Sem alunos. Sem professores. Sem aulas. Assim estava a Escola Municipal Waldira Castro Martins, em Galileia, dois dias depois de a diretora Edna Gonçalves Lima e outras três servidoras da educação terem sido agredidas por um casal dentro da instituição de ensino. Nesta quarta-feira (13) à tarde, quando a Polícia Civil foi até o local para coletar mais informações sobre o caso, as marcas de sangues no chão da sala da supervisão já haviam sido limpadas e o batente da porta que havia se quebrado foi substituído, restando as imagens registradas pela câmera de monitoramento.
Na segunda-feira (11), no início da tarde, a diretora e outras três servidoras da escola foram agredidas por um casal. O homem e a mulher são tios de uma criança que teria se desentendido com um colega na quinta-feira (7).
Segundo informações da Polícia Civil, a mãe da criança foi chamada à escola para conversar sobre a situação e o casal a acompanhou. A diretora da instituição de ensino, Edna Gonçalves, contou que os envolvidos já chegaram alterados. A servidora então foi até a sala da supervisão da escola, como forma de se esconder. A porta da sala foi arrombada e servidoras agredidas com chutes e socos. O homem estava armado com um soco inglês, que foi apreendido pela polícia.
O casal foi preso após deixar a escola e encaminhado para a Delegacia da Polícia Civil em Governador Valadares. Após pedido do Ministério Público, a Justiça autorizou a prisão preventiva dos suspeitos. O caso segue sendo investigado pela PC.
Em nota, a Prefeitura Municipal de Galileia repudiou o ato de violência envolvendo as servidoras da educação. “Tal agressão é inadmissível, acima de tudo, em uma instuição de ensino, à qual cabe o mais importante dever social, que é o de educar as crianças e os jovens, preparando-os para o exercício da cidadania”. O comunicado segue informando que providências estão sendo tomadas.
Profissionais da educação e pais de estudantes realizaram uma manifestação na manhã desta quarta-feira (13) contra a violência sofrida pelas servidoras. Eles se concentram em frente à escola e, com cartazes, os manifestantes cobravam respeito aos profissionais da educação. Depois saíram caminhando pelas ruas da cidade. As atividades na escola estão previstas para retornar na próxima segunda-feira (18).
A secretária municipal da Educação, Elizabete Maria da Silva Gonçalves, caracterizou o caso como algo bárbaro, principalmente para uma cidade do interior como Galileia. “Quando a gente se depara com uma situação dessa, como nós nos deparamos aqui, na segunda-feira, cenas horrorosas, horríveis, a gente fica comovida pela situação que teve aqui. Foi um terror!”, disse Elizabete.
De acordo com a secretária, para as servidoras agredidas foram disoponibilizadas ajudas médica e psicológica, além de transporte para as consultas. A secretaria segue acompanhando o caso de perto e contribuindo com a Polícia Civil para elucidar o que ocorreu entre os alunos no dia 7.
“Após ter o conhecimento de que houve essa briguinha entre os alunos, eu vim buscar informações, a diretora também procurou. Nós temos tudo gravado pelas câmeras e não encontramos nada, apenas crianças brincando e correndo pelo pátio a fora. Nós fomos até as salas de aula para perguntar às crianças, e elas relataram que realmente houve um atrito entre um e outro. Uma das crianças chutou a outra na porta, e outra criança reivindicou e chutou também”. A secretária também esclareceu que entre as crianças não aconteceu nada de grave e que logo depois desta “briguinha” elas se entederam.
Sobre a desavença entre as duas crianças, ocorrida no dia 7 de abril, o Conselho Tutelar da cidade comunicou, por meio de nota, que “depois de ser acionado por uma mãe a respeito de uma suposta agressão contra o seu filho, registrou a denúncia e tomou as providências devidas, de acordo com o Art. 136 da Lei 8069/90. Na segunda-feira, dia 11 de abril, o conselheiro Marco Antônio Ramos de Aguiar foi até a escola a convite da diretora, conforme ofício 08/04 oriundo daquela instituição de ensino. Ao apresentar a questão à diretora, foi acertado que ela iria conversar com os alunos e na quarta-feira, 13.04.2022, o conselheiro voltaria para ver as imagens das câmeras, para averiguar se de fato ocorreram as agressões” .
A nota se encerra dizendo que “o Conselho Tutelar de Galileia-MG repudia as agressões aos profissionais da educação e que os verdadeiros culpados devem ser responsabilizados. Afirmamos ainda que sempre estaremos dispostos a prestar qualquer esclarecimento acerca desse e de outros fatos que abarcam o campo de atuação do Conselho Tutelar”.