Nos dias 21 e 28 de novembro serão aplicadas as provas para o Enem 2021. São 3,1 milhões de estudantes inscritos – a menor taxa dos últimos dezesseis anos – e a redação é um dos momentos mais esperados pelos candidatos.
Essa etapa da avaliação costuma gerar bastante apreensão entre os estudantes, já que o tema a ser abordado só é comunicado no momento do exame. O candidato deve tirar uma nota mínima de 450 pontos para estar dentro da média geral. Mas a palavra “mínima” não costuma fazer parte do vocabulário de quem sonha mesmo com o resultado máximo: a nota mil.
No Enem de 2019, dos 53 candidatos que fecharam a redação, 13 eram somente de Minas Gerais, enquanto os outros 40 se dividiram entre 16 estados e Distrito Federal. Ou seja, para nosso orgulho, Minas obteve o maior volume de aprovados pertencentes a um mesmo estado. Já no ano passado, entre os 28 candidatos que alcançaram a nota mil (quase 50% a menos que o ano anterior), estava uma mineira de Conselheiro Lafaiete.
A valadarense Júlia Raydan, de 18 anos, também fez o Enem no ano passado e passou, digamos que “raspando”, na nota máxima. A agora estudante de jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) fez 980 pontos na redação e contou ter sentido um misto de felicidade e surpresa com o resultado.
“Eu esperava obter um resultado satisfatório, mas não tão alto assim. A correção do Enem é muito específica, então eu não sabia exatamente o que esperar. Portanto quando olhei a nota fiquei realmente muito surpresa! E muito feliz também!”, relembrou a universitária.
Júlia também recordou sobre o desafio que enfrentou no último ano, ao ter que se preparar para o exame sem ter aulas presenciais. Mesmo assim, manteve o foco por acreditar na importância que a redação teria para o resultado final.
“A jornada foi um pouco complicada devido à adaptação ao ensino remoto, mas tentei ao máximo me dedicar para tirar uma nota satisfatória. Dei muita prioridade para a redação porque sabia que ela pesaria muito na nota. Por isso fazia redações duas vezes por semana, escrevendo sobre diferentes temas e trabalhando na minha argumentação”.
Uma missão totalmente possível
A professora de redação Mary Sathler incentiva seus alunos não só a acreditarem na possibilidade da nota máxima, mas explica sobre os meios necessários para essa conquista.
“É possível. Se a aluna ou o aluno tiver algum conhecimento sobre os principais eixos temáticos, basta fazer uma articulação com o tema, de maneira consistente e estratégica.”
E nem pense que você precisa ser um ‘expert’ no tema. Sathler destaca que o importante é não deixar seu texto fugir da proposta.
“A proposta de redação também conta com os textos motivadores que podem auxiliar na compreensão do tema de maneira mais aprofundada. Mas é válido dizer que o tema é um aspecto muito importante no momento da avaliação e o estudante deve tomar muito cuidado para não fugir do tema, nem tangenciar (quando o tema não é abordado de maneira completa)”.
Mesmo sem ter sido aluna da Mary Sathler, a Júlia seguiu estes mesmos passos, confirmando que com uma boa estratégia de estudo, prática e argumentação, o “notão” chega.
“O que me ajudou a alcançar essa nota [980] foi o conjunto de três fatores: o treino, que é o mais importante – penso que é necessário escrever pelo menos uma redação por semana para atingir um bom resultado -, o domínio da técnica da dissertação argumentativa, e, por fim, o uso de estratégias argumentativas de variadas áreas do conhecimento para construir o senso crítico necessário na escrita da redação”.
Não cometa estes erros
Ainda de acordo com a professora Mary Sathler, os erros mais comuns estão relacionados à norma padrão da língua portuguesa.
Ela faz questão de alertar sobre uso da vírgula, acentuação, ortografia, crase, concordância e demais exigências da gramática.
Além disso, Sathler ressalta que “a norma padrão será avaliada somente na competência 1, então é importante ficar atento ao que é solicitado nas outras competências também para que não cometa deslizes e inadequações”.
Os principais passos para se chegar à nota mil
Estas são recomendações que, para a professora de redação, podem ser cruciais ao resultado do exame.
- Analisar o tema com atenção, identificando todas as palavras-chaves, assim como ter um ponto de vista explícito que será defendido ao longo da redação.
- É necessário ter conhecimento do tipo textual dissertativo-argumentativo, organizando o texto com introdução, desenvolvimento e conclusão.
- Escrever o texto com coerência e coesão.
- Na conclusão, apresente uma proposta de intervenção para os problemas apresentados na redação
“O hábito da leitura é um diferencial, pois aumentará o repertório de vocabulário e de conhecimentos. Além disso, é importante ficar informado sobre os acontecimentos atuais, assim como assistir filmes, séries e documentários com temáticas diversas, para que tenha mais repertório sociocultural”.
A futura jornalista Júlia também deixou seu recado para quem vai fazer a prova.
“Escrevam muito! Treine sempre que puderem, escrevam sobre diferentes temas da atualidade. Acho que o ideal é conseguir escrever a redação com no máximo 1 hora e 30min. Tenham domínio da estrutura da redação também, quantas linhas utilizar em cada parágrafo, quais são as competências avaliadas. Além disso, penso que é importante trabalhar em uma linguagem objetiva do texto, para que o corretor compreenda sua argumentação de forma clara”.
Como uma última recomendação, Mary Sathler aconselha aos estudantes a analisar redações que alcançaram a nota máxima nas edições anteriores do Enem e ler a cartilha do participante disponibilizada pelo MEC e pelo Inep com bastante atenção.
Para quem deseja uma boa preparação, a professora compartilha dicas gratuitamente em seu Instagram: @prof.marysathler