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Cinema oferece sessão azul para crianças autistas e suas famílias

FOTO: Freepik

Se você visitar o cinema em Valadares no último sábado do mês, por volta das 14h, provavelmente encontrará uma diferença em uma das salas de exibição. Para aqueles que não estão familiarizados, é importante saber que a proposta e a experiência são diferentes das sessões convencionais. E, não, a sala de cinema não é literalmente azul!

Nesse tipo de sessão de filmes, as luzes da sala permanecem acesas durante toda a exibição. Sendo assim, não há escuridão como nas sessões regulares, onde a iluminação provém apenas da tela ou de pessoas desatentas mexendo nos celulares. Além disso, o som é mantido em um nível mais baixo, evitando o alto volume típico das salas com tecnologia de som surround, que chegam a fazer até as cadeiras tremerem. Ah, outra coisa importante é que tá liberado você sair e entrar na hora que quiser, ninguém vai se incomodar com você. Se quiser trocar de lugar pode ficar à vontade também, só não vale ‘roubar o lugar do coleguinha’.

Brincadeiras à parte, de começo pode parecer contraditório descrever uma sessão de cinema dessa maneira, especialmente para os amantes de cinema que valorizam a experiência tradicional. Mas acredite: essa proposta tem um bom motivo. Elas são popularmente conhecidas como Sessão Azul e têm o objetivo de criar um ambiente confortável e acolhedor para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A iniciativa já acontece em vários cinemas do país. Em Governador Valadares, por exemplo, esse tipo de sessão é realizado no último sábado do mês desde março deste ano.

Inclusão e conforto para famílias com TEA

Famílias com crianças e adultos no espectro autista enfrentam desafios ao buscar espaços de lazer adequados, que ofereçam inclusão e conforto. Os cinemas, com sua movimentação intensa e estímulos sensoriais, podem se tornar um desafio para muitas pessoas com TEA.

Por isso, a necessidade de espaços adaptados, com ajustes de luminosidade e som, surge como uma demanda importante para proporcionar uma experiência mais agradável e inclusiva. Embora algumas pessoas no espectro possam assistir a uma sessão de cinema sem desconforto, há outras que precisam de condições específicas para aproveitar plenamente a experiência.

“A gente torce o tempo todo para que mais iniciativas como essa aconteçam. Porque cada dia que passa a gente tem mais crianças com TEA, principalmente com evolução do diagnóstico. Então quanto mais iniciativas para poder inserir essas crianças neste contexto, elas poderiam ter uma vida mais próxima da ‘normalidade’. Pelo menos elas vão se sentir mais incluídas”, disse Mirycelle Dornelas, que é psicóloga e mãe do Cadu, de 12 anos, diagnosticado com TEA.

Ir ao cinema pelo menos uma vez por mês faz parte da programação de fim de semana de Mirycelle e Cadu. Segundo a psicóloga, a experiência de estar em uma sala de cinema, sem medo do julgamento das pessoas e vendo seu filho se divertir, é gratificante. “Como mãe, queremos que nossos filhos participem de tudo. Então quando percebemos que há situações em que ele poderia não se encaixar, e de repente ele consegue lidar, participar e gostar, é muito gratificante”.

Essa gratificação também é compartilhada pela gerente do cinema, Aparecida Gonçalves. Ela administra o cinema há mais de 10 anos, mas aos olhos das crianças, carinhosamente é conhecida como “tia”. “Sou apaixonada pelo que faço. Essa iniciativa é muito boa, porque nos permite ter um contato mais próximo com eles. Não é uma separação, mas sim uma aproximação. Nós nos aproximamos, conversamos, e alguns me chamam de tia. A cada mês, quando eles chegam e dizem ‘tia, voltei’, é extremamente gratificante e me emociona a cada sessão”, compartilha Aparecida.

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