Empresários pedem flexibilização “mais justa” nas restrições da onda roxa
A extensão da onda roxa em Governador Valadares e demais municípios da região Leste vai afetar negativamente as atividades econômicas. Desde o dia 17 de março, apenas os serviços considerados essenciais estão podendo atender normalmente. Os serviços considerados não essenciais só podem atender via delivery ou balcão até as 20 horas. Com a nova paralisação das atividades, a previsão é de aumento no fechamento definitivo de pequenas empresas e alta no número de desempregados. Em Valadares, empresários pedem socorro para que o governo pelo menos flexibilize as restrições da onda roxa.
A decisão de estender a onda roxa foi tomada pelo governo do estado após reunião semanal do Comitê de Enfrentamento à Covid-19, que acontece sempre às quartas-feiras. Conforme o Comitê, a flexibilização do comércio só irá acontecer quando os indicadores da pandemia diminuírem nos municípios mineiros. Em Governador Valadares, o número de casos só aumenta. Só nessa quarta-feira (7) foram 226 novos casos e 16 mortes confirmadas. As redes privada e pública continuam com 100% dos leitos de UTI Covid ocupados.
As localidades que avançaram para a onda vermelha em Minas Gerais foram a macrorregião do Triângulo Sul e as microrregiões de São Gotardo, Montes Claros, Bocaiúva e Taiobeiras. Caso elas apresentem piora nos números, poderão retornar para a onda roxa novamente.
Novas restrições da onda roxa não agradam setor da economia
Apesar do afrouxamento de algumas medidas restritivas da onda roxa, como o fim do toque de recolher, as deliberações ainda não agradam os comerciantes valadarenses. Uma delas é a proibição temporária da retirada em balcão em todo o comércio não essencial, das 20h às 5 horas, para reduzir a circulação de pessoas no Centro.
Rui Maurício é sócio-proprietário de uma loja de roupas na rua Israel Pinheiro, na região central de Valadares. Ele compreende as medidas mais restritivas, mas ressalta que tão importante como o controle da pandemia são as medidas para ajudar os empresários, que a cada dia acumulam mais prejuízos e demissões.
“Lojistas estão cansados, lutando para manter os poucos empregados que restaram. Acredito que antes da demissão em massa haverá o descumprimento de pagamentos de salários, pois muitas empresas não têm nem como pagar o acerto rescisório e aluguel”, advertiu. Com a crise, Rui teve de demitir mais da metade dos funcionários de sua loja. Segundo ele, essa situação será ainda pior para os pequenos negócios.
O lojista criticou as novas restrições da onda roxa, que não incluíram nenhuma flexibilização no funcionamento do comércio. “Que sejam adotados os mesmos critérios do penúltimo decreto do prefeito, com abertura comercial restrita na cidade”, opina.
No Mercado Municipal, lojistas também sofrem com a meia abertura das portas das lojas e entrega no balcão. De acordo com a lojista Jucireni Fael, mas conhecida como Baiana, com as restrições diminuiu o número de clientes em sua loja. “Como é que pode? Tá morrendo muito mais gente com tudo fechado. Do jeito que está, fica difícil vender com as portas desse jeito. O consumidor não se aproxima da porta da loja como antes, nem sabe se está aberta de verdade. Todo comércio é essencial. Por que não pode funcionar com as portas abertas e atendendo pouca gente, como era no ano passado? O Mercado Municipal está sofrendo demais”, afirmou.
Jucireni conta que demissões serão inevitáveis nas lojas. “Já mandei dois funcionários embora esta semana. O rendimento de um dia é pra pagar as contas de amanhã. Se não tem rendimento, não tem dinheiro no caixa”, concluiu.
A lojista gravou um vídeo para o DRD na porta de sua loja para mostrar como está a situação da mercadoria, que não pode ser exposta do lado de fora, como de costume. Veja:
Leide Ramalho é proprietária de uma pizzaria na rua Marechal Deodoro, região central de Valadares. Ela também criticou a onda roxa e pediu a extensão do horário comercial em todos os segmentos. “São extremamente absurdas, medidas sem eficácia nenhuma. Só vão prejudicar mais o comércio noturno, que foi o primeiro a ser atingido. O desemprego só tem aumentado cada vez mais. Na minha opinião, deveriam ser adotadas as mesmas medidas que deram certo em outras cidades, como tratamento precoce, flexibilização do comércio seguindo todos os protocolos, aumento significativo das linhas de ônibus para evitar aglomeração, extensão do horário comercial para todos os estabelecimentos, inclusive bancos e loterias, controle rígido nos supermercados, onde pessoas acabam de sair testando positivo e febris e vão fazer compras normalmente”, reclama.