De acordo com a CNC, o varejo mineiro já perdeu R$ 10,03 bilhões; não por acaso, 84,3% dos empresários mineiros defendem a volta integral ou em escala reduzida das atividades empresariais, segundo pesquisa da Fecomércio MG
Experimentar uma roupa, calçar um sapato, procurar um acessório adequado a certa ocasião, ir às compras no shopping, visitar uma loja de eletroeletrônicos. Em pouco mais de dois meses de distanciamento social, tornou-se incomum fazer qualquer uma dessas atividades presencialmente. Mas, se a paralisação de atividades empresariais em virtude do novo coronavírus (Covid-19) garantiu a saúde de milhões de pessoas, ela também corroeu as vendas no comércio.
Entre os dias 15 de março e 2 de maio, o comércio varejista do país acumulou uma perda de R$ 124,7 bilhões. A constatação faz parte de um estudo realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Segundo a entidade, o valor representa uma queda de 56% no faturamento do varejo, em relação ao período anterior à pandemia. O montante também equivale a 128% da receita prevista para o Estado de Minas Gerais neste ano.
De acordo com o estudo da CNC, as perdas semanais no varejo mineiro já chegam a R$ 10,03 bilhões.
Dante da diminuição da receita e do cenário de incertezas, causado pela paralisação de vários segmentos da economia, 84,3% dos empresários de Minas defendem a volta integral ou em escala reduzida das atividades empresariais. É o que aponta a segunda edição do levantamento “Impactos do Covid-19 na cadeia produtiva”, elaborado pela Fecomércio MG.
Na avaliação, realizada em abril, o percentual de empresários que precisou interromper suas atividades em decorrência do vírus atingiu 67%. O resultado atingiu 6,5 pontos percentuais (p.p) acima da expectativa apontada no relatório anterior, divulgado no início do mesmo mês.
Entre esse grupo, a maioria (35,5%) será capaz de manter a operação por mais um mês. Por outro lado, 32,5% das empresas estão funcionando, dado o caráter essencial do bem vendido e/ou serviço prestado ou devido à adoção do regime home-office.
Os resultados refletem a piora da situação das empresas justamente durante o período de intensificação das medidas de isolamento social.
“Em março, 54% das empresas no Estado tiveram perdas em vendas, prestação de serviços e produção superiores a 50%. Já em abril, o índice atingiu 57,3%, mas para perdas acima de 60%. Isso mostra o quanto o consumo tem se deteriorado desde o início da pandemia”, explica o economista-chefe da Fecomércio MG, Guilherme Almeida.
Os reflexos negativos mais comuns citados pelos empresários mineiros foram a queda no volume de vendas, da prestação de serviços e da produção (23,5%); a falta de capital de giro (15,4%); a escassez de dinheiro para o pagamento de compromissos (14,9%); a alteração no fluxo de clientes (13,9%) e a dispensa temporária de funcionários (10,3%).
A inclusão de itens como recursos financeiros e suspensão de contratos são novidades desta edição do levantamento.
O economista-chefe da Fecomércio MG lembra que, por estarem interligados, todos os setores da economia acabam sentindo os impactos da crise.
“As medidas estabelecidas pelos órgãos de saúde para mitigar o avanço do Covid-19 são essenciais, principalmente em função da inexistência de vacina ou remédio. Mas, quando há uma paralisação da atividade empresarial deste porte, a economia inteira desaquece e o risco de desemprego aumenta diante da ociosidade”.