MARIANA BRASIL
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) citou a possível suspensão do visto do passaporte do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, durante abertura da reunião ministerial desta terça-feira (26).
A informação de que os vistos do ministro e do ex-presidente do Senado brasileiro Rodrigo Pacheco (PSD-MG) seriam suspensos foi dada pelo empresário Paulo Figueiredo, nos Estados Unidos.
“Queria dizer ao companheiro Lewandowski a minha solidariedade e do governo a você por conta do gesto irresponsável dos Estados Unidos de cassarem seu visto. Na verdade eu acho que eles tão deixando de receber uma personalidade da sua competência e qualidade, eu acho que é vergonhoso para eles e não para você”, declarou Lula.
No entanto, Lewandowski e Pacheco, não receberam comunicado oficial dos americanos sobre o impedimento de entrar no país, até o momento. O governo dos EUA também não confirmou a medida.
Os EUA já aplicou a sanção a vistos contra outros ministros, como Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal) e Alexandre Padilha (Saúde). A medida faz parte de retaliações do país de Donald Trump ao Brasil, que iniciaram a partir do começo do tarifaço.
“Você deve ter orgulho do que que você fez que fez para os caras terem tanto ódio de você, para que chegassem a suspender o visto do nosso ministro da justiça. Essas atitudes são inaceitáveis, não só contra o Lewandowski, mas contra os ministros da suprema corte e qualquer outras personalidades brasileiras”, disse ainda o presidente.
Segundo Paulo Figueiredo, a informação de que o cancelamento dos vistos foi efetivado foi dada por autoridades do governo Donald Trump.
“Enquanto a Polícia Federal vem com indiciamentos inúteis, confirmo que o senador Rodrigo Pacheco, e o ministro Ricardo Lewandowski – e seus familiares – tiveram seus vistos americanos revogados pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos da América”, afirmou Figueiredo em post no X.
Lula usa boné com slogan nacionalista e dá recados contra tarifaço, Eduardo e big techs
Durante reunião ministerial nesta terça-feira (26), o presidente Lula (PT) voltou a passar recados contra o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com críticas ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e à falta de regulamentação das chamadas big techs.
“Ele [Trump] publicou de novo ontem às 21h uma nota dizendo que quem mexer nas big techs dele vai ter consequências”, disse Lula, que faz uso do boné com a mensagem “O Brasil é dos brasileiros”, slogan nacionalista usado pela gestão desde que intensificou o discurso de soberania nacional.
“Disse que as big techs são patrimônios americanos e não quer que ninguém mexa. Isso pode ser verdade para ele, não para nós. Quem quiser entrar nesse 8 milhões de km² tem que prestar conta à nossa Constituição”, declarou.
O presidente também voltou a pedir a cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro pelas articulações em prol do tarifaço, direcionando o pedido à ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), responsável pelo diálogo com o Congresso Nacional.
Lula também voltou a criticar a guerra entre Rússia e Ucrânia e disse acreditar que o fim do conflito se aproxima.
“É um momento de desafio para nós. Todo mundo sabe o que tem acontecido a nível internacional, todo mundo tem acompanhado a questão da guerra da Ucrânia e da Rússia e todo mundo sabe que está para chegar ao final. Putin e Zelenski já sabem o limite dessa guerra, Trump já sabe o limite, então acho que estão aguardando o momento de anunciar o fim da guerras. Acho que a disputa agora é ver quem vai ficar com a dívida da guerra.”
As declarações foram dadas durante abertura da reunião ministerial desta terça, que ocorre sob a expectativa de integrantes de seu governo de um alinhamento do discurso e ações do Palácio do Planalto e orientações sobre as prioridades no Congresso neste ano.
Este é o segundo encontro que reúne todos os ministros da Esplanada, e terá um formato mais curto que a anterior, realizada em janeiro deste ano, que durou cerca de sete horas. Iniciado às 9h, o evento tem a previsão de falas dos ministros Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação Social da Presidência), Gleisi (Secretaria de Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil) e Fernando Haddad (Fazenda).
Segundo um auxiliar do petista, a ideia é que essa seja uma reunião de alinhamento de discursos e ações do governo daqui para frente, e não de apresentação de balanços.
A expectativa é que Lula cobre a seus ministros por entregas de políticas públicas e inauguração de obras, voltando a dizer que este ano é o “ano da colheita” de seu governo.
Desde a última reunião ministerial, feita em janeiro, fatos relevantes para o governo ocorreram, como o tarifaço de Donald Trump sobre os produtos brasileiros, a crise com o Congresso após derrubada de decreto sobre o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e o escândalo de descontos ilegais no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).















