Em decorrência do volume de chuvas intensas, que têm assolado todo o Estado de Minas, representantes da Defesa Civil estadual estão em Governador Valadares, para tratar sobre ações a serem tomadas após a enchente. Com o retorno do rio Doce ao leito normal, nas primeiras horas do dia desta terça-feira (28), as áreas afetadas deverão receber limpeza, bem como, assistência aos moradores. Os dados mais recentes mostram: mais de 15 mil pessoas desalojadas e cerca de 470 pessoas desabrigadas na cidade.
Após o prefeito André Merlo decretar, nessa segunda-feira (27), situação de emergência, no município de Governador Valadares, órgãos de segurança do município, juntamente com a Defesa Civil estadual, se reuniram nesta terça-feira (28), na 8ª Risp, para estabelecer ações e demandas ao Governo Federal, para minimizar os impactos provocados pelas cheias do rio Doce, em Governador Valadares. Apesar do nível do rio Doce ter diminuído, nas últimas horas, André pediu cautela para os moradores ribeirinhos, antes de voltarem para suas casas. “Graças a Deus, o nível do rio Doce está abaixando, mas a gente vai permanecer prevenidos, porque existem previsões de mais chuva nas cabeceiras. Portanto, iremos ficar em alerta. Agora, estamos montando uma estratégia de limpeza na cidade. Pedimos aos moradores, que ainda não retornem para suas casas nessa situação”, alertou o prefeito.
Defesa Civil estadual
O representante da Defesa Civil estadual, Flávio Fagundes, garantiu que ações serão tomadas, para a recuperação dos estragos e auxílio à população. Entre elas, a liberação de recursos do Governo Federal. “As ações da Defesa Civil chegam para somar com as medidas que vêm sendo aplicadas, pelo município de Valadares. Nós temos hoje uma equipe, em Belo Horizonte, para auxiliar todos os municípios atingidos. A partir daí, estaremos repassando as informações ao Governo do Estado, para a concessão de recursos às áreas mais atingidas pelas fortes chuvas”, disse.
Fagundes esclareceu que recursos federais e estaduais, para a recuperação da cidade, através do Decreto de Emergência, só serão liberados mediante solicitação da administração municipal. “Todo esse trâmite de apoio é baseado pela administração pública de cada cidade. A partir desse levantamento, que o Governo vai favorecer recursos às pessoas, que tiveram os seus imóveis e demais danos materiais, afetadas pelas chuvas”, ressaltou.
Polícia Civil continua investigando possível derramamento de óleo no rio Doce
Durante a reunião, a Polícia Civil também comentou sobre as investigações, de um provável derramamento de óleo ter se misturado às águas do rio Doce, na Ilha dos Araújos. Segundo a PC, equipe de perícia foi ao local para coletar amostras e realizar exames. “A amostra desse material será encaminhada, ainda hoje, para o instituto de criminalística. Ainda ontem, nós realizamos outras diligências para tentar identificar a origem deste material, mas precisamos de uma perícia técnica. Só assim, para responsabilizar criminalmente e administrativamente os responsáveis, por esse possível derramamento de óleo na região da Ilha”, afirmou o delegado Vinícius Sampaio da Costa.
Rejeitos da Samarco podem ter sido motivo das cheias no rio
Outro questionamento, levantado durante a reunião, foi o possível assoreamento no rio Doce, causado pelo rompimento da Barragem de Fundão, em 5 de novembro de 2015, ser a causa do transbordamento do curso d’água para os bairros na cidade.
O grande volume de chuvas, registrado nos últimos dias, elevou o nível do rio de maneira rápida, levando apreensão aos moradores ribeirinhos. A dúvida é se o acúmulo desse material, no leito do rio, pode deixar a cidade mais vulnerável ao regime de enchentes. De acordo com o prefeito André Merlo, já estão sendo realizados estudos técnicos, para identificar a altura do assoreamento no fundo do rio Doce. “É prematuro afirmar isso, mas essa questão já está sendo analisada por outros órgãos, e iremos informar à população se essa é a verdadeira causa”, disse.
Doações continuam
O Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar continuam recolhendo doações para as vítimas da enchente, em Valadares. Estão sendo solicitados, principalmente, materiais de limpeza, higiene pessoal, colchões e roupas de cama.
Fundação Renova Responde
Sobre a possibilidade de assoreamento no rio Doce ser o motivo do transbordamento do curso d’água para os bairros durante as últimas chuvas a Fundação Renova se defendeu. Veja a reposta da entidade na íntegra:
“A Fundação Renova esclarece que, nos trechos do rio Doce após a UHE Risoleta Neves (MG) até Linhares (ES), a passagem dos rejeitos advindos do rompimento da barragem de Fundão ficou restrita à calha do rio. Conforme descreve o Plano de Manejo de Rejeitos, sob análise da Câmara Técnica de Rejeitos, as partículas do rejeito – devido ao seu tamanho, são mobilizadas e transportadas em suspensão pelo rio na coluna d’água.
É importante destacar que os estudos demonstram que os locais onde foram identificados sedimentos contendo rejeitos são pontuais e as poucas espessuras encontradas não provocam impactos na dinâmica superficial.
Portanto, não há evidências de que o rompimento da barragem de Fundão tenha causado impactos na elevação dos níveis do leito e das margens e, com isso, tenha aumentado a suscetibilidade a inundações, erosão ou assoreamento nesse trecho, os quais ocorrem por consequência de cheias sazonais naturais”, defendeu