Despedida do jornalista Marcos Mendes é marcada por emoção e homenagens

Mendes estava internado no Hospital São Lucas, em Valadares, onde morreu no início da noite de terça-feira (29), vítima de enfisema pulmonar.Foto: Divulgação

por Eduardo Lima | eduardolima.drd@gmail.com

Família, amigos e ex-alunos se despediram, na última quarta feira (30), do jornalista Marcos Mendes. Uma partida que pegou a todos os colegas dos meios de comunicação de surpresa

Mendes estava internado no Hospital São Lucas, em Valadares, onde morreu no início da noite de terça-feira (29), vítima de enfisema pulmonar. O velório começou às 8 horas de quarta-feira (30), na Capela Velório Santo Antônio, e foi até as 10 horas. Na sequência, o corpo do jornalista foi levado para ser sepultado em Manhuaçu (MG), cidade onde nasceu. A prefeitura de Governador Valadares decretou três dias de luto.

Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Vale do Rio Doce (Fadivale), diplomado pela Escola Superior de Guerra II Cepe GV e mestre em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo, Mendes atuava na Câmara Municipal de Governador Valadares havia quase 30 anos; era chefe da assessoria de imprensa do órgão. Também foi professor e coordenador do curso de jornalismo na Universidade Vale do Rio Doce (Univale). Lecionou durante 16 anos na instituição, contribuindo para a formação de centenas de jornalistas e publicitários. O jornalista ainda teve passagem marcante pelo jornal DIÁRIO DO RIO DOCE, como editor-chefe do caderno ‘Agenda’, na década de 80. Também foi colunista na Revista Movimento e assessor de imprensa de vários políticos.

Provocador, elegante, intelectual e com bom gosto para queijos e vinhos, Mendes era admirado por todos os colegas de imprensa. A célebre frase: “Jornalista tem que ler, tem que ler, tem que ler” se tornou o bordão do jornalista, que alegrava as aulas de Teorias da Comunicação na Univale.

Homenagens

“Mendes era uma pessoa sensacional. Carregava uma alegria no olhar e uma humildade no coração. Um ícone do jornalismo em Valadares, sempre teve o respeito, não só dos jornalistas, mas de todos que o conheciam. Ele sempre estava disposto a ajudar e a ensinar. Eu, particularmente, tenho uma admiração especial. Foi meu professor, paraninfo da turma. Sentirei muita falta, mas carregarei sempre seus ensinamentos” – Paula Magali, ex-aluna.

“Mendes foi um professor provocador. A inquietude do bom jornalismo. Marcos não chegou a ser meu professor, mas fomos colegas de sala de aula e de coordenação; tanto ele quanto eu na coordenação. A mensagem da vida jornalística do Mendes será sempre: não há jornalismo sem as grandes narrativas. O tempo contará as narrativas do Mendes, e o resultado disso é que veremos que sua narrativa é literária. Aí me lembro de Helen Geraldes, minha referência de narrativas: o narrador conta com palavras o que faz sentido à existência” – Dileymarcio de Carvalho, coordenador do curso de Jornalismo na Univale.

“Mendes chegou por aqui em 1982. Eu tinha uma coluna no DIÁRIO DO RIO DOCE e o indiquei ao editor-chefe, que na época era o Ivanor de Tassis. Mendes trabalhou como editor-chefe do caderno Agenda até passar no concurso público na Câmara Municipal. Depois se tornou professor acadêmico na Univale. Foi paraninfo de várias turmas, era querido por todos os alunos. Seu último trabalho antes de ser internado foi o cerimonial da minha posse para o dia 4 de fevereiro. Ele deixou tudo pronto e ainda me avisou antes de fazer uma viagem para Belo Horizonte. Isso foi mais uma prova de sua extrema competência como assessor. Elegante, inteligente, uma pessoa íntegra, meu conterrâneo, uma grande figura. O jornalismo de Valadares ficou órfão com sua partida” – Júlio Avelar, presidente da Câmara de Vereadores de Governador Valadares.

“Tive a oportunidade de conviver com o mestre Marcos Mendes em três períodos diferentes, sempre na Assessoria de Comunicação da Câmara Municipal. A última vez no fim do ano passado, quando pudemos nos despedir com um abraço raro. Posso dizer que Mendes conhecia como poucos a complexidade de cada setor do Legislativo, dominava o Regimento Interno e dava verdadeiras aulas de cerimonial em meio às inúmeras reuniões especiais promovidas pela Casa. Não se dava a ostentar fortunas. Viveu o contraste de ser um homem fino, com jeito professoral, e de hábitos simples. Sem nunca ter sido oficialmente seu aluno, o convívio acabou por me tornar. E é essa a lembrança que sempre terei dele: um grande professor de todos os jornalistas de Valadares; um servidor cujo nome jamais será desvinculado da política local” – André Manteufel, jornalista e ex-colega na Assessoria de Comunicação da Câmara Municipal.

“Mendes foi um dos primeiros jornalistas com diploma de Comunicação Social a exercer a profissão em Governador Valadares. Ele era um jornalista ‘diferenciado’, palavra que a crônica esportiva consagrou como referência aos craques da bola. E ele era um craque no jornalismo. Sabia escrever um texto factual, crônica, artigo, reportagem, tudo sobre os mais diversos assuntos. Lia vários autores da literatura brasileira e mundial, e sempre orientava seus alunos dos cursos de Jornalismo a se debruçar sobre os livros. Ficou famoso o seu mote ‘jornalista tem que ler, ler, ler…’. Poucos souberam de um outro lado da atuação de Marcos Mendes: a caridade. Ele era Vicentino, membro da Sociedade São Vicente de Paulo, e atuava na Igreja Católica, em ações de evangelização e benemerência. Uma grande amigo que eu tive” – Tim Filho, jornalista e produtor cultural.

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