Valadarenses estão se virando como podem para suportar o forte calor
por Eduardo Lima e Massilon Neves
O mês de setembro se despede e outubro começa sob influência de calor forte em Governador Valadares. Temperaturas acima do normal serão registradas nos próximos dias, segundo previsões do Climatempo e Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
As altas temperaturas são comuns na cidade, mas a marcação acima dos 39 graus surpreende os valadarenses, que estão se virando como pode para aguentar o calor.
Nesta quarta-feira (30), os termômetros podem passar dos 40 graus em vários estados, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Piauí, Bahia, Minas Gerais e São Paulo. De acordo com a professora e climatologista da IFMG-GV Daniela Martins Cunha, Valadares pode ultrapassar essa marca até o fim desta semana. “O calor resulta de uma massa de ar quente e seca que está sobre a região. Na verdade ela predominou durante todo o mês de setembro e impediu a entrada de Frentes Frias, as quais nessa época são responsáveis pelas chuvas e, consequentemente, aumentam a umidade do ar e amenizam as temperaturas. Na segunda-feira já chegou a 39,3 e a sensação térmica pode ser ainda maior”, explicou.
Conforme a climatologista essa onda não durará muito tempo. “É esperado que por volta do dia 10 de outubro alguma Frente Fria consiga vencer essa forte massa de ar quente e seca e, consequentemente, ocasionar chuva. Ou seja, mais para o final da primeira quinzena de outubro, com a ocorrência das chuvas, que essa onda de calor deva passar”, ressaltou.
Valadares quente por natureza
O sol sempre foi o protagonista em Valadares. O valadarense até costuma satirizar, que a cidade tem quatro estações: verão, verão, verão e verão. Para justificar esse fenômeno meteorológico, a população conta com uma série de mitos, envolvendo até o pico da Ibituruna. Um deles é a narrativa de que durante o dia o sol bate na pedra do pico, que, superaquecida, irradia ondas caloríficas para a frente da cidade. Especialistas nunca afirmaram tal fato.
Mas quem já vive aqui há muito tempo garante que tem fundamento sim. “Entre mitos, ditos e feitos, um dos teóricos da história da cidade prefere acreditar que o pico da Ibituruna funciona como uma espécie de paredão natural, que retém em sua parte de trás os ventos que vêm do sul do país, normalmente mais frios, o que ajuda a compreender porque a temperatura do outro lado da serra é mais amena. Essa teoria se fundamenta no fato de a serra se estender da BR-116, próximo à entrada para a cidade de Itanhomi, indo até pouco depois do distrito de Derribadinha, afastada poucos quilômetros das margens do rio Doce. Seu cume atinge 1.146 metros de altura”, opinou Crisolino Filho em uma de suas colunas dominicais no DRD.
Enquanto as teorias não são confirmadas, valadarenses se adaptam como podem. Vale de tudo. Desde a compra de um ar-condicionado até se refrescar com banho de mangueira no quintal.
Júnior Marques, 35 anos
“Esse calor tá de castigar os valadarenses; tínhamos até desacostumados dele. No trabalho tentamos nos refrescar com ar-condicionado e cortinas de ar, um açaí geladinho! Em casa um banho gelado e ar-condicionado.”
Samara Nunes Reis, 22 anos
“Sou moradora de Governador Valadares,
já me acostumei com o calor intenso da cidade. O importante é se manter bem hidratado. E a maioria dos valadarenses não tem condições pra ter o
uso de um ar-condicionado.”