de nós mesmos!