Obrigatoriedade, dever cívico e preocupação com a pandemia foram algumas das justificativas de ir ou não votar no próximo domingo
O segundo turno das eleições municipais acontecerá no próximo domingo (29), em meio à pandemia da Covid-19. Com 213.886 eleitores aptos a votar em Governador Valadares, o primeiro turno na cidade registrou uma abstenção de 32,01%, além de 5,16% de votos brancos e 6,48% de nulos. O Diário do Rio Doce ouviu alguns eleitores sobre o sentimento de ir às urnas neste segundo turno, em um contexto de onda vermelha do programa Minas Consciente.
Valter Assis mora no bairro Grã-Duquesa e trabalha como vendedor e comunicador. Ele relata que só vai mesmo votar porque não quer ter problema no futuro, e ainda está indeciso sobre a escolha que irá fazer nas urnas.
“Com tudo que nós estamos passando hoje, vou votar por obrigação, para evitar ter um contratempo lá na frente. No primeiro turno eu votei em um outro candidato que não chegou ao segundo turno, e ainda não decidi em quem votar”, disse.
A autônoma Maria Marília da Silva de Lima mora no Nova Vila Bretas. Mesmo fazendo parte do grupo de risco, pela idade, ela faz questão de exercer o direito de voto, apesar de achar que a eleição poderia não estar acontecendo, devido à pandemia.
“Eu sempre gostei dessa questão de votar. Às vezes eu penso que está ruim a situação, mas, se a gente não tentar, nunca vamos acertar. Estou com 66 anos e, mesmo assim, vou votar. Particularmente, acho que não deveria ter eleição e aguentar um pouco mais para ver se a situação melhoraria, mas, como está marcado, vamos exercer a cidadania, o mais certo a se fazer”, afirmou.
Fabiany Rodrigues Santos Macêdo é supervisora comercial e mora no bairro de Lourdes. Ela ainda está na dúvida se vai ou não votar e destaca que essa questão não está relacionada à pandemia, e sim por não acreditar em mudança.
“Votei no primeiro turno, mas no segundo ainda estou pensando seriamente se vou ou não, por não acreditar em solução e melhoria, independente de quem vença. Estou desanimada, e essa indefinição por causa da pandemia, se está na onda vermelha ou não, o que vão fazer, se flexibiliza, se não flexibiliza, esse chove não molha, que acho o pior do que deixar aberto ou fechado tudo. Não me preocupo se voto ou não por causa da Covid. Meu voto do primeiro turno não será mantido para esse segundo turno, pois ainda estou pensando se vou ou não votar, ou até justificar”, comentou.
O estudante universitário Arthur Dolabela votou no primeiro turno, mas já decidiu que não irá votar no segundo turno, pois não acredita estar seguro, por causa da pandemia, e também por não ver os candidatos como as melhores escolhas.
“Eu não vou votar, pois, em meio a uma pandemia que assola o mundo, não é seguro ir a uma zona eleitoral realizar nosso dever perante a república, e também por não me simpatizar com nenhum candidato”, declarou.
A vendedora Franciene Rettich é casada, tem três filhos menores e mora no Jardim Alice. Ela explica que tem receio de votar por causa da pandemia, mas que irá cumprir a obrigação e manterá o mesmo voto do primeiro turno.
“A nossa vontade aqui em casa é não votar, porque, se a gente não pode trabalhar, também não deveria ir votar. Só vamos votar porque é obrigatório, e se caso surgir uma oportunidade de viajar e não precisar justificar o motivo de não ter votado. A vontade mesmo é de ficar em casa. As reportagens que a gente vê são de que as coisas estão realmente difíceis e a situação é grave. Só saio mesmo para trabalhar, enquanto meus filhos ficam tudo preso dentro de casa”, comentou.
Gessimar Martins, morador do Grã-Duquesa, é professor de treinamento funcional e preparador físico. De acordo com ele, as eleições não deveriam acontecer neste momento de pandemia, e ele está indiferente com o segundo turno.
“Pelo momento que estamos vivendo, não deveria ter política. Sentimento de tristeza que tenho atualmente: pessoas morrendo, pessoas desempregadas, e políticos se preocupando com a política. Fui para o primeiro turno votar só por votar. Agora, nesse segundo turno, não pretendo votar; vou justificar. Se não podemos trabalhar, por que temos que votar?”, questionou.
O professor de educação física Breno Coelho, que mora no bairro Vila do Sol II, acha uma incoerência o processo eleitoral acontecer neste momento, já que as medidas são de isolamento social.
“Acho o maior absurdo essas eleições estarem acontecendo. Todas as recomendações e procedimentos estão sendo para um processo de isolamento social e distanciamento. Já no processo eleitoral acontece o contrário, pois mandam as pessoas para um local votar, o pessoal coloca o dedo nas teclas da mesma urna, etc. No primeiro turno fui votar e anulei meu voto, e nesse segundo vou tentar justificar o voto pelo aplicativo disponibilizado. A hora é de ficar em casa. É um absurdo! Esse pessoal sabe que está aumentando o processo da Covid-19 nesse período eleitoral que está deixando acontecer. Por também não acreditar nas opções que temos no segundo turno, devo optar por justificar”, declarou.
O fotógrafo Juninho Nogueira mora no bairro Sir e ressalta que vai votar por querer mesmo, mas entende que o voto não deveria ser obrigatório.
“Vou votar nesta eleição por causa do dever cívico e vontade própria, apesar de não gostar dessa questão de voto obrigatório. Pregam sempre sobre liberdade de expressão, mas se o voto é obrigatório, é uma espécie de ditadura. Mas no segundo turno não mudei a ideia do voto e continuará como foi no primeiro turno, pois vejo que é o melhor desde o início da campanha”, afirmou.