por Paula Soprana (FOLHAPRESS)
Dez companhias de capital aberto do Brasil estão na fila para obter a certificação do Sistema B, programa com mais de 200 métricas que avalia a sustentabilidade. Contando com as pequenas e médias, são 5.800 empresas que iniciaram o processo de medição.
Após a Natura, a locadora Movida recebe o selo nesta terça (21). É a segunda empresa listada em Bolsa a obtê-lo.
Alheio ao descaso do governo com a pauta ambiental, no último ano, o setor privado tem recorrido ao selo para competir por recursos de fundos internacionais.
“O Brasil tem o maior pipeline [fluxo] de empresas nesse processo no mundo. São 5.800 que iniciaram o processo de medição, o que coloca o Brasil no protagonismo de uma economia mais inclusiva e sustentável”, afirma Marcel Fukayama, presidente da certificadora no país.
Gerdau e Magazine Luiza já manifestaram interesse na certificação. Ao todo, 162 marcas têm o selo no Brasil.
Presente em mais de 70 países, o sistema é um conjunto de métricas que posicionam empresas em uma escala de 0 a 200 (sendo 80 o mínimo necessário). O programa é aplicado em cerca de 150 setores econômicos.
Ao entrar na medição, a empresa é avaliada em cinco áreas: governança, modelo de negócio, impacto ambiental, impacto comunitário e relação com empregados.
Passam pelo crivo da certificadora questões como equidade de gênero, múltiplo salarial (diferença de rendimento entre o presidente e o funcionário que recebe menos), política energética e escolha de fornecedores.
“Cada vez mais os investidores cobram isso das empresas de capital aberto”, diz Renato Franklin, presidente da Movida. “Grandes fundos têm agenda de sustentabilidade.” A Movida, ele diz, adotou compromisso de compensação de 100% da emissão de carbono até 2030.
A Bolsa já tem um índice próprio de sustentabilidade, o ISE, que se valorizou 33% no último ano. Muitas das participantes, no entanto, não se encaixam no selo B.
“A Vale só saiu do ISE depois de Brumadinho. Há dificuldade em separar a questão ambiental, mas com certeza sua exclusão fez com que fundos a tirassem do portfólio”, diz Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos.