Crise na saúde e na economia: a repercussão dos impactos da onda roxa em Valadares

Metade das macrorregiões do Estado ficará na onda vermelha, enquanto a outra metade segue na onda roxa

Pela quarta vez Governador Valadares e toda a região Leste vai permanecer na onda roxa do Programa Minas Consciente, até a próxima semana. A decisão foi tomada nessa quinta-feira (15/4) pelo Comitê Extraordinário Covid-19, grupo que se reúne semanalmente para avaliar a situação da pandemia no estado.

Indignados, grupos de vendedores ambulantes, camelôs, empresários do ramos de vestuário, calçados, bares, restaurantes e donos de salões de beleza foram até a porta da Câmara Municipal e da Prefeitura nesta manhã para se manifestar novamente, pedindo a flexibilização do comércio. A Associação Comercial e o prefeito André Merlo também se posicionaram contra as restrições.

Comitê Covid-19 aprovou progressão de fase de seis microrregiões, incluindo Belo Horizonte

Na última semana, Minas Gerais registrou aumento de 4,01% no número de casos e 6,81% nos óbitos, o que justifica a progressão de onda apenas nas regiões que apresentaram melhores resultados na incidência da doença e também na ocupação dos leitos. A positividade da covid-19 está em 44% em todo o Estado.

Em Governador Valadares os números da doença ainda são assustadores. Já são 22.219 casos confirmados da doença e 899 mortes, sendo que 118 mortes ainda estão sob investigação – se foram ou não causadas pela covid-19.

Os leitos de UTI no SUS e na rede particular dos hospitais permanecem 100% ocupados. Atualização na manhã desta quinta-feira (15) no Hospital Municipal tem 32 pessoas aguardando a regulação do Governo do Estado, via SUS Fácil-MG, para um leito de UTI Covid.

Novas deliberações do Estado

O Comitê Extraordinário aprovou duas revisões na Deliberação 130, que regulamenta o Minas Consciente. A primeira delas, atendendo a pedido do Ministério Público do Trabalho em conjunto com o Ministério Público de Minas, Ministério Público Federal e Defensoria Pública da União, definiu pela proibição dos jogos de futebol nas macrorregiões que estão na onda roxa. O Governo do Estado deve comunicar sobre as novas mudanças do programa de doações.

A segunda deliberação reforça a proibição de consumo interno nos estabelecimentos comerciais, como lanchonetes e padarias, priorizando o funcionamento interno e a prestação dos serviços na modalidade por entrega de produtos (delivery).

Repercussão

O triste sufoco e as dificuldades enfrentadas pelos empresários e comerciantes valadarenses foram relatados pelo presidente da Associação Comercial e Empresarial de Governador Valadares (ACEGV), Jackson Lemos, que participou de encontro virtual da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nessa quinta-feira (15). “Estamos há mais de um mês com o funcionamento do comércio restrito e descobrimos que o comércio não é o grande vilão, pois o empresário cumpre todos os protocolos sanitários, diferente do que ocorre em reuniões de amigos e festas em chácaras e sítios. Nesse contexto, o que precisamos é o fim dessa medida para o comerciante”, disse.

Jackson opinou sobre “ineficácia” dos resultados da onda roxa

Lemos foi convidado para acompanhar o debate da ALMG sobre a PL 2.442/21, que tem o objetivo inicial de incentivar e facilitar a regularização de dívidas tributárias, direcionando os recursos obtidos para a desoneração fiscal e o financiamento dos setores econômicos mais impactados pela crise econômica decorrente.

O prefeito André Merlo (PSDB) também se pronunciou sobre os impactos que a pandemia tem provocado na saúde e na economia, sobretudo neste mês, e cobrou a efetividade do estado na abertura de leitos e aquisição de medicamentos.

“Gostaríamos de registrar que a saída da onda roxa é uma grande preocupação da nossa região. Somos pró-flexibilização, somos a favor do comércio aberto com restrições, mas estamos em um momento crítico e precisamos de apoio. Queremos ajuda para sair dela o mais rápido possível, e para isso precisamos pontuar umas situações. Em Valadares conseguimos abrir 58 leitos de UTI SUS e hoje isso tudo ainda não está sendo suficiente para atender toda a demanda”, disse André.

O prefeito participou também de uma reunião virtual com o governador Romeu Zema (Novo) e os secretários de Estado da Saúde, Fábio Baccharetti, e de Governo, Igor Eto, nessa quinta (15).

A reunião foi agendada pela deputada estadual Celise Laviola e o deputado federal Hercílio Coelho Diniz. Também participaram o presidente da Assoleste, Romilson Alves, o presidente da Ardoce, Diogo Scarabelli, e o promotor de justiça Randal Bianquini. Durante a reunião, a atual situação de Governador Valadares foi apresentada e o prefeito destacou as principais necessidades da cidade para continuar no combate à pandemia.

“Em Valadares conseguimos abrir 58 leitos de UTI SUS, e hoje isso tudo ainda não está sendo suficiente para atender toda a demanda. Temos 31 pessoas aguardando na fila de UTI em Valadares e até hoje, há mais de 30 dias, só tivemos regulação, que é de responsabilidade do Estado, de oito pacientes para outra cidade, o que ocorreu ontem. A nossa situação está crítica e precisamos de apoio do Estado e da União. Quero pedir que olhem por nós, porque estamos numa situação em que precisamos de medicamentos, recursos financeiros, precisamos também de testes rápidos, mão de obra para UTI COVID, oxigênio, que ainda não tivemos problemas, mas podemos começar a ter, e também o que é muito importante, uma atenção com a vacinação, para quem sabe poder vacinar em massa e diminuir os casos em nossa região”, pede André Merlo.

Dentre os assuntos discutidos estavam o envio urgente de insumos e medicamentos, testes rápidos, recursos para despesas com a covid-19 e agilidade no envio das vacinas

Governador se defende


Sobre a onda roxa, Romeu Zema defendeu que as restrições não têm o propósito de prejudicar ninguém neste momento. “Se vocês olharem no Brasil, Minas foi o Estado que menos adotou medidas rígidas. Acreditamos que, a partir de agora, vamos começar a ter o reflexo desse fechamento do comércio, porque na pandemia os números aparecem mesmo depois de 20 dias. Estamos otimistas que nos próximos dias teremos resultados positivos para a região da macroleste. Quero deixar claro que o que tiver ao nosso alcance será feito. Já temos trabalhado junto com as prefeituras a fim de buscar soluções imediatas. Lamento os setores que estão afetados, como os do turismo, de eventos, que, por força das circunstâncias, estão vivendo uma situação muito difícil. A situação dessa região é crítica e terá toda a atenção do Estado“, garantiu Romeu Zema.

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