Em encontros do Vale do Aço e Noroeste do Recomeça Minas, sugestão é de taxas menores e menos exigências do BDMG
Uma nova linha de crédito do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), com juros mais baixos e menos exigências, para permitir capital de giro e a retomada das micro e pequenas empresas, atingidas pela pandemia da covid-19. Esta foi a principal sugestão apresentada, nessa sexta-feira (16), na abertura do segundo dia de encontros regionais do Recomeça Minas, plano da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para incentivar a recuperação econômica do Estado.
Os encontros têm por objetivo coletar contribuições dos municípios para aprimorar o Projeto de Lei (PL) 2.442/21, que contém o plano. Pela manhã foram realizadas duas reuniões remotas das regiões do Vale do Aço e Noroeste, tendo como base as cidades de Ipatinga e Unaí.
Participantes dos dois encontros foram unânimes em considerar que os descontos das dívidas das empresas e o parcelamento dos débitos, previstos na proposição, são insuficientes para garantir o saneamento das empresas.
Grande polo do agronegócio, o Noroeste tem sofrido com a alta de insumos e equipamentos, o que repercute, também, no aumento do preço dos alimentos para o consumidor final. O prefeito de Unaí, José Gomes Branquinho, afirmou que os pequenos produtores de leite foram os mais atingidos pela crise sanitária e econômica. Ele sugere que a instituição financeira socorra a categoria, oferecendo prazos mais longos e taxas menores nos financiamentos.
Jane Guimarães Campos, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Patos de Minas, sugeriu a redução de ICMS nas operações de aquisição de insumos e equipamentos, para minimizar a crise no setor agrícola.
Guilherme Correia de Oliveira, presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Patos de Minas, defendeu uma redução de impostos permanente em Minas, ao considerar que o Estado tem a mais alta tributação do País. “Isso tem que ser revisto, senão teremos sempre que fazer essas pactuações de dívidas, pois o empresário não consegue pagar tantos impostos”, explicou.
Comerciantes querem regras mais flexíveis para empréstimos
Representantes de entidades comerciais também clamaram por mais acesso ao crédito, com a flexibilização das exigências apresentadas pelo banco. Presidente do Sindicato do Comércio (Sindcomércio) de Patos de Minas, Eduardo Soares Ferreira, disse que o setor responde por 60% dos empregos gerados na região. Somente em Unaí, são 25 mil empregos no comércio e prestação de serviço. “Este alívio financeiro será fundamental para a perpetuação destas empresas”, argumentou.
Robertus Ferdinandus Van Doorniks, do Sindcomércio e da CDL de Paracatu, acrescentou que 75% das empresas estão endividadas e muitas já fecharam as portas e estão impossibilitadas de reabrir.
Já o secretário de governo de Ipatinga, Roberto Soares, pediu apoio financeiro para dois setores que estão em situação crítica na cidade: o artístico e o empresarial. “Conto com a sensibilidade dos deputados para pensarmos em incentivar estas duas classes”.
Presidente do Sindcomércio do Vale do Aço, José Maria Fagundes. afirmou que o parcelamento e isenção de juros em impostos como o ICMS e o IPVA podem ajudar a classe empresarial, além dos créditos facilitados. Vice-presidente industrial da Usiminas, Américo Neto, sugeriu a flexibilização de horários de trabalho, para manter empregos e evitar aumento da contaminação e impacto nos leitos hospitalares.
Energia elétrica – Outra queixa recorrente entre os participantes foi a tarifa de energia elétrica e os cortes que têm sido promovidos pela Cemig nas empresas inadimplentes. A presidente da Associação Comercial e Empresarial e da CDL de Unaí, Eliana Oliveira Zica Pereira, lamentou que muitas empresas estão fechando porque não estão conseguindo pagar a tarifa.
O representante da Ordem dos Advogados do Brasil em Unaí, Danilo Antônio Lucas Alvim, sugeriu a redução da alíquota para produtores de leite, segmento muito afetado pelo aumento de custos de produção. A sugestão do presidente do Conselho de Administração do Sicoob Noroeste de Minas, Nelson Noivo, foi o parcelamento das dívidas para evitar os cortes de energia.
Deputados apoiam sugestões
Todos os deputados que participaram dos encontros apoiaram as demandas apresentadas. Relator do projeto na Comissão de Constituição e Justiça, Hely Tarqüínio (PV) admitiu que a doença promoveu uma tragédia que atinge a vida humana e a economia. “Precisamos de uma simbiose entre a iniciativa privada e o poder público para encontrar soluções”, afirmou.