Você sabe o que é a piracema? Bom, se já pertence ao divertido universo da pesca, deve conhecer bem esta palavra. Aos que ainda não são familiarizados com o tema, fazemos questão de explicar: a expressão “piracema” vem do vocabulário indígena tupi. Traduzida, quer dizer “a subida do peixe”. É justamente este o movimento que boa parte dos cardumes faz para que possa se alimentar e reproduzir.
Então, a ‘subida’ faz referência ao nado dos peixes rio acima nesse período, que vai de 1º de novembro ao final de fevereiro.
Restrições
Por conta do aumento do fluxo de peixes, muitos pescadores (amadores, esportistas e profissionais) aproveitam o tempo da piracema para a prática da pesca. Mas a Polícia Militar de Meio Ambiente (PMMamb) reforça que existem restrições a essa atividade no referido período. A prática chega a ser proibida por lei em muitas regiões.
De acordo com a PMMamb, pescar no período da piracema prejudica a preservação da vida nos rios. O desrespeito à norma provoca alta subtração de peixes numa fase de extrema importância, que é a procriação. Assim sendo, pescadores que insistem nessa prática durante a piracema – principalmente para fins comerciais – estão sujeitos a punição.
O tenente Lucas Castro, da PMMamb, dá mais detalhes sobre tais restrições, além da fiscalização realizada pelas equipes de proteção ao meio ambiente.
“É um período de reprodução dos peixes, então se evita essa pesca predatória justamente para as espécies se reproduzirem e recuperarmos a fauna aquática, já muito afetada. Mesmo com o fim da piracema, a fiscalização não acabou. No período da piracema, não é que é proibida a pesca, mas existem restrições. Só temos que lembrar que a bacia do rio Doce foi afetada no acidente [rompimento da barragem] e ainda vigora uma portaria que restringe a pesca no rio. O pescador não pode pescar espécies nativas. O amador só pode pescar espécies exóticas de até 10 kg. Se um pescador amador for pego utilizando apetrechos irregulares, ele pode ser preso”, pontua.
Pescadores vão às compras
Jadir Carneiro Avelino é engenheiro aposentado e gosta de pescar desde que era um menino. Nesta manhã (10), ele foi até uma loja de itens de pesca, no centro de Valadares, realizar uma compra um tanto especial. Desta vez, um dos apetrechos de pesca será dado de presente a um amigo que está fazendo aniversário: “De pescador para pescador”, brinca.
Além de pescar no rio Doce, Jadir conta que já se aventurou pelos rios São Francisco, Amazonas e Três Marias. O aposentado afirma que, com o fim da piracema, as programações de pescaria junto com os amigos já começaram. Ele ressalta, ainda, que o próximo destino de pesca é a região de Igarité, na Bahia. “É rio, é com a gente!”, declara o amante da pescaria esportiva.
Sem sombra de dúvidas, esta mesma animação chega também aos comerciantes do segmento. Edson Oliveira é gerente da loja onde o Jadir Carneiro fez as compras. Oliveira relata ter notado uma melhoria superior a 30% nas vendas nos últimos dias.
Sobretudo, o gerente também atribui o crescimento das vendas à melhora da condição do rio Doce no mesmo período do fim da piracema: “Após a enchente teve uma melhora. Inclusive com a limpeza da água, querendo ou não, vai melhorar muito a pesca na nossa região”, reforça.
Em outra loja de artigos de pescaria, localizada na avenida JK, o proprietário também relata estar satisfeito com as vendas. Assim como o gerente Edson Oliveira, o empresário Lucas Nickson conta que os itens mais procurados nesta época são os de pesca esportiva, como: linha, isca artificial, varas e molinetes. Segundo o empresário, houve aumento de 80% na procura por esses itens.
Lucas Nickson explica a funcionalidade de um dos modelos de isca artificial, que está dentre as principais ferramentas da pesca esportiva:
Além das ferramentas necessárias para que a pesca aconteça (vara, anzol, linha, iscas, molinete etc.), os comerciantes destacam que grande parte dos pescadores também se preocupa em investir na vestimenta e em outros equipamentos de complemento. Acessórios como óculos polarizado, luvas, camisa com sistema ultravioleta e chapéu fazem muito sucesso nesta época do ano, principalmente devido ao calor, que já é uma marca registrada da nossa região.
Segundo Lucas Nickson, trabalhar no ramo da pesca é garantia de bons clientes e até mesmo do surgimento de novos amigos de pescaria. “A gente trata primeiramente como cliente, depois vai pegando aquela intimidade e acaba virando nosso amigo. E a gente costuma até marcar umas pescarias entre vendedor e cliente”, conta.