Onda vermelha e restrições no comércio são os principais fatores para o desânimo dos lojistas
A Black Friday é uma data que sempre movimenta o comércio na última semana de novembro, mas Governador Valadares está oficialmente na onda vermelha do programa Minas Consciente, desde o último sábado (21), situação que restringe a atuação de vários setores na cidade. Com esse contexto atual, os lojistas estão céticos sobre conseguir boas vendas na sexta-feira (27), o dia oficial da Black Friday.
Com o comércio que já estava sendo afetado desde o mês de março, início da pandemia, os lojistas esperavam que na Black Friday conseguissem boas vendas, com as promoções que normalmente promovem neste período, mas a expectativa se tornou em provável frustração diante do cenário atual de restrições. O Diário do Rio Doce ouviu alguns lojistas sobre o que esperam da Black Friday.
Anderson Oliveira é gerente de uma loja de calçados e artigos esportivos que fica na rua Peçanha, no Centro. Ele conta que, com certeza, haverá queda nas vendas se for comparado com anos anteriores. “Nós estávamos em uma crescente nas vendas durante a pandemia. Por se tratar de uma loja de artigos esportivos, várias pessoas se conscientizaram da necessidade da prática de esporte e benefício para a saúde. Infelizmente, com a onda vermelha, os clientes às vezes não saem na rua e nem sabem como está o funcionamento das lojas. Ano passado tivemos uma venda muito boa na última semana de novembro, porém, neste ano, a queda deve ser em volta de 30%. O nosso abastecimento de loja tem o fator fornecedor, pois muitos deles ficaram sem matéria-prima e não realizaram as entregas que estavam programadas no primeiro semestre. Por esse motivo, fizemos o abastecimento recente e com expectativa de boas vendas, mas, com a volta da onda vermelha, será uma incógnita daqui pra frente”, disse.
Diretor de uma loja de instrumentos musicais na rua Bárbara Heliodora, no Centro, Eduardo Costa lamenta o momento atual e explica que a situação já estava difícil desde o início da pandemia. De acordo com ele, a expectativa de vendas para a Black Friday é muito baixa. “Com o fechamento da forma como está, a gente entende que isso vai ser prejudicial. As expectativas eram positivas para essa data, mas, com a onda vermelha, posso dizer que se deterioraram bastante. Nosso segmento passou por algumas situações de falta de produtos. Porém, esperando uma alavancagem nas vendas que pegam a Black Friday e se estendem até o Natal, dentro do que foi possível comprar, formamos um estoque. A gente já vem observando em alguns anos que o cliente para de comprar em outubro e dá uma reduzida, esperando chegar fim de novembro e depois o Natal para voltar a comprar. Se nós tratarmos especificamente da Black Friday, a expectativa é zero. Esperávamos que fosse um trampolim para o negócio voltar a andar, tendo um bom número de vendas, mas acredito que isso não vá se confirmar.”
Doralice Villela é sócia-proprietária de duas lojas de acessórios femininos, uma no GV Shopping e outra na rua Peçanha, no Centro. Ela revela que a aposta está sendo nas vendas online durante essa onda vermelha, para tentar alcançar boas vendas. “Realmente, nós fomos muito atingidos pela onda vermelha e com essa restrição do comércio para o atendimento presencial, mas estamos batalhando para conseguir algum êxito em relação à Black Friday. Estamos trabalhando nossas vendas online através do Instagram e fazendo entregas na casa dos clientes. Esperamos ter um resultado positivo, apesar de toda essa situação que está acontecendo. Fizemos recentemente uma grande compra, pensando mesmo na preparação para o fim de ano, especialmente no Natal. Temos alguns produtos específicos que estarão em promoção na Black Friday.”
Filipe Gomes é gerente de uma concessionária de motos localizada na rua Marechal Floriano, no Centro. Mesmo que o segmento em que trabalha seja considerado essencial, ele acredita que será frustrante a Black Friday. “A gente estava com a expectativa muito grande com a Black Friday, até porque o comércio teve uma queda na pandemia. Essa onda vermelha pegou a gente de surpresa. Apesar de o nosso segmento ser serviço essencial e a gente continuar trabalhando, querendo ou não, a onda vermelha nos afeta. A Black Friday já seria um pouco abaixo do que foi em anos anteriores, mas com a onda vermelha piorou um pouco.”
Proprietário de uma loja de bicicletas e periféricos na rua Belo Horizonte, no Centro, Carlos Magno explica que sempre faz uma programação de compras antecipada para conseguir suprir esse período de Black Friday e Natal, mas com as restrições ele acredita que as vendas serão bem abaixo do esperado. “Dentro do atual cenário da pandemia, acredito que as vendas terão uma queda bem significante, até porque o pessoal fica com receio de sair de casa. Então, ficamos na dúvida como será a sexta-feira. A gente faz uma programação antecipada, de quatro a cinco meses antes de chegar essa época, e faz um parâmetro do cenário de vendas e programação de compras, até porque as empresas de que a gente compra não têm o produto para pronta entrega. Essa onda vermelha trará prejuízo para a Black Friday, e não estou crendo que as vendas serão como nos anos anteriores.”