“Este reconhecimento é justamente para preservar os estilos do forró sem congelá-los”, defende professor da UFMG e coreógrafo do Sarandeiros, Gustavo Côrtes
Dezembro é um mês especial para o forró e, em 2021, mais do que nunca. No dia 13 foi comemorado o Dia Nacional do Forró. A data, a mesma em que nasceu Luiz Gonzaga, foi escolhida para homenageá-lo, já que ele fez deslanchar o gênero nos anos 1950. Para completar, as matrizes tradicionais do forró foram declaradas Patrimônio Cultural Imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no dia 9 de dezembro. O pedido de reconhecimento foi feito em 2011 pela Associação Cultural Balaio do Nordeste, da Paraíba; a ideia é criar formas de preservar o gênero e suas várias expressões, focando principalmente no forró raiz, tocado basicamente pela sanfona, zabumba e o triângulo.
Desde aquele ano, a manifestação cultural passou pelo processo de pesquisa de campo, no qual o Iphan iniciou o mapeamento dessa tradição. A partir desse estudo, o Forró passou a ser considerado um supergênero, por agrupar vários ritmos, como o baião, o xote, o xaxado, o chamego, o miudinho, a quadrilha e o arrasta-pé, sem falar nas muitas variações que surgiram a partir dos anos 70, como o forró eletrônico, o pé de serra, o forró universitário e a pisadinha.
Quem tratou da temática do forró e seu reconhecimento como Patrimônio Cultural Imaterial, no programa Noite ilustrada, do dia 14 de dezembro, 14, foi o coreógrafo do Grupo Sarandeiros, professor de Educação Física e diretor da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG (EEFFTO), Gustavo Côrtes. O pesquisador abordou a dimensão e a importância do gênero como manifestação cultural ampla e ofereceu perspectiva histórica de seu crescimento no país, destacando o papel preponderante de Luiz Gonzaga. O entrevistado detalhou os diversos significados do forró – que pode designar tanto o ritmo musical, quanto o estilo da dança e até mesmo a própria festividade em que acontece – e ressaltou o significado do título concedido pelo Iphan.
“Este reconhecimento como patrimônio imaterial do Brasil é justamente para preservar os estilos do forró sem congelá-los. É muito importante dizer isso porque nada impede que ele adquira outras formas. Por exemplo, na década de 1990, o forró impulsionado pelo sucesso do Falamansa chega e se transforma em um ritmo universitário, que toma outras caras, mas que principalmente atrai a juventude para conhecer um pouco do que é esse forró arrasta-pé, pé de serra, que é tradicional. O forró universitário faz essa ponte que é extremamente importante. Lá nos anos 2000, vem o forró eletrônico, que traz bandas gigantes. […] Essa é a questão, não é congelar, mas entender seu significado e seu sentido, que tem um valor cultural imenso”, defendeu Gustavo Côrtes.
Ouça a entrevista completa pelo Soundcloud.
A cena do forró em Belo Horizonte foi tema de entrevista no programa Noite ilustrada com o realizador do documentário Para todos, Xande Pires. Ouça a conversa.
Com informações UFMG…
Legenda: Forró passou a ser considerado um supergênero, porque agrupa vários ritmos, como o baião, o xote e o xaxado – Foto: Arnaldo Félix | Prefeitura de Caruaru (PE)