Distúrbios alimentares: o que são e como identificá-los?

FOTO: Divulgação

Os chamados distúrbios alimentares, ou transtornos alimentares, são as alterações nos hábitos alimentares de uma pessoa e têm se tornado cada vez mais comum. O que para muitos pode parecer uma escolha, ou um estilo de vida, pode ser uma doença associada a pensamentos e emoções, podendo, inclusive, ser fatal. A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) estima que mais de 70 milhões de pessoas no mundo sejam afetadas por algum transtorno alimentar, sendo a anorexia e a bulimia as mais comuns.

A anorexia, de maior incidência no público de 12 a 17 anos, e a bulimia, se mostrando mais presente no início da vida adulta. Ainda de acordo com a ABP, os problemas afetam tanto mulheres quanto homens, mas são as mulheres as mais afetadas pelos distúrbios.

A psicóloga Érica Alves contou em entrevista ao DIÁRIO DO RIO DOCE que é preciso atenção quanto aos distúrbios. “Os transtornos se iniciam com alguma disfunção mental, podendo estar ligados a ansiedade e depressão, mas podem aparecer também na infância. Hoje temos uma quantidade grande de crianças com seletividade alimentar, coisa que não era tão comum, tendo casos de bebês com essa seletividade. No passado já existiam esses transtornos que, em sua maioria, são ligados à obesidade, mas que, com a bulimia e anorexia, acabaram ganhando força na década de 80 e 90 devido ao boom das modelos e do chamado ‘corpo perfeito’”, explicou.

De acordo com a especialista, a ansiedade é a principal causa dos distúrbios. “O causador mais comum que vemos hoje no consultório é a ansiedade. É a saúde mental que desencadeia o transtorno alimentar e o próprio transtorno desencadeia outras patologias do transtorno mental, virando uma bola de neve que a pessoa não consegue controlar”.

O que são as doenças?

Segundo a médica Tiara Grossi, os Transtornos Alimentares compõem um grupo de doenças que são caracterizadas por hábitos alimentares irregulares levando a um sofrimento grave ou preocupação com o peso ou a forma do corpo. Tendo as seguintes características:

  • Anorexia: Muitas pessoas com anorexia se consideram com sobrepeso, mesmo quando estão claramente abaixo do peso, e passam a diminuir abruptamente a quantidade de comida. Em casos mais graves, o anoréxico exagera na atividade física, no jejum e até a fazer uso de laxantes e diuréticos.
  • Bulimia: É caracterizada por compulsão alimentar repetida, seguida por comportamentos que compensam os excessos devido à culpa e medo do ganho de peso. Comportamentos estes que vão da indução do vômito à indução de diarreia por meio de remédios.
  • Transtorno de compulsão alimentar: A compulsão alimentar periódica, em que a pessoa precisa regularmente ingerir comida em excesso, pode ser caracterizada por comer rapidamente ou comer mais do que o planejado, mesmo quando não estiver com fome. O que muitas vezes causa a obesidade.

Prejuízos mentais e físicos

Além da saúde mental, os transtornos podem causar danos à saúde física do paciente, podendo gerar deficiências nutricionais e doenças graves. A médica Tiara Grossi explica que além de deficiências nutricionais, os distúrbios alimentares podem ser prejudiciais para o corpo como um todo, causando danos cerebrais, insuficiência múltipla de órgãos, perda óssea, dificuldades cardíacas e infertilidade.

“Pessoas com esses transtornos estão mais propícias a terem outras doenças. A compulsão, por exemplo, gera a obesidade e pode levar a quadros de pressão alta, diabetes, entupimento de veias e refluxo. A anorexia causa perda muscular, algumas mulheres deixam de menstruar, ou no caso dos meninos deixam de produzir espermatozoide. Já a bulimia, prática comum, traz doenças gástricas graves, aumentando riscos de doenças como câncer no estômago e danos graves no fígado e rim”.

Como identificar os distúrbios?

Segundo a psicóloga Érica Alves, o paciente, na maioria das vezes, não consegue ver o distúrbio alimentar como doença. Então cabe às pessoas mais próximas observar sinais como emagrecimento acentuado, reclamações sobre estar fora do padrão de beleza ou idas frequentes ao banheiro após se alimentar.

“Esses quadros são mais comuns em adolescentes, por isso, a família deve observar a perda de peso, se está comendo direito, se não está tendo uma indução do vômito. As crianças não ficam de fora… Quando falamos de alimentação, principalmente nas crianças, dá para os pais ajudarem não comprando muita besteira, evitando alimentos industrializados durante a semana, tentando sempre manter a alimentação saudável e rica em vitaminas. Já no caso de adultos é mais difícil, já que as pessoas precisam tomar essa iniciativa”, afirma.

Ela destaca ainda que, infelizmente, muitos não buscam ajuda. “Grande parte não busca um profissional e acaba aderindo a dietas, remédios e outras formas de tentar amenizar o problema. O que acaba piorando. Então o ideal é procurar ajuda psicológica e, caso necessário, o psicólogo dará o encaminhamento ao paciente [a um médico]”.

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