GOVERNADOR VALADARES – Uma força-tarefa deflagrou, na manhã desta terça-feira (29), a Operação Terceira Estação. O objetivo foi desarticular uma organização criminosa com atuação em diversos crimes, entre eles tráfico de drogas, associação para o tráfico, lavagem de capitais e homicídio. Líder de facção, mesmo preso, coordenava homicídios e movimentava milhões com ajuda da companheira – que utilizava identidade falsa – aponta investigação.
A operação teve como principal base de atuação o bairro Primavera, em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, e se estendeu a outras cidades de Minas Gerais — Belo Horizonte e Uberlândia —, além do município de Cariacica, no Espírito Santo.
Medidas judiciais e bloqueio milionário
As forças de segurança cumpriram 11 ordens de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva. As decisões judiciais são da 3ª Vara Criminal da Comarca de Governador Valadares. Além dos mandados, a Justiça determinou o bloqueio de ativos financeiros no valor total de R$ 10.729.454,06, pertencentes aos investigados.
Ao final da operação, as força de seguranças prenderam três pessoas. Além disso, também foram apreendidos dois revólveres calibre .38,
32 munições do mesmo calibre, drogas, a quantia de R$ 10.157,00, em espécie; documentos e dispositivos eletrônicos de interesse para as investigações.
Comando do crime de dentro da cadeia
Durante as investigações, os promotores e policiais identificaram que parte das atividades criminosas tinha coordenação dentro do sistema prisional. Um dos principais alvos da operação cumpria pena na Penitenciária Francisco Floriano de Paula (PFFP), em Valadares. Porém ele continuava liderando as ações criminosas mesmo depois da transferência para o Complexo Público-Privado de Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Segundo o MPMG, o detento contava com o apoio direto da companheira, que usava identidade falsa para participar da movimentação de recursos e comunicação com outros membros da quadrilha.
A mulher teve a identidade verdadeira confirmada durante a investigação. Contra ela, constam condenações que somam mais de 34 anos de prisão por crimes como tráfico interestadual de drogas e roubos a instituições financeiras. Usando o nome falso, ela teria movimentado mais de R$ 21 milhões em transações suspeitas.
Homicídio dentro da penitenciária
As apurações também apontam o envolvimento do mesmo detento em um homicídio ocorrido dentro da Penitenciária Francisco Floriano de Paula. Segundo as investigações, após um preso subtrair cinco gramas de cocaína que pertenciam ao líder da facção, este teria obrigado a vítima a ingerir toda a droga restante como forma de punição, o que resultou na morte do interno.
Estrutura articulada e ramificada
A Operação Terceira Estação revelou a existência de uma estrutura criminosa altamente articulada. As ações criminosas coordenadas dentro e fora dos presídios, utilização de métodos modernos de lavagem de dinheiro e atuação em diversas unidades da federação. O bairro Primavera, em Valadares, foi identificado como o epicentro da atuação do grupo, que se valia de diversas estratégias para ocultar patrimônio ilícito e dissimular a origem dos recursos.
Nome da operação e continuidade das ações
A escolha do nome “Terceira Estação” faz alusão direta ao bairro Primavera — terceira estação do ano e núcleo das operações do grupo. A denominação também simboliza uma nova etapa no combate ao crime organizado no Vale do Rio Doce, segundo o Ministério Público.
A força tarefa do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) contou com a participação da 11ª Promotoria de Justiça de Governador Valadares e das Polícias Militar e Civil.

















