Tal protocolo dá início às funções cerimoniais do julgamento de impeachment, no qual os senadores decidirão se Trump deve ser destituído do cargo
O 3º julgamento de impeachment do Senado de um presidente na história dos Estados Unidos foi iniciado oficialmente na quinta-feira (16) com o juramento do juiz da Suprema Corte, John Roberts, bem como de todos os membros atuais do Senado. Na quinta-feira anterior (9), os 7 gerentes do impeachment da Câmara dos Deputados, que processarão o caso contra o presidente, passaram os artigos da Câmara para o Senado. Tal protocolo dá início às funções cerimoniais do julgamento de impeachment, no qual os senadores decidirão se Trump deve ser destituído do cargo.
O presidente da Câmara de Inteligência, Adam Schiff (D-CA), e principal gerente de impeachment, leu os artigos na Câmara logo após o meio-dia. Depois que Roberts jurou frente aos senadores, cada membro da Câmara dos Deputados assinou o livro de juramentos no plenário do Senado.
O resultado do julgamento ainda não está definido, já que é necessário que 20 senadores republicanos votem contra Trump. Entretanto, isso não significa que o julgamento em si não terá reviravoltas e, potencialmente, algumas surpresas; enquanto o líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, analisa pelas demandas de sua conferência no Senado, pela pressão dos democratas, caprichos de Trump e a conta dele no Twitter.
Já nesta semana, Lev Parnas, indiciado por Rudy Giuliani, alterou a conversa sobre o impeachment. Ele forneceu ao Comitê de Inteligência da Câmara uma evidência de sua atuação, com o apoio de Giuliani, para expulsar a ex-embaixadora dos Estados Unidos na Ucrânia, Marie Yovanovitch, em 2019, e depois pressionar a Ucrânia a investigar a ex-vice-presidente Joe Biden e o filho dele, Hunter Biden.
Além disso, o “Government Accountability Office”, um órgão apartidário e controlador do Congresso, disse na quinta-feira (16) que o governo Trump violou a lei quando reteve a ajuda de segurança da Ucrânia; a qual o Congresso já havia liberado.
Os democratas têm novas evidências no caso de impeachment, mas os republicanos querem ouvi-la? É provável que essa evidência seja incorporada ao caso democrata na Câmara contra o presidente, que eles começarão a apresentar na próxima terça-feira (21), quando o julgamento começar. Os democratas afirmam que Trump reteve a verba para segurança e uma visita à Casa Branca pelo presidente da Ucrânia, enquanto pressionava por uma investigação sobre os Bidens.
Os gerentes de impeachment da Câmara começaram o processo lendo, em voz alta, os dois artigos de impeachment no plenário do Senado. Essa foi a segunda vez que eles levaram os artigos da Câmara ao Senado. Esses gerentes fizeram a mesma caminhada na quarta-feira (15) para notificar o Senado sobre os artigos, em um cerimonial que ocorre no julgamento de impeachment do presidente.
Na próxima terça-feira (21), espera-se que o Senado vote em uma resolução que estabeleça as regras do julgamento e, então, os argumentos serão iniciados. O julgamento começou apenas nesta semana depois que a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, reteve o envio formal dos artigos durante 4 semanas, enquanto os democratas pressionavam os republicanos a concordar em convocar testemunhas e obter novos documentos, para o julgamento.
Ainda na quinta-feira (16), Pelosi disse, em sua coletiva de imprensa semanal, que os republicanos do Senado “têm medo da verdade”, quando perguntada qual era a resposta dela aos republicanos do Senado, que dizem que não deveriam considerar novas evidências, como o material de Parnas, porque ele não estava incluído na investigação da Câmara.
“Eles [republicanos] não querem ver documentos, não querem ouvir testemunhas oculares”, disse Pelosi. “Eles querem ignorar qualquer coisa nova que surgir”.
McConnell rejeitou as demandas democratas, dizendo que a questão das testemunhas deve ser levantada depois que a Câmara e a equipe jurídica do presidente fizerem seus argumentos iniciais. Os republicanos devem aprovar as regras para adiar a questão das testemunhas, sem votos democratas.
Na quinta-feira (16), McConnell criticou Pelosi no Senado por distribuir canetas de lembrança, enquanto assinava os artigos de impeachment no dia anterior.
“Nada diz seriedade e sobriedade como entregar lembranças, como se isso fosse uma assinatura de lei feliz, em vez do processo mais grave de nossa Constituição”, disse ele. (Brazilian Voice).