Audiência pública discute impacto na mobilidade e na vida de moradores; Prefeitura projeta obra de recuperação total, mas sem previsão de início
GOVERNADOR VALADARES – Já se passaram 114 dias desde que a Prefeitura de Valadares interditou o Viaduto – popularmente conhecido como: Filadélfia – em Governador Valadares. O acesso pela via segue completamente suspenso ao tráfego de veículos e pedestres. A estrutura, que conecta bairros como São Pedro, Esplanada, Esplanadinha e Universitário, recebeu avaliação técnica com notas críticas e emergenciais, apontando risco real de colapso em partes da estrutura.
Na terça-feira (15), uma audiência pública, que aconteceu na Câmara Municipal, debateu os impactos sociais e de mobilidade decorrentes da interdição, além de esclarecer a real situação do viaduto e os próximos passos do poder público.
Diagnóstico técnico revela estrutura em estado crítico
Durante a audiência, o engenheiro Anderson Couto, da empresa EDAP Engenharia Diagnóstico, detalhou os resultados do laudo técnico. A avaliação orienta inspeções em obras (como viadutos e pontes). O Consórcio Platô Projeta contratou a empresa para elaborar o diagnóstico.
Segundo o engenheiro, o viaduto apresenta problemas graves e avançados de deterioração, em três frentes (as notas variam em uma escala de 0 a 5):
- Condição estrutural: Nota 1 – Crítica
Pilares com risco tangível de colapso localizado; aparelhos de apoio danificados; necessidade de intervenção imediata com escoramento. - Funcionalidade: Nota 0 – Emergencial
A estrutura não apresenta condições mínimas de uso, com buracos, depressões, saliências e falhas nos sistemas de proteção (como guarda-corpos). - Durabilidade: Nota 1 – Crítica
A estrutura mostra elevado grau de deterioração, apontando risco estrutural e funcional iminente.
Além da ação do tempo e do desgaste natural, Couto explicou que a estrutura também está sendo afetada por ações externas, como vandalismo e até contato frequente com urina humana na base dos pilares, o que acelera a corrosão do concreto. “A estrutura nos dá avisos, e todos eles já foram dados. É uma condição muito delicada, e a interdição foi necessária para evitar o pior”, disse.
Viaduto não será demolido
Apesar das condições críticas, o engenheiro foi enfático ao afirmar que não será necessário demolir o viaduto. “É possível recuperar a estrutura. Os ensaios mostraram isso. Houve um alívio técnico ao constatar que a estrutura pode ser restaurada”, explicou. Segundo ele, o processo envolverá uma recuperação total, com reforço e reestruturação dos elementos danificados.
O secretário municipal de Planejamento, Gustavo Veríssimo, confirmou a informação. “Não será preciso implodir, nem começar do zero. Será feita uma reforma estruturante definitiva, para que esse tipo de problema não volte a ocorrer no futuro”, afirmou.
Prazos ainda em construção: obra pode levar até um ano
Segundo a empresa responsável, o projeto executivo da recuperação tem previsão de conclusão de 60 dias, com mais 10 dias adicionais para a elaboração do orçamento. Após essa etapa, o documento segue para a Secretaria de Obras, que será responsável pela licitação e contratação da empresa que executará a intervenção.
A partir do início da execução, a previsão é que a obra dure entre 8 e 12 meses. “São processos complexos, com uso de materiais e técnicas específicas. Dificilmente será possível fazer antes disso”, destacou Anderson Coutto. A estimativa de custos, segundo ele, só poderá ser definida após a finalização completa do projeto técnico.
“Comércio foi diretamente atingido”, afirma vereadora
Moradora do bairro São Pedro, a vereadora Fernanda Braz (DC) foi quem propôs a audiência pública. Segundo ela, o fechamento do viaduto — embora reconhecido como necessário para garantir a segurança — tem causado prejuízos expressivos no dia a dia da população.
“Fomos procurados por comerciantes e moradores que relataram impactos severos. Os bares passaram a receber menos clientes, o movimento nas lojas caiu e até o posto de gasolina da região teve uma queda drástica nas vendas. Eles vendiam cerca de 180 mil litros de gasolina por mês, hoje estão vendendo entre 70 e 75 mil litros. Isso mostra como a interdição afetou a rotina e a economia local”, afirmou.
Além do comércio, os moradores enfrentam mais dificuldades para acessar serviços, especialmente os idosos, que agora precisam percorrer distâncias maiores para alcançar destinos que antes estavam a poucos minutos de caminhada.
População cobra prazos e medidas emergenciais
Durante a audiência, moradores reforçaram os transtornos causados pela interdição e cobraram prazos concretos. O advogado João Carlos de Farias Soares, morador há duas décadas do bairro São Pedro, contou que mais de 230 famílias vivem no BNH do bairro São Pedro. “A via era fundamental para idosos, pedestres e motoristas. Agora, temos que dar voltas longas e enfrentar congestionamentos. Precisamos saber quanto tempo vai durar isso, para podermos reorganizar nossa vida cotidiana”, disse.
Além disso, João Carlos reforçou a necessidade de maior clareza quanto ao andamento das ações., destacou as dificuldades enfrentadas no dia a dia. “A interdição nos forçou a usar rotas mais longas, menos seguras, e prejudicou muito os idosos. Queremos saber: quando vai resolver? Vai demolir? Vai reformar? Quanto tempo ainda vai durar isso tudo?”, questionou.
Em resposta, o secretário Gustavo Veríssimo afirmou que os estudos estão sendo conduzidos com base técnica e responsabilidade. “Estamos apresentando um caminho definitivo. Não vamos fazer mais obras paliativas. Mas é preciso tempo para garantir que a solução seja duradoura e segura”, concluiu.
Sobre a interdição
Desde março deste ano, a Prefeitura interditou totalmente o viaduto, após a identificação de sérios danos estruturais. A decisão suspendeu completamente o tráfego de veículos e pedestres. A partir disso, a população está com mais dificuldades para acessar os bairros Esplanada, Esplanadinha, São Pedro e Universitário. O viaduto é de responsabilidade da Prefeitura de Valadares.











