GOVERNADOR VALADARES – Certamente o setor de festas e eventos deverá ser um dos últimos da fila quando todas as fases de restrições para combater a disseminação do novo coronavírus passarem. Com a recomendação de distanciamento social, o setor tem enfrentado estagnação, o que pode representar o pior ano de faturamento em duas décadas.
Em Valadares, promotores de festas seguem o decreto municipal, e não veem saída tão cedo para uma flexibilização das restrições. Sem festas, o primeiro semestre do ano foi considerado perdido.
Tudo parado
Com agendas riscadas, os organizadores de recepções de casamento e debut, DJ’s, fotógrafos e músicos alternam entre minimização do prejuízo nos próximos meses e esperança de retomada no fim do segundo semestre.
A última reunião da Prefeitura com os representantes do ramo de festas foi no dia 1 de julho. Uma nota técnica foi expedida pela Secretaria Municipal da Fazenda, através do Departamento de Tributação e Arrecadação, estabelecendo medidas de proteção, prevenção e combate à Covid 19 na relação de eventos de natureza privada, em espaços não abertos ao público.
De acordo com o documento, todos os eventos serão publicados no site da Prefeitura, com número de pessoas, tipo de atividade e horário de funcionamento, não podendo ultrapassar cinco horas de duração.
Os eventos deverão ser protocolados com prazo mínimo de 15 dias de antecedência. Além disso, será de responsabilidade do locador a disponibilização de dispensadores de álcool em gel 70% para a higienização das mãos e cartazes sobre o uso o obrigatório da máscara, dentre outras medidas.
“A gente teve até um certo ânimo com essas exigências, pois algumas festas davam para ser realizadas. Porém, muitos organizadores se sentiram prejudicados e a Prefeitura teve que voltar atrás. Existe no decreto uma possibilidade de organizar eventos para 10 pessoas, com distanciamento de mesas. Mas até hoje não teve nenhuma atualização. Festas com maior número de pessoas mesmo nós não estamos podendo fazer”, comentou a cerimonialista e representante da classe, Vilia Veloso.
Profissionais relatam prejuízos
Insatisfeitos e com dificuldades financeiras, promotores de eventos relatam prejuízos. Alguns não encontraram alternativas a não ser reduzir o número de funcionários. O impacto é diferente para cada tipo de serviço.
O fotógrafo de festas e jogos Juninho Nogueira teme pelo futuro do setor. “Diminuiu bastante. Na parte dos jogos, eu tinha patrocinadores e parceiros. Com a suspensão dos campeonatos, os contratos ficaram engavetados. Na parte de eventos direcionado a festas de casamento eu ganhava cerca de 500 reais por evento, que era normalmente a cada sábado. Como está tudo parado ainda, essa renda eu não tenho mais. É uma situação complicada”, disse.
Sem música não tem festa. O Dj Baleia não sabe ainda se neste ano haverá pista de dança cheia para comandar a festa. O Dj também trabalha no ramo de estruturas para palcos, que não deverão ser montados tão cedo.
“O prejuízo é incalculável. Eu tenho que parar e sentar para calcular. Tenho uma equipe muito grande de pessoas que estão paradas. A impressão que a gente tem é que nosso ramo não existe. Todo dia eu vejo falando que vai sair um financiamento para microempresas, mas para conseguir é uma burocracia. A gente torce para conseguir sobreviver até o fim dessa pandemia. Tá difícil”, disse.
A maioria dos cerimonialistas vive por doze meses com os rendimentos da alta temporada, entre maio e outubro. Uma vez decretadas as medidas de isolamento, todos os casamentos entre março e setembro foram adiados. Mesmo com a maioria das celebrações reagendadas para o fim do segundo semestre, o impacto é grande.
“Meus casamentos de setembro e outubro foram todos adiados. Já os de novembro e dezembro seguem mantidos. Mas não sabemos se irão acontecer. Eu acredito que, assim que normalizar esse pico da doença, haverá uma nova reunião com o prefeito”, comentou Vilia Veloso.
Aluguéis
A preocupação e incertezas sobre o retorno das festas e confraternizações aflige o dono de salão de festas Adimilson. A agenda de aluguéis já estava toda preenchida para 2020 desde janeiro.
“Os aluguéis desses meses que já estavam fixados foram adiados para o ano que vem. Seguimos sem previsão. A gente não pode trabalhar com achismo. Para este ano, sem ordem oficial, a gente não pode assumir compromisso nenhum”, afirmou.