Setembro tende a registrar temperaturas elevadas
GOVERNADOR VALADARES – Considerado um mês tipicamente seco, setembro teve o início marcado pela baixa umidade do ar em várias cidades da região, incluindo Valadares. O período, caracterizado pelo fim do inverno e o início da primavera, neste ano tem causado preocupações para a Defesa Civil, que emitiu um alerta de prevenção para a população.
Ao final do mês de agosto, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) publicou uma previsão climática para setembro. O Sudeste, nesse ínterim, ocupa o grupo de regiões que podem sofrer com chuvas abaixo da média geral. Ainda de acordo com o instituto, a previsão indica que o calor deverá ser acima da média em grande parte do País, com possibilidade de ocorrência de calor em excesso em algumas regiões.
Doutora em Geografia e professora do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), Daniela Cunha, explica que a redução das chuvas em parte do país nesta época do ano deve-se à persistência de massas de ar seco, ocasionando a diminuição da umidade relativa do ar.
“O mês de setembro é o último mês da estação seca na região, a qual ocorre de abril a setembro. Dessa forma, ainda é um mês de baixos volumes de chuva e, consequentemente baixa umidade relativa do ar, especialmente durante a tarde. Contudo, neste ano, a situação está mais crítica, pois desde 19 de abril não temos chuva em volume considerável. Ou seja, os meses da estação seca já são caracterizados por baixos volumes de chuva e neste ano nem os baixos volumes ocorreram. Logo, setembro está se firmando como o mês com o ápice da seca do período”.
Em 2024, o período de estação seca, caracterizado pela ausência de chuvas, está diretamente ligado com a maior atuação de um sistema atmosférico denominado Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul (ASAS). “Ele é um anticiclone, ou seja, um centro de alta pressão atmosférica com giro anti-horário que promove a subsidência/descida do ar atmosférico, assim, ele acaba atuando como um bloqueio atmosférico, impedindo a entrada de frentes frias, as quais poderiam ocasionar chuvas nessa época e amenizar a secura do ar”, salienta Daniela.
CUIDADOS COM A SAÚDE
A professora ressalta também que os próximos dias de setembro aguardam chuvas abaixo da média e temperatura mais elevada. Desse modo, a baixa umidade do ar tende a afetar a saúde, podendo causar dores de cabeça, ressecar as vias respiratórias, tornando-as mais propensas a infecções e irritações, ainda podendo potenciar condições como asma e bronquite. “É importante que as pessoas tenham maior cuidado com a saúde, principalmente os que possuem problemas respiratórios e cardíacos. Deve-se tomar muita água, comer alimentos mais leves, evitar a realização de atividades físicas em horário de exposição ao sol, umidificar ambientes com baldes de água, toalha molhada ou umidificador”.
Ainda em tom de alerta, Daniela pontua a atuação direta da poluição, que foi causada nos últimos anos, com o atual momento climático no planeta.
“Os problemas de saúde decorrentes da baixa umidade do ar têm sido agravados pela névoa de poluição diária que temos observado na atmosfera. Nossa atmosfera tem ficado acinzentada devido aos inúmeros incêndios criminosos que têm ocorrido em toda a região. A poluição retida próxima à superfície agrava ainda mais os problemas respiratórios, como rinite e sinusite, e pode levar a doenças mais graves como infecções respiratórias, câncer de pulmão, doenças cardíacas. É o ser humano causando mal a si mesmo”.