EUA – ELEIÇÕES: Bloomberg é alvo de fortes ataques em seu 1º debate democrata na TV

por DIANA LOTT (FOLHAPRESS)

No primeiro debate democrata após o início das prévias do partido, o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg foi o principal alvo dos demais pré-candidatos, que criticaram seu passado controverso em igualdade de gênero, política criminal e transparência.

Um dos momentos mais fortes da noite foi o pedido da senadora Elizabeth Warren de que o bilionário tornasse públicos, os acordos de sigilo extrajudiciais firmados entre mulheres [as companhias dele] em casos de assédio e abuso sexual.

A resposta de Bloomberg foi vaga: os acordos são consensuais, portanto, legalmente, [ele] não poderia tomar essa decisão.

O ex-prefeito de Nova York também foi questionado pela política “stop and frisk” (parar e revistar), que foi ampliada durante sua gestão à frente da cidade.

Ela permitia que oficiais parassem e questionassem qualquer pessoa,que estivesse num espaço público, desde que tivessem um “motivo razoável”, para acreditar que a pessoa estava envolvida ou prestes a se envolver num crime.

Se os policiais suspeitassem que essa pessoa portava uma arma, podiam revistá-la ali mesmo.

“Stop and frisk” acabou afetando, de forma desproporcional, jovens negros e latinos. Um levantamento de 2010 – da ONG Centro para Direitos Constitucionais – apontou que essas minorias tinham nove vezes mais chances de serem “paradas e revistadas”, do que pessoas brancas.

Bloomberg mencionou que pediu desculpas pela política no ano passado.

Debatedores apontaram que, dentre aqueles no palco, ele era o único a não ter divulgado suas declarações de imposto de renda.

Bloomberg se justificou dizendo que, devido à sua fortuna e ao pouco tempo, desde que ele tinha entrado na disputa (dez semanas), ele ainda não tinha finalizado o levantamento – uma resposta que deixou a plateia em silêncio.

Mesmo tendo anunciado sua candidatura em novembro do ano passado – bem mais tarde que os demais concorrentes – ele conseguiu elevar seu índice de intenção de voto de 4,8%, em 1º de janeiro, para 16,5%, nesta semana.

O bom resultado nas pesquisas garantiu a participação do bilionário, que arca com as despesas de sua campanha e já investiu mais de US$ 330 milhões (R$ 1,4 bilhão) – uma pequena fração de sua fortuna, estimada em US$ 60 bilhões – em propaganda política.

Alvejado por todos os lados, Bloomberg se saiu um pouco melhor ao ser questionado sobre seus planos, para lidar a crise global do clima. Ele mencionou seus investimentos filantrópicos, em iniciativas de combate às mudanças do clima, e defendeu que os Estados Unidos ingressassem novamente no Acordo de Paris sobre o clima.

Mesmo assim, alguns de seus rivais foram mais ambiciosos ao tratar do assunto. O senador progressista Berne Sanders, por exemplo, mencionou a ideia de um New Deal Verde – um grande plano de investimentos, para transformar a matriz energética americana e estimular a geração de empregos.

O debate dessa quarta-feira (21), à noite, foi o primeiro desde o início das prévias, em Iowa, no dia 3 de fevereiro – New Hampshire também já votou para escolher seu pré-candidato.

O debate dessa quarta pode definir a liderança nesta altura da disputa. Atualmente, o ex-prefeito de South Bend, Indiana, Pete Buttigieg, está à frente com 22 delegados. O pré-candidato independente Bernie Sanders vem logo atrás, com 21.

A senadora Elizabeth Warren tem oito, seguida pela também senadora Amy Klobuchar, com sete. Em último lugar está Joe Biden, com seis.

O desempenho tímido do ex-vice-presidente Biden surpreendeu democratas, além de colocar em risco a continuidade de sua campanha. Muitos apostavam que ele poderia unir o partido, por se apresentar como o candidato com maiores chances de derrotar Donald Trump – um sentimento que vem se desfazendo com os resultados recentes.

No entanto, Biden aposta em recuperar esses votos nas prévias das próximas semanas, que acontecerão em estados em que a população negra, que o associa aos anos do governo Obama, pode apoiá-lo em massa.

De acordo com as regras do partido, o número de votos que cada candidato recebe, equivale a uma quantidade de delegados na convenção nacional da legenda – o cálculo é feito de forma proporcional, considerando o tamanho da população e o peso de cada estado.

Considerando a pulverização de candidaturas, nas primárias democratas, são altas as chances de que nenhum presidenciável alcance mais do que a metade dos delegados, em disputa, para assegurar a nomeação na convenção democrata, programada para julho.

No fim do debate, os candidatos foram questionados sobre o que fariam no cenário, em que ninguém conquistasse a maioria dos delegados.

Líder nas pesquisas, em nível nacional, Bernie Sanders foi o único a responder, que acredita que o político mais votado nas primárias democratas deveria ser, automaticamente, o nome do partido para enfrentar Donald Trump, em novembro. Todos os demais defenderam que caberia aos participantes da convenção democrata decidir os critérios, para escolher quem representará o partido. 

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