Futebol Feminino: duas adolescentes valadarenses rompem barreiras em busca do sonho de se tornar profissionais

O sonho é tão grande que Larissa e Camila não se importam em jogar junto com os meninos

Valorização e reconhecimento. Esta é a resposta praticamente unânime quando se fala em futebol feminino de campo. O Diário do Rio Doce conta a história de duas adolescentes, Larissa Venuto e Camila Salviano, que romperam a barreira do preconceito e estão realizando o sonho de jogar futebol, mesmo sendo as únicas meninas em seus respectivos times.

De acordo com Dagmar Venuto, mãe de Larissa Venuto, de 13 anos, a filha começou a treinar no Sesc aos nove anos, disputando com os meninos o futsal, e destaca que o sonho da filha é jogar profissionalmente, por ser sempre competitiva em tudo que faz.

Apesar do incentivo para o balé, Larissa escolheu o futebol e tem o apoio da família (Foto: Juninho Nogueira)

Dagmar ressalta que sempre incentivou a filha no balé e que Larissa até chegou a fazer dança e também futsal, mas a mãe percebeu que o balé era uma obrigação para a filha. “O maior incentivador é o pai dela, mas nunca fui contra, queremos a felicidade dela, no que escolher. Ela às vezes sofre preconceito dos times adversários, porém, com os meninos que ela treina, todos respeitam ela como uma boa jogadora.”

Segundo Dagmar, uma das dificuldades que a filha encontra é na hora de trocar de roupa, já que não há vestiários separados. Nas viagens, a mãe sempre acompanha para que Larissa fique mais à vontade.

Larissa revela que se inspira em Marta, Formiga e Cristiane, jogadoras que sobressaíram no futebol feminino. Jogando no Coopevale, a jovem destaca que atua como zagueira, mas que também manda muito bem como lateral direita.

Camila não vê dificuldade em jogar entre os meninos e sonha em jogar profissionalmente (Foto: Arquivo Pessoal)

Jeanine Salviano conta que Camila, também de 13 anos, começou a jogar aos 10 anos em quadra sintética, e de lá pra cá o sonho de se tornar profissional não sai mais da cabeça da filha. “No início, eu evitei que ela jogasse. Por ela ser menina e ter que jogar somente com meninos, tinha medo de que ela se machucasse. Mas como ela sempre jogava no clube campestre que frequentamos, acabei por conseguir uma escolinha onde aceitavam meninas jogando com meninos. Minha filha nunca sofreu nenhum tipo de preconceito. Todos gostam muito dela, por ser cativante e conseguir equilíbrio entre o mundo feminino e o mundo dela de atleta no meio dos meninos.”

Camila, que não tem medo do que terá de enfrentar pela frente, revelou que ama jogar futebol de campo e está rompendo barreiras para se tornar profissional. “Sou meio de campo e ainda vou ganhar muito dinheiro jogando futebol. Não vejo problema algum em jogar ao lado dos meninos, sou bem resolvida sobre isso, afinal, o talento é o que importa.”

Um dos professores de escolinha de futebol do Coopevale, Charles Sena Silva ressalta que a falta de apoio ao futebol feminino faz com que situações como essa aconteçam, de meninas terem que jogar junto com meninos. “Infelizmente, falta apoio para o futebol feminino. O exemplo é a Marta, que, mesmo fora do país, recebe R$150 mil e é a melhor do mundo. Esse valor qualquer jogador do futebol brasileiro que joga em um time grande recebe. Isso reflete até aqui em Valadares, onde o Coopevale tentou formar escolinha feminina e nunca conseguiu. Aí tivemos que colocar duas garotas pra treinar com os meninos e tivemos ainda discriminação de alguns pais, que não gostaram muito da ideia.”

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